O amor

O amor é essa celeste atração das almas e dos mundos, a potência divina que liga os mundos, governa-os e fecunda-os; o amor, é o olhar de Deus!
Não ornamentem com tal nome a ardente paixão que os desejos carnais atiçam. Esta não é senão uma sombra, um grosseiro plágio do amor. Não, o amor é o sentimento superior no qual se fundem e se harmonizam todas as qualidades do coração; é o coroamento das virtudes humanas, doçura, caridade, bondade; é a eclosão na alma de uma força que nos arrasta acima da matéria, para as alturas divinas, une-nos a todos os seres e desperta em nós felicidades íntimas, que deixam bem distantes todas as volúpias terrestres.
Amar, é sentir-se viver em todos e por todos, é consagra-se até o sacrifício, até a morte, por uma causa ou um ser. Se querem saber o que é amar, considerem os grandes vultos da humanidade e, acima de todos, o Cristo, para quem o amor era a moral e toda religião. Não disse ele: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos perseguem..."?
Por essas palavras, o Cristo não exige de nossa parte um afeto que não pode estar no nosso coração, mas sim, a ausência de qualquer ódio, de qualquer espírito de vingança, uma disposição sincera de ajudar, no momento preciso, àqueles que nos aflingem.

Léon Denis

Recurso da bondade

Você se encontra mergulhado no rio da imortalidade, do qual não conseguirá evadir-se, seja qual for o meio de que se utilize.
Seja bondoso para com você mesmo, isto é, trabalhe-se, intimamente, a fim de melhor alcançar o porto da serenidade.
A bondade é um guia de segurança para o seu êxito, na viagem da reencarnação.
Aplique a força da bondade no lar, com aqueles que o conhecem, em cuja cinvivência a saturação se hospedou.
Renove os clichês mentais e a conversação na intimidade doméstica, exteriorizando os recursos da bondade que modificará o clima vingente.
Você pode mudar de companhia e de lugar; todavia, se não processar a transformação íntima através da bondade que jaz latente em você, haverá somente uma fuga para lugar nenhum.
Adote a bondade para com as crianças, que o imitarão, produzindo renovação na sociedade do futuro, na qual se movimentarão.
Atenda com bondade os mais idosos, que dispõem de pouco tempo no corpo e necessitam de estímulos para chegarem, felizes, à meta que lhes está próxima.
Retribua com bondade e estima dos amigos que o cercam.
Ninguém pode permanecer afeiçoando-se, caso não receba de outro a resposta da bondade.
Devolva aos adversários o petardo deles transformado em ação de bondade.
Não há inimizade que suporte por muito tempo a bondade de sua vítima.
Há muita falta de bondade na Terra.
Bondade no pensar, para bem falar e melhor agir.
A bondade é moeda escassa nos depósitos de muitos sentimentos.
Com ela, você vadeará em segurança o rio da imortalidade, pois que lhe dará paciência para compreender a vida e a sua finalidade, ensejando-lhe valor para viver.

Marco Prisco

A quem obedeces?

"E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna sauvação para todos os que lhe obedecem." - Paulo (Hebreus, 5:9)
Toda criatura obedece a alguém ou a alguma coisa.
Ninguém permanece sem objetivo.
A própria rebeldia está submetida às forças corretoras da vida.
O homem obedece a toda hora. Entretanto, se ainda não pôde definir a própria submissão por virtude construtiva, é que, não raro, atende, antes de tudo, aos impulsos baixos da natureza, resistindo ao serviço de autoelevação.
Quase sempre transforma a obediência que o salva em escravidão que o condena. O Senhor estabeleceu as gradações do caminho, instituiu a lei do próprio esforço, na aquisição dos supremos valores da vida, e determinou que o homem lhe aceitasse os desígnios para ser verdadeiramente livre, mas a criatura preferiu atender à sua condição de inferioridade e organizou o cativeiro. O discípulo necessita examinar atentamente o campo em que desenvolve a própria tarefa.
A quem obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, às vaidades humanas ou às opniões alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino?
É justo refletir sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos ensinamentos vivos de Jesus, é que podemos quebrar a escravidão do mundo em favor da libertação eterna.

Emmanuel

Oremos agindo

Vigiai e orai para que não entreis em tentação... Jesus (Marcos, 14:38 )
diante da prova, orar, envidando meios de transformá-la em experiência benéfica.
Diante da penúria, orar, desenvolvendo serviço que a desfaça.
Diante da ignorância, orar, acendendo a luz que lhe dissipe a sombra.
Diante da enfermidade, orar, procurando medicação que lhe afaste os prejuízos.
Diante do desastre, orar, empreendendo ações que lhe anulem os efeitos.
Diante da dificuldade, orar, aproveitando a lição dos obstáculos de modo a evitá-los futuramentes.
diante do sofrimento, orar, construindo caminhos para a devida libertação.
Diante da discórdia, orar, edificando recursos para o estabelecimento da paz.
Orar sempre, mas agir cada vez mais para que se realize melhor.
Disse-nos o Senhor: Vigiai e orai para que não entreis em tentação...e, realmente, acima de tudo vigiam e oram aqueles que ativamente se esforçam para que, em tudo, se faça o bem que nos cabe fazer.

Emmanuel

Expiação: Estímulo de Deus ao progresso

Que o amor único de Deus inspire todas as almas para o bem!

Errar, arrepender-se, expiar, temas da mais alta importância e que a Doutrina Espírita traz à luz, de forma clara e objetiva, para todos aqueles que erram e sofrem e que se arrependem.(...)

Para quele que se arrepender, Deus oferece a bênção da expiação. O indivíduo que expia, que quita o seu erro através de mais trabalho, esse deu a sua contribuição pessoal, primeiro, no sentido de aprender, de ter realmente um sentimento de repulsa, de sofrimento, pelo mal que fez; em seguida, por ele ter esse sentimento, Deus lhe oferece uma oportunidade maior, que é a possibilidade de espiar.

A expiação pode, portanto, ser encarada como um estímulo de Deus para nos fazer progredir de modo acelerado. Quando o homem expia, ele sofre mais e por sofrer mais, é comum sentir-se sozinho. A solidão, por sua vez, produz medo, e o medo gera o sentimento de que a pessoa não terá forças para prosseguir no processo que lhe foi iniciado por Deus.

Então, o ser humano com medo diz que não conseguirá ir adiante, e como criança, pois o somos todos nós ainda, o homem clama: "Meus Deus! Quando foi que pedi esse tipo de situação?"

Deus não se importa com essa atitude do homem, pois que entende como própria do ser ainda infantilizado, e prossegue, sereno, levando a criatura humana a vivenciar as necessidade de se estimular. Deus, normalmente, traz para essas pessoas, nessa hora, uma série de confortos, de consolações, em forma de apoio: é um amigo, é um livro, é o amor, é a paz, para que a criatura tenha condições de continuar no seu processo de aprimoramento...

No final de todas essas lutas, as pessoas responderão com alegria, sorriso nos olhos, cansaço, é verdade, mas com segurança e consciência de ter passado pela prova que é regenerativa. E a criatura dirá, após tudo isso:"Obrigado, meu Deus, obrigado por ter me permitido passar por essa prova, resgatando o meu passado, por essa expiação, talvez, permitindo que eu pudesse quitar o erro cometido anteriormente".(...)


Que Deus e Jesus a todos nós ajudem, abençoem e conduzam, agora e sempre!

Antônio de Aquino

Valorizemos o auxílio que nos chega

Meus irmãos, a Doutrina Espírita nos ensina a valorizar a vida de modo constante. Ela nos faz sentir que a existência é-nos algo de importante; ela nos faz sentir, nos faz compreender que cada dia de trabalho é como se fosse uma nova oportunidade de aprendizado; recorda-nos que as horas perdidas são oportunidades que se foram e que não voltam mais.

Lutemos para que o aprendizado que chega até nós se nos incorpore ao ser e, incorporado, faça com que sejamos mais felizes, coerentes e cumpridores dos nossos deveres. Trabalhemos pelo próprio engrandecimento espiritual, e pelo do próximo também.

Acreditemos no próprio potencial de trabalho e, mais ainda, no papel daqueles espíritos generosos e augustos que tanto se esforçam para nos trazer à Terra na condição de trabalhadores encarnados.

Lembremos que todos os espíritos de escol, através dos séculos, mesmos dos milênios, aprimoram os seus valores, e compreendamos seus esforços, para trazer-nos, a nós os que ainda perlustramos os caminhos da Terra, toda força, todo amparo, toda a determinação, todo o equilíbrio, tudo, enfim, que nos possa facilitar a existência.

Compreendamo, então, o papel do próprio Jesus, que, do alto da sua direção, cria condições para todos os que trabalham, para todos os que elaboram raciocínio, para todos aqueles que vivem a vida como uma forma constante de parendizado.

Compreendamos, dessa forma, a Deus, o grande Pai, em seu amor, em seu ato de criar, e de sustentar a tudo e a todos.

Assim, entederemos, também, as questões que nos foram trazidas para estudo hoje e veremos que, na vida, tudo progride, tudo nos chama, constantemente, a caminhar, tudo nos faz seguir adiante. Não temamos, portanto. Sigamos adiante, criando nós, também, por nossa vez, condições de trabalho onde estiverdes.

Que Deus nos ajude e abenções, agora e sempre!

Muita paz, caros filhos!

Hermann

O dever

O dever é o conjunto das prescrições da lei moral, a regra de conduta do homem nas suas relações com seus semelhantes e com o Universo inteiro. Figura nobre e santa, o dever plana acima da humanidade, inspira os grandes sacrifícios, os puros devotamentos, os belos entusiasmos. Risonho para uns, temível para outros, sempre inflexível, ergue-se diante de nós e nos mostra essa escada do progresso, cujos os degraus se perdem nas alturas incomensuráveis.

O dever não é idêntico para todos. Varia segundo a nossa condição e nosso saber. Quanto mais nos elevamos, mais ele adquire aos nossos olhos grandeza, majestade, extensão. Seu culto, porém, é sempre agradável ao sábio, e a submissão às suas leis é fértil de alegrias íntimas às quais nada pode se igualar.

Por mais obscura que seja a condição do homem, por mais humilde que seja a sua sorte, o dever domina e enobrece a sua vida. Somente ele nos dá essa serenidade de espírito, essa calma interior, mais preciosa do que todos os bens da Terra e que todos nós podemos experimentar até no meio das provações e dos reveses. Não somos senhores para mudar os acontecimentos, e nosso destino seve seguir sua linha rigorosa; mas podemos sempre, mesmo em meio as tormentas, assegurarmos a paz de consciência, o contetamento de nós mesmos, que proporciona o cumprimento do dever.

O sentimento do dever lança raízes profundas em todo espírito elevado que percorre sua estrada sem esforços; por uma tendência natural, resultado dos progressos adquiridos, afasta as coisas vis e orienta para o bem os impulsos do seu ser. O dever torna-se, portanto, uma obrigação de todos os instantes, a condição mesma da existência, uma potência à qual se sente indissoluvelmente ligado, na vida como na morte.

Léon Denis

Expiação

Derreados e vencidos pelas constrições dos sofrimentos excruciantes, parecem abandonados...

Cegos carregando a surdez e silenciados no impedimento da palavra, dão a impressão de condenados...

Paralíticos em deplorável conjuntura, sob o constrangimento de limites que o camartelo do destino impôs, antes que os membros se movimentassem...

Alienados que transitam por paisagens tristes e tormentosas, sem esperanças, em alucinações indizíveis...

Criaturas com distrofias de várias formas e doenças de muitos nomes sob o implacável jugo do sofrimento, como se estivessem esquecidas...

Angústias e distonias, incapacidades e distúrbios, histerilidade e misérias múltiplas, dizimando vítimas inermes que lhes caem nas malhas, em contínuo, espraiando-se entre homens...

Recomeçam na linha da agonia que sofrem, em decorrência da impiedade que impuseram...

Não estão, porém, à mercê do abandono, mas sob a assistência corretiva da Justiça...

Fracassando na prova escolhida, retorna o calceta pela expiação remissora.

O suicida rebelde recomeça com agonia a que se impôs levianamente e de que se desejava liberar...

O homicida covarde retorna sob as dilacerações que produziu na vida que tomou nas mãos criminosas...

Cada agressor, desta ou daquela natureza, todo burlador reiterado da verdade, volve ao palco da ilusão carnal, em condição carcerária para refletir e recuperar, preparando, na masmorra que elaborou para o próprio insulamento, os futuros dias claros de esperança e ação relevante que virão.

Diante deles, os irmãos que expiam, reflete e refaze tuas atitudes, aproveitando o ensejo de que dispões, para a elaboração dos felizes dias porvindouros.

Se expias, agradece a Deus e confia no amanhã.

Como são bem-aventurados os justos e os bons, os piedosos e mansos, os misericordiosos e os pacíficos, também o são aqueles que se recuperam, sob a sujeição divina, sem revoltas nem mágoas, começando desde agora a libertação que anseiam e porque lutam.

Joanna de Ângelis

Aflições

Multiplicam-se as aflições no mundo, agigantando os corações humanos.
Algumas invitam à superação, todas, porém, com finalidae depurativa, para quem lhes suporta a presença.
Nem todos os homens, porém, logram entendê-las, a fim de conduzí-las conforme seria o ideal.
Em razão disso, há aflições que anestesiam os sentimentos, como outras que desarticulam o equilíbrio, levando a alucinações e resultados infelizes...
Os aflitos tropeçam nos campos da ação redentora, e porque tresvariados pelo inconformismo e pela rebeldia, agridem e são agredidos.
Não obstante, as aflições atuais têm as suas nascentes nos atos passados, próximos ou remotos de cada ser e da sociedade em geral, que devem ser reparados.
A oportunidade da aflição é bênção, porque objetiva reeducar e propiciar crescimento a quem lhe recebe a injunção.
Os que, todavia, não lhe aceitam a condição, perdem o ensejo redentor.
Jesus anunciou que são "bem-aventurados os aflitos", não, porém, todos os aflitos, porque somente aqueles que lhe recebem o impulso iluminativo são os que logram alar-se no rumo dos Altos Cimos.
A aflição pode destinar-se ao mister de prova ou de expiação.
A prova avalia, examina, promove.
A expiação trabalha, reeduca, resgata.
A prova não tem, necessariamente, uma causa negativa, porquanto pode também representar um apelo do Espírito para granjear títulos de enobrecimento, depurando-se a pouco e pouco.
A expiação tem a sua gênese no erro, impondo-se como condição fundamental para a quitação de débitos contraídos.
A prova é de escolha pessoal, enquanto a expiação é inevitável e sem consulta prévia.
Bendize as tuas provas e elege a ação do bem como técnica de crescimento para si mesmo.
Agradece as expiações, por mais ásperas se te apresentem, porquanto elas te propiciam a conquista do equilíbrio perdido, auxiliando-te a recompor e a reparar.
Seja qual for o capítulo das aflições em que estagies, reconforta-te com a esperança, na certeza de que, suportando-as bem, amanhã elas te constituirão títulos de luz encaminhados à contabilidade divina, que então te alforriará da condição de precito e devedor, conduzindo-te à plenitude da paz, completamente liberado.

Joanna de Ângelis

A caridade

Em oposição às religiões exclusivas que tomaram como preceito: "Fora da Igreja não há salvação", como se seu ponto de vista puramente humano pudesse decidir a sorte dos seres na vida futura, Allan Kardec coloca essas palavras no frontispício de suas obras: "Fora da caridade, não há salvação". Os espíritos nos ensinam, com efeito, que a caridade é a virtude por excelência; só ela dá a chave dos planos elevados.
"É amar os homens", repetem após o Cristo, que resumira nessas palavras todos os mandamentos da lei moral.
Mas, objetam, os homens não são muito amáveis. Muita maldade incuba-se neles e a caridade é muito difícil de se praticar com relação a eles.
Se o julgar-mos dessa forma, não será porque nos agrada considerar unicamente o lado mau dos seus carcteres, seus defeitos, suas paixões, suas fraquezas, esquecendo com muita frequência de que nós mesmos não estamos isentos, e que, se eles tem necessidade de caridade, teremos menos necessidades de indulgência?
Todavia, o mal não reina sozinho neste mundo. Há no homem também o bem, qualidades, virtudes. Há sobretudo, sofrimentos. Se queremos ser caridosos, e devemos sê-lo, em nosso próprio interesse como no interesse da ordem social, não nos prendamos, nos nossos julgamentos sobre nossos semelhantes, naquilo que pode nos levar à maledicência, à difamação, mas vejamos sobretudo no homem um companheiro de provas, um irmão de armas na luta da vida. Vejamos os males que ele suporta em todas as classes da sociedade, Quem é que não esconde uma chaga no fundo da sua alma? Quem não suporta o peso de desgostos, de amarguras? Se nos colocássemos nesse ponto de vista para considerar o próximo, nossa maledicência tranformase-ia rapidamente em simpatia.

Léon Denis

Deus e nós

Indubitavelmente, Deus, nosso Pai e Criador, fará que a Terra alcance a perfeição, mas é preciso descobrir a parte de trabalho que nos compete, na condição de filhos e criaturas de Deus, no aprimoramento geral, a começar de nós e a refletir-se fora de nós.

Clareando o pensamento exposto, digamos que Deus necessita de nós outros, conquanto não vos constranja o livre-arbítrio à cooperação; e vale notar que, através das operações que nomeamos por "nossos deveres imediatos", é possível saber a que tarefas somos conduzidos.

Detém-te, assim, de quando em quando, para considerar os encargos de que a Previdência Divina te incumbiu, de modo indireto, no quadro das lides cotidianas.

Observa em derredor de ti e reconhecerás onde, como e quando Deus te chama em silêncio a colaborar com ele, seja no desenvolvimento das boas obras, na sustentação da paciência, na intervenção caridosa em assuntos inquietantes para que o mal não interrompa a construção do bem, na palavra iluminativa ou na seara do conhecimento superior, habitualmente ameaçada pelo assalto das trevas.

Sem dúvida, em lugar algum e em tempo algum, nada conseguiremos, na essência, planejar, organizar, conduzir, instituir ou fazer sem Deus; no entanto, em atividade alguma, não nos é lícito olvidar que Deus igualmente espera por nós.

Emmanuel

Tarefas humildes

Anseias, em verdade, pela grande sublimação.

Anotaste a biografia dos paladinos da solidariedade e ambicionas comungar-lhes a experiência.

Choraste, sob forte emoção, ao conhecer-lhes a vida, nos lances mais duros, e quiseras igualmente desprender o coração de todos os laços inferiores.

Recordas Vicente de Paulo, o herói da beneficência, olvidando possibilidades de dominação política, a fim de proteger os necessitados.

Pensas em Florence Nightingale, a mulher admirável que esteve quase um século entre os homens, dedicando-se aos feridos e aos doentes, sem quaisquer intenções subalternas.

Refletes em Damião, o apóstolo que se esqueceu da própria mocidade, para entregar-se ao conforto dos nossos irmãos enfermos de Molokai.

Meditas em Gandhi, o missionário da não-violência, que renunciou a todos os previlégios, a fim de ajudar a libertação do povo.

Sabes que todos os campeões da fraternidade no mundo nunca se acomodaram à expectação improdutiva. Em razão disso, estimarias seguir-lhes, imediatamente, o rastro luminoso; entretanto, trazes ainda a alma presa a pequeninas obrigações que não podes menosprezar... Não te amofines, porém, diante delas.

Todas as dificuldades e todos os dissabores do caminho terrestre são provas e medidas da tua capacidade moral para a Estrada Gloriosa.

Chão relvoso é começo da floresta.

Humanidade é sementeira de angelitude.

Penetremos o bem verdadeiro para o bem verdadeiro penetre em nós.

É indispensável que o espírito aprenda a ser grande nas tarefas humildes, para que saiba ser humilde nas grandes tarefas.

Na relatividade dos conceitos humanos, ninguém, na Terra, pode ser bom para todos; contudo, ninguém existe que não possa iniciar-se, desde já, na virtude, sendo bom para alguém.

Emmanuel

Os obsessores

Com sutileza, a princípio, envolvem a emoção da futura vítima, transferindo para a sua casa mental as idéias estranhas que se fixam e terminam por predominar.

Iniciado o processo vil, apoderam-se das forças psíquicas, diminuindo as resitências e culminando pela dominação total.

Chegando a essa fase, apropiam-se da parte maquinaria orgânica de que se utilizam, impondo-se ao tirocínio mental, que passam, a explorar com impiedade e sofreguidão.

Em outros csos, à semelhança de um dique que se arrebenta, irrompem com mensagens destrutivas ou fanáticas, envolvendo os seus dependentes no turbilhão de paixões pertubadoras em que os afogam de uma vez.

No primeiro caso, a impiedade atormenta os departamentos psíquicos dos seus comparsas, e, no caso imediato, desorgamiza de chofre as resistências, sem qualquer respeito pelo domicílio carnal da reencarnação.

Os obsessores são as almas impenitentes que vigiam as operações humanas e as de natureza espiritual, distorcendo o raciocínio, sob o comando da loucura egocêntrica, que os torna famigerados.

Encontramo-los nos mais variados departamentos do relacionamento social, cultural, científico e filosófico, nas artes e nas religiões(...)

Com muita propriedade, Jesus conclama a criatrura humana encarnada ou desencarnada à vigilância, e Allan Kardec, com muita sabedoria, na área do intercâmbio mediúnico, adverte quanto ao perigo das obsessões.

Os sbsessores são as almas dos homens que viveram na Terra, com prestígio e poder, não se conformando com a transitoriedade carnal que os despiu e expulsou dos tronos e dominações enganosos.

Permanecem vinculados àquelas paixões, gerando, atrevidamente, o combate que pretendem manter contra a Divindade, embora inutilmente.

A obsessão pode dar-se por motivos pessoais - desforço e inveja - gerais - revolta contra os ideais elevados - e de loucura - desespero contra tudo e todos.

Ocorre porque as suas vítimas são endividadas perante a Consciência Cósmica.

o nosso labor estende-se à faixa dos obsessores - nossos irmãos cruéis e infelizes, pelos quais devemos orar, de quem nos devemos compadecer e a respeito de cuja existência deveremos precatarmos com todas as forças do coração, as veras do sentimento e a lucidez da alma - e aos homens encarnados nas áreas das provações redentoras.

João Cléofas

Reencarnação

A alma, depois de residir temporariamente no Espaço, renasce na condição humana,trazendo consigo a herança, boa ou má, do seu passado; renasce criancinha, reaparece na cena terrestre para representar um novo ato do drama da sua vida, pagar as dívidas que contraiu, conquistar novas capacidades que lhe hão de facilitar a ascensão, acelerar a marcha para frente.
A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade. A evolução do ser indica um plano e um fim. Esse fim, que é a perfeição, não pode realizar-se em uma existência só, por mais longa que seja. Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária de sua educação e de seus progressos. É à custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade e se eleva, de degrau a degrau, na Terra primeiramente, e, depois, através das inumeráveis estâncias do céu estelado.
A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um Ser que governe o Universo com justiça.

Léon Denis

Enfermos da alma

...Não são os que gozam saúde que precisam de médico. - Jesus. (Mateus, 9:12)

Aqui e ali encontramos inúmeros doentes que se candidatam ao auxílio da ciência médica, mas em toda parte, igualmente, existem aqueles outros, portadores de moléstia da alma, para os quais há que se fazer o socorro do espírito.



E nem sempre semelhantes necessitados são os viciados e os malfeitores, que se definem de imediato por enfermos de ordem moral, quando aparecem.



Vemos outros muitos para os quais é preciso descobrir o remédio justo e, às vezes, difícil, de vez que se intoxicaram no próprio excesso das atitudes respeitáveis em que desfiguram os sentimentos, tais como sejam:



Os extremistas da corrigenda, tão apaixonados pelos processos punitivos que se pertubam na dureza de coração pela ausência de misericórdia;



Os extremistas da gentileza, tão interessados em agradar que descambam, um dia, para as deficiências da invigilância;



Os extremistas da superioridade, tão agarrados a idéia de altura pessoal que adquirem a cegueira do orgulho;



Os extremistas da independência, tão ciosos da própria emancipação que fogem ao dever, caindo nos desequilíbrios da licenciosidade;



Os extremista da poupança, tão receosos de perder alguns centavos que acabam transformando o dinheiro, instrumento do bem e do progresso, na paralisia da avareza em que se lhes arrasa a alegria de viver.



Há doentes do corpo e doentes da alma.



É forçoso não esquecer isso, porque todos eles são credores de entendimento e bondade, amparo e restauração.



Diante de quem quer que seja, em posição menos digna perante as leis de harmonia que governam a Vida e o Universo, recordemos a palavra do Cristo: não são os que gozam saúde que precisam de médico.



Emmanuel

Deus quer

Deus não quer o meu progresso, porquanto os meus caminhos estão interditados!

- Deus não quer a minha felicidade, já que tudo quanto me diz respeito resulta em insucesso.

- Deus não quer o meu bem-estar, porque somente sofrimentos me chegam!

- Deus não quer minha paz, já que a luta jamais me abandona!

- Deus não quer o meu amor, pois que apenas amargura se me faz companheira!

- Estas e outras exclamações caracterizam a visão incorreta que a criatura tem em relação a Deus, especialmente quando está afetada pela revolta ou pela insatisfação.

No entanto, Deus quer o teu progresso; não aquele que se assenta na desonra e no vício;

Deus quer a tua felicidade; não, porém, feita de ilusão e de triunfo mentiroso, que logo passam;

Deus quer o teu bem-estar; todavia, na estrutura de uma vida íntima saudável, que resulta de uma depuração moral necessária;

Deus quer a tua paz legítima, após acalmados os anseios do coração e regularizados os débitos da consciência;

Deus quer o teu amor, superadas as sombras dos conflitos e as instabilidades da tua emoção.

Triunfo no mundo, é gozo que passa.

Triunfo com Deus, é harmonia que permanece.

Deus quer o melhor para ti, e, porque ainda não sabes alege-lo, proporciona-te os meios para consegui-lo em definitivo, sem margem de o perder.

Joanna de Ângelis

O problema do ser

O primeiro problema que se apresenta ao pensamento é o do próprio pensamento, ou, antes, do ser pensante. É isto, para todos nós, assunto capital, que domina todos os outros e cuja solução nos reconduz às próprias origens da Vida e do Universo.

Qual a natureza da nossa personalidade? Comporta um elemento suscetível de sobreviver à morte? A esta resposta estão afetas todas as apreensões, todas as esperanças da Humanidade.

O problema do ser e o problema da alma fundem-se num só. É a alma que fornece ao homem o seu princípio de vida e movimento. A alma humana é uma vontade livre e soberana, é a unidade consciente que domina todos os atributos, todas as funções, todos os elementos materiais do ser, como a alma divina domina, coordena e liga todas as partes do Universo para harmonizá-las.

A alma é imortal, porque o nada não existe e nenhuma coisa pode ser aniquilada, nenhuma individualidade pode deixar de ser. A dissolução das formas materiais prova simplesmente uma coisa: que a alma é separada do organismo por meio do qual comunicava com o meio terrestre. Não deixa, por esse fato, de prosseguir a sua evolução em novas condições, sob formas mais perfeitas e sem nada perder da sua identidade, de cada vez que ele abandona o seu corpo terrestre, encontra-se novamente na vida do Espaço, unida ao seu corpo espiritual, de que é inseparável, à forma imponderável que para si preparou com os seus pensamentos e obras.

Esse corpo sutil, essa duplicação fluídica existe em nós no estado permanente. Embora invisível, serve, entretanto, de molde ao nosso corpo material. Este não representa, no destino de ser, o papel mais importante. O corpo visível, o corpo físico varia. Formado de acordo com as necessidades da vida terrestre, é temporário e perecível; desagrega-se e disolve-se quando morre. O corpo sutil permanece; preexistindo ao nascimento, sobrevive as decomposições da campa e acompanha a alma nas suas transmigrações.É o modelo, o tipo original, a verdadeira forma humana, à qual vêm incorporar-se temporariamente as moléculas da carne. Essa forma sutil, que se mantém no meio de todas as variações e de todas as correntes materiais, mesmo durante a vida pode separar-se, em certas condições, do corpo carnal, e também agir, aparecer, manifestar-se a distância, como mais adiante veremos, de modo a provar de maneira irrecusável sua existência independente.

Léon Denis

Experiência Religiosa

Deploramos as calamidades de que o materialismo se faz a nascente e insistimos pelo retorno à fé religiosa, para que a responsabilidade seja colocada no lugar que lhe é próprio...

É forçoso reconhecer, no entanto, a inevitabilidade da ação para definir a função.

Contraditório aconselhar uma estrada a seguir noutra.

Toda escola é centro indutivo.

Formam-se engenheiros nas disciplinas em que outros engenheiros se tornaram instrutores.

Fazem-se mecânicos, no trabalho em que outros mecânicos se fizeram exímios.

O invento pede uso, a teoria espera demonstração.

Assim também na experiência religiosa.

Imaginemos se o Cristo, a pretexto de angariar contribuição para as boas obras, houvesse disputado a nomeação de Mateus para exercer as atribuições de chefe do erário, no palácio de Ântipas; se, para garantir o prestígio do Evangelho, passasse a frequentar os corredores do Pretório, com o intuito de atrair as atenções de Pilatos; se, para favorecer a causa da Boa Nova, resolvesse adular os familiares de Anás, oferecendo-lhes passes magnéticos para curar-lhes as enxaquecas; ou se, para preservar-se na grande crise, tivesse provocado um entendimento com essa ou aquela autoridade de Sinédrio, acompanhando-se ao mercado das influências políticas, junto do povo...

Ao invés disso, vemo-o, a cada passo, coerente consigo mesmo.

Amparando os homens sem os escravizar às ilusões...

Esclarecendo sem impor.

Ajudando sem exigir.

Promovendo o bem de todos, sem cogitar do bem de si mesmo.

Indubitavelmente, todos nós lamentamos a incredulidade que lavra a Terra, ressecando corações e ensombrando inteligências.

Urge, porém, compreender que, para abolir a tirania da negação que entenebrece o espírito humano, será necessário viver de acordo com a fé que ensinamos, a fim de que o mundo encontre em nós, primeiramente, o trabalho e a compreensão, a fraternidade e a concórdia que aspiramos a encontrar dentro dele.

Emmanuel

Vida superior

A diferença profunda que existe entre a vida terrestre e a vida do Espaço está no sentido da libertação, de alívio, de liberdade absoluta que desfrutam os Espíritos bons e purificados.

Desde que se rompem os laços materiais, a alma pura desfere o vôo para as altas regiões. Lá, vive uma vida livre, pacífica, intensa, ao pé do qual o passado terrestre lhe parece um sonho doloroso.

Na efusão das ternuras recíprocas, numa vida livre de males, de necessidades físicas, a alma sente multiplicarem-se as suas faculdades, adquirirem uma penetração e uma extensão de que os fenômenos de êxtase nos fazem entrever os velados esplendores.

A linguagem do mundo espiritual é a das imagens e dos símbolos, rápida como o pensamento; é por isso que os nossos guias invisíveis se servem de preferência de representações simbólicas para nos prevenir, no sonho, de um perigo ou de uma desgraça. O éter, fluido brando e luminoso, toma com extrema facilidade as formas que a vontade lhe imprime. Os espíritos comunicam entre si e compreendem-se por processos ao pé dos quais a arte oratória mais consumada, toda a magia da eloquência humana pareceriam apenas um grosseiro balbuciar. As inteligências elevadas percebem e realizam sem esforço as mais maravilhosas concepções da arte e do gênio. Mas, estas concepções não podem ser transmitidas integralmente aos homens. Mesmo nas manifestações medianímicas mais perfeitas, o Espírito superior tem de submeter às leis físicas do nosso mundo e só vagos reflexos ou ecos enfraquecidos das esferas celestes, algumas notas perdidas da grande sinfonia eterna, é que ele pode fazer chegar até nós.

Léon Denis

O estudo da Doutrina

Filhos. o estudo da Doutrina faz adeptos conscientes para a Causa.

Quem se aprofunda no conhecimento da Verdade solidifica a Fé.

Estudai em grupo, permutando impressões sobre os pontos doutrinários em análise, auxiliando os companheiros inexperientes a pensar como o Codificador, no entanto, quanto vos permitam as possibilidades de tempo, efetuai as vossas incursões solitárias nas obras que vos acrescentem luz ao espírito.

Não vos contenteis com apenas ler: estudai e meditai, não olvidando que a Verdade não é propriedade exclusiva de ninguém.

Fácil manifestar a Fé diante daqueles que vos observam os movimentos; difícil é o testemunho da Fé perante o altar da própria consciência, quando as provas da Vida vos conclamam à anônima exemplificação.

O estudo da Doutrina, aliado às atividades do Bem - estudo sistemático e atividades perseverantes -, robustece a crença, tornando-a inexpugnável aos ataques do cepticismo, que engendra o desalento.

Quem assimila o conhecimento não se contenta com o que lhe ensina a teoria: lança-se à aplicação do que já sabe, buscando entesourar o que somente a prática é capaz de transmitir.

Filhos, não vos afastei dos livros da Codificação e das obras que vos mereçam credibilidade. Acautelai-vos contra aqueles que, sutilmente, possam vos arredar da lógica e do bom-senso doutrinários. Livros existem sob o rótulo de espíritas, que tão somente nasceram das mentes superexcitadas de seus autores, veiculando teorias contraditórias e absorvendo o tempo dos leitores que as escolheram sem indicação séria.

Bezerra de Menezes

A vida no espaço e a erraticidade

Enquanto as almas libertas das influências terrestres constituem-se em grupos simpáticos, nos quais todos os membros se amam, se compreendem, vivem numa igualdade perfeita e em profunda felicidade, os espíritos que não puderam vencer suas paixões levam uma vida errante, nômade, que sem ser uma causa de sofrimentos, deixa-os incertos, inquietos. Eis o que se chama erraticidade, e essa é a condição da maioria dos espíritos que viveram na Terra, espíritos nem bons, nem maus, mas fracos e inclinados às coisas materiais.

Encontram-se na erraticidade multidões imensas, sempre à procura de um estado melhor, que lhes foge. Espíritos inumeráveis aí flutuam, indecisos entre o justo e o erro, a sombra e a luz. Outros estão mergulhados no isolamento, na obscuridade, na tristeza ou vão recolhendo daqui e dali um pouco de benevolência e simpatia.

A ignorância, o egoísmo, os defeitos de todo tipo reinam ainda na erraticidade, e a matéria aí exerce sempre sua influência. O bem e o mal acotovelam-se. É, de alguma forma, o vestíbulo dos espaços luminosos, dos mundos melhores. Todos por ali passam, todos permanecem, mas para elevarem-se mais alto.

Léon Denis

Loucura suicida

Motivo algum pode ser levantado para abonar o homem pela destruição do próprio corpo, derrapando no infeliz despenhadeiro do suicídio cruel.

As consequências danosas, que a atitude malsã promove entre os que ficaram na Terra, são adicionadas à economia da sua desdita, porquanto a fuga do corpo não libera ninguém dos compromisso que assumiu, bruscamente interrompidos, mas não liberados.

O suicida, infelizmente, adia, com gravames, a realização dos deveres e dificuldades que lhe cumpre atender.

Ocultando, ante as soberanas leis, o orgulho que o cega, e a rebeldia que o anestesia, o suicida não logra fugir do que se deseja afastar, sofrendo a larga pena de acompanhar e viver os problemas que lhe pareciam insuportáveis.

Ingrato, em relação ao amor de Deus, antecipa o que ocorrerá naturalmente, no tempo oportuno, quando retornará em triunfo, já que ninguém ficará na Terra, sem experimentar a morte do corpo somático.

Educa a mente no bem e disciplina o comportamento moral, jamais oferecendo guarida às idéias suicidas.

Mentes desatreladas da matéria, em regime de ociosidade ou vampirismo, trabalham mediante hipnose persistente, inspirando estados de alienação que culminam no suicídio.

Cultiva o hábito da prece e dá guarida aos pensamentos otimistas, estimulando conversações edificantes com que se desvencilharás dos cipós que asfixiam, levando à auto-destruição.

Trabalha para o bem geral, liberando-te da presunção e do egoísmo, de mãos dadas ao amor fraternal, e o amor fraternal conduzir-te-á com segurança por todos os dias, até o término da tua vilegiatura física.

O que ora te falta, fruirás mais tarde; a dor moral que te espezinha agora, logo mais terá desapercebido; o afeto que se foi além, abandonando-te com ingratidão, encontrarás adiante; a calúnia que padeces, depois será diluída; a enfermidade ultriz, que por enquanto te dilacera, cederá lugar à saúde perfeita, posteriormente; a solidão aparente que te aturdes nestes dias, será sucedida pelas companhias abençoadas, se esperares.(...)

Suicidar-se, jamais!

Nem através da atitude violenta, final, irreversível, nem pelos largos métodos indiretos, elaborados pela insensatez e sustentados pelo materialismo.

Joanna de Ângelis

O estudo espírita

Meus irmãos, à parte as lutas e as dificuldades por que passam todas as instituições espíritas, deixando-se de lado os problemas oriundos do personalismo e antagonismo entre os homens e as inquietações próprias do ser humano e mesmo dos movimentos coletivos, observa-se, pouco a pouco, a pujança da Doutrina Espírita nas instituições, através das condições de trabalho que elas apresentam, para as quais convocam novos trabalhadores e também novas condições de trabalho propriamente dito.

Observamos, dia após dia, as casas espíritas mostrarem um público ávido de conhecimento. Isto prova que a Doutrina Espírita é viva e que as instituições, se o quiserem, também poderão ser vivas, atuantes, operosas.

Os Encontros que o Centro Espírita Léon Denis realiza a cada ano mostram que não há limites para isso. As conveniências pessoais muitas vezes são afastadas para dar lugar ao interesse coletivo.

De outro lado, há o desejo sincero que muitos têm de estudar para compreender; compreender para agir. Outros, por desejarem servir, sabem descobrir, nas horas de estudos, lições de trabalho permanente.

Assim, vamos observando o crescimento do movimento em torno do bem; vamos observando o crescimento das atividades relativas ao estudo. Tudo isso vai resultar no crescimento do entendimento por parte das criaturas das atividades das instituições espíritas.

O crescei e multiplicai-vos do Cristo aplica-se também, nesse momento, a todos.

Estimulados pela própria palavra do Cristo, prossigamos sem desânimo; ao contrário, de ânimo firme e sempre prontos para o trabalho do bem.

Que Deus abençoe e ilumine a todos nós! Que assim seja! Graças a Deus!

Hermann

A lição da espada

"Não cuideis que vim trazer a paz à Terra..." Jesus(Mateus, X:34)

"Não vim trazer a paz, mas a espada" - Disse-nos o Senhor.

E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para estender a sombra e a pertubação.

Valendo-se-lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva quando não se desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou acusando indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e de crueldade.

O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.

A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde estendesse as garras destruidoras.

Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.

Voltada para o seio da Terra, representa a cruz em que Ele mesmo prestou pelo bem de todos.

É por isso que o Seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendam ferir ou guerrear em Seu nome.

A disciplina e a humildade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.

Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia, o perdão espontâneo flui-lhe, incessante, da alma, para somente retribuir bênção por maldição, luz por treva, bem por mal.

Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertê-la na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio "eu", em forma de orgulho e inteperânça, egoísmo e animalidade, consumindo-os ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada suscetível de conduzir-no ao império definitivo da Grande Luz.

Emmanuel

Deus no coração

"Sede felizes segundo as necessidades da humanidade, mas que em vossa felicidade não entre jamais nem um pensamento, nem um ato que possa ofender, ou fazer entristecer a face daqueles que vos amam e dirigem. Deus é amor, e abençoa aqueles que amam sensatamente."(Um espírito protetor. Bourdeaux, 1863, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.XVII, item 10.)

Em tudo o que observamos diante das lutas pelas quais a humanidade vem passando, analisando detidamente os problemas do Mundo, concluímos, com uma certa facilidade, que o homem tem falta de Deus no coração.

A pretexto de vencer no Mundo, com os desejos aliciados por prazeres ou por sugestões de ganho fácil, o homem vai se deixando envolver pelas idéias mais esquisitas, abandonando a sua natureza divina, como se ele vivesse apenas no presente ou ainda como se todos os valores do espírito devessem ficar para trás, dando-se importância tão somente aos valores momentâneos da vida atual.

O homem esquece sua natureza divina; por isso, após algum tempo de luta, ele teme, ele treme, ele foge.

Observamos os suicídio diretos e os indiretos; observamos os embates entre os povos; as contendas pela hegemonia de países ditos desenvolvidos e, ainda, homens com a sua cultura diminuindo outros homens, cujo progresso ainda é incipiente.

Em tudo, temos a razão preponderando sobre o sistema da mente e do coração. Vamos, assim observando, caros irmãos, que a humanidade caminha a passos largos para um processo de autodestruição, e isso por que? Porque o homem se esqueceu de Deus.

Por isso, o crente, o espírita, o trabalhador cristão, de um modo geral, não pode nem deve deixar de lado a idéia de Deus no seu coração e mais, suas atitudes, seus atos, todos os seus comportamentos devem levar em consideração que ele, o homem, está diante de Deus e terá, de tudo, que prestar contas a Deus. O homem deve ter a coragem moral de sentir Deus, pensar em Deus, agir em nome de Deus para o bem de todos nós. Ainda que isso possa parecer fraqueza aos olhos de alguns.

O tempo de hoje, como na época de Jesus, é de desajuste, desencanto, descrença.
Debaixo de muitas dores existem sofrimentos inimagináveis; debaixo de muita alegria também existem esses sofrimentos. Somente a fé em Deus poderá sustentar e equilibrar as grandes camadas dos chamados felizes e infelizes da Terra. Somente a crença em Deus poderá equilibrar esse grave momento pelo qual toda a humanidade passa.

Lutemos, caros irmãos, para que Deus esteja presente em nós, agora e sempre!

Que ele nos ajude e abençoe!

Hermann

A candeia viva

Muitos aprendizes interpretaram semelhantes palavras do Mestre como apelo à pregação sistemática, e desvairaram-se através de veementes discursos em toda parte. Outros admitiram que o Senhor lhes impunha a obrigação de violentar os vizinhos, através da propaganda compulsória da crença, segundo o ponto de vista que lhes é particular.

Em verdade o sermão edificante e o auxílio fraterno são indispensáveis na extensão dos benefícios divinos da fé.

Sem a palavra, é quase impossível a distribuição do conhecimento. Sem o amparo irmão, a fraternidade não se concretizará no mundo.

A assertiva de Jesus, todavia, atinge mais além.

Atentemos para o símbolo da candeia. A claridade na lâmpada consome força ou combustível.

Sem o sacrifício da energia ou do óleo não há luz.

Para nós, aqui, o material de manutenção é a possibilidade, o recurso, a vida.

Nossa existência é a candeia viva.

E um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.

Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos semelhantes.

Ninguém deve amealhar as vantagens da experiência terrestre somente para si. Cada espírito provisoriamente encarnado, no círculo humano, goza de imensas prerrogativas, quanto à difusão do bem, se persevera na observância do Amor Universal.

Prega, pois, as revelações do alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teus lábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas, não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de ti mesmo.

Transforma as tuas energias em bondade e compreensão redentoras para toda gente, gastando, para isso, o óleo de tua boa-vontade, na renúncia e no sacrifício, e a tua vida, em Cristo, passará realmente a brilhar.

Emmanuel

Trabalho, Sobriedade, Continência

O trabalho é uma lei tanto para as humanidades quanto para as sociedades do Espaço. Desde o ser mais rudimentar até os espíritos angélicos que velam pelos destinos dos mundos, cada um faz sua parte no grande concerto universal.

Penoso e grosseiro para os seres inferiores, o trabalho suaviza-se à medida que a vida se depura. Torna-se uma fonte de prazeres para o espírito adiantado, insensível às atrações materiais, exclusivamente ocupado com estudos mais elevados.

É pelo trabalho que o homem doma as forças cegas da Natureza e preserva-se contra a miséria; é através dele que as civilizações se formam, que o bem-estar e a Ciência difundem-se.

O trabalho é a honra e a dignidade do ser humano. O ocioso que aproveita o labor dos outros, sem nada produzir, não passa de um parasita. Estando o homem ocupado pelas suas tarefas, suas paixões se calam. A ociosidade, ao contrário, desencadeia-as, abrindo-lhes um vasto campo de ação.(...)

O trabalho é a comunhão dos seres. Através dele, aproximamo-nos uns dos outros, aprendemos a nos ajudar, a nos unir; daí à fraternidade, é só um passo. A Antiguidade Romana havia desonrado o trabalho fazendo dele o quinhão do escravo. Isso explica sua esterilidade moral, sua corrupção, suas secas e frias doutrinas.

Os tempos atuais têm uma outra concepção da vida. Buscam a plenitude num labor fecundo, regenerador. A filosofia dos espíritos amplia ainda mais essa concepção, indicando-nos na lei do trabalho o princípio de todos os progressos, de todos os aperfeiçoamentos, mostrando-nos a ação dessa lei estendendo-se à universalidade dos seres e dos mundos.

Léon Denis

Em tudo, a misericórdia divina

Muitas vezes, o coração encarnado pergunta como estão os seus afetos que acabaram de passar para o mundo dos espíritos. E as indagações se sucedem, como que desejando uma explicação definitiva para o problema da saudade, para o problema da dor.

No que se refere aos espíritos bons, aqueles que, enquanto encarnados, praticam todo bem que podiam, espontaneamente, diremos que tais almas se encaminha com a paz e tranquilidade, na direção dos seus pousos naturais.

Aqueles, perfazendo a maioria, que passam pela Terra como ondas do mar, que vão e vêm, quase sempre precisam reformular idéias, corrigir impressões, modificar conceitos, melhorar seu padrão espiritual, para poderem alcançar o núcleo a que estão destinados. Muitas vezes, mesmo, essas almas passam por situações difíceis, já que tiveram compromisso agravados, em função de gestos impensados, atitudes descontroladas, palavras ditas com o objteivo de ferir.

Outra vezes, são almas que apenas foram intransigentes, em nada procurando facilitar a vida do seu próximo. Esses espítos muito tem a sofrer e, se não houver um sincero arrependimento da parte deles, passarão por estágios dolorosos e demorados, para que possam atigir o nível de bem de que precisam.

Outros, ainda, são aqueles espíritos que, inferiores, de modo algum se candidatam ao progresso. Neles, o mal é comum e permanente, sendo-lhes preciso dores, sofrimentos e lágrimas. Estagiam obrigatoriamente nas regiões dolorosas, para que aprendam a ver o quanto de mal fizeram.

Em todos os casos, no entanto, há misericórdia de Deus funcionando, há a bondade maior sustentado, há a corrigenda com o objetivo de elevar; em todos nós, há a presença de Deus e a figura de Jesus, como marcas indeléveis nos corações, para que, amparados pelo amor de Deus e pelo Mestre Jesus, todos se sintam como que se encaminhando na direção do progresso e da paz.

Se, de algum modo, alguém tiver saudades de um ente que se encontre na espiritualidade e deseje saber como esse espírito está, indague de sua própria lembrança como ele foi e terá a noção de como ele está. E a esta pergunta adicione-se a noção de misericórdia de Deus e saberá, seguramente, onde cada um está.

E que Jesus nos ajude e abençoe agora e sempre!

Muita paz, caros filhos! Muita paz!

Hermann

Nos dons da pregação

Não te desalentes, na difusão dos nobres princípios cristãos, porque os ouvidos que te recolhem as palavras continuam desatentos.

Se o companheiro que parecia seguro caiu, levanta-o, distendendo as mãos afeiçoadas, e reconforta-o outra vez.

Se o ouvinte partiu, ansioso, para se entregar, inerme, ao erro, considera-lhe a imprevidência, e volta a encorajá-lo na luta contra o mal.

Se o doente, em recuperando a saúde, retornou à posição anterior, distante dos companheiros e dos compromissos morais, esclarece-o, ainda mais, quanto à responsabilidade e ao dever.

Se o acompanhante se apresenta entediado, com evidentes sinais de enfado, renova-lhes as forças na fé pura, e demora-te ajudando.

Se a injúrioa te chega ao coração, desculpa o golpe partido do beneficiado das tuas mãos, e persevera socorrendo.

Se a maldade enrrosca os teus pés no poste da aflição, examina a própria atitude, e permanece amparando.

Se desprezado, não revides com azedume, e esforça-te por ser útil sempre.

Se insultado pelos comensais do teu carinho e dos teus ensinos, esquece qualquer ofensa, e ampara sem mágoas.

O desatento é espírito imaturo.

O perseguidor é instrumento de várias enfermidades.

O zombeteiro ignora-se.

O imprevidente é "criança espiritual".

O mau é náufrago em si mesmo.

No meio de todas as deserções e fracassos, originados na pobreza de forças que te rodeiam, cobra alento novo em Jesus Cristo, estando seguro de que és apenas servidor, em tarefa de auxílio e que todos os resultados a Ele pertencem, como todo bem dEle procede. E, após as fadigas, continuando feliz, descobrirás, nos recessos da alma, a virtude e o amor resplandecentes como luz de Deus a clarear-te por dentro.

Joanna de Ângeles

Em torno da morte

Consideram, os homens, a morte como fantasma apavorante, capaz de aprisionar pela eternidade o espírito humano.

Capitulamos em sofrimentos inauditos diante do corpo querido, emudecido e pálido, distanciando-nos da realidade sob o véu do pranto e da dor inominável. Vertemos para o imo d'alma o veneno do materialismo, concebendo os entes queridos ocultos pela morte, no sorvedouro do nada.

Grande é a missão do Cristianismo arrebatando do túmulo os corações estremecidos e dando-lhes a posição de seres imortais.

Imenso o poder do Consolador, o Cristianismo redivivo que liberta dos grilhões da ignorância a mente humana, apresentado a visão da grandeza universal, iluminada pelo amor de um Pai de infinita bondade.

Hoje, na fonte luminosa do conhecimento maior, consideramos a morte, no espírito divino da libertação, para os caminhos da evolução.

É o fenômeno da morte o renascimento do espírito no plano espiritual.

É a morte o aconchego da família humana nos ninhos luminescentes das estrelas, doando-lhe novos planos de reabilitação ou sublimes programas de ascensão.

Segue o espírito caminhos tão grandiosos que somente àqueles que compreendem a Doutrina salvadora é dado sentir, ainda na Terra, os planos de Deus, para a ventura sem par de suas criaturas.

Quão grande é o amor de nossso Pai, concedendo-nos na fonte da reencarnação os meios de libertação de erros seculares e a correção de nossa insustentável rebeldia.

Compreendendo o amor de nosso Mestre que nos abraça com seu carinho e desvelo incessante, ergamo-nos sob as luzes do Evangelho redentor.

Entendendo o verdadeiro sentido da nossa libertação através da morte, agradeçamos ao Senhor que nos renova as possibilidades para ascendermos, sempre mais, para a vida do infinito.

Deus é Pai amantíssimo, abençoando-nos os pequeninos esforços.

Compreendamos pois, o sentido do fenômeno que nos restringe a vida no plano carnal, para nos espiritualizar e crescer para a vida real, buscando as flores da paz para o coração oprimido.

Espalhemos a Boa Nova em sua grandiosa verdade, apresentando aos homens a generosidade dos céus, quando nos liberta da carne densa e doentia, dos sofrimentos atrozes, das cadeias e compromissos, quase sempre frustados, para realizarmos em novas etapas o crescimento e a aprovação da consciência para Deus.

Bezerra de Menezes

Ficas também com Deus

Não te omitas, trabalha.
Não reclames, coopera.
Não te desculpes, serve.
Não lastime, restaura.
Não censures, socorre.
Não te irrites, espera.
Não duvides, confia.
Não desanimes, segue.
Não revides, perdoa.
Não acuses, esquece,
Deus está sempre em ti.
Fica também com Deus.

Emmanuel

Seguindo à frente

Renova-te e segue adiante, trabalhando e servindo. E à medida que avances, caminho a fora, entre a bênção de compreender e o contentamento de ser útil, perceberás que todos os obstáculos e sombras de ontem se fizeram lições e experiências, enriquecendo-te o coração de segurança e de alegria, para que sigas em paz, no rumo de conquistas imperecíveis, ante o novo amanhecer.

Emmanuel

Renunciar

"E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herderá a vida eterna." Jesus (Mateus; 19:20)

Neste versículo de Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de renunciar aos bens do mundo para alcançar a vida eterna. Há necessidade, proclama o Messias, de abandonar pai e mãe, mulher e irmãos do mundo. No entanto, é necessário esclarecer como renunciar.

Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor ao seu nome.

À primeira vista, o alvitre divino parece contrassenso.

Como olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para santificá-los? Os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto, nos tempos mais antigos. Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do clausto, esquecendo obrigações superiores e inadiáveis.

Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou.

Aos companheiros que abandonaram aparece, glorioso, na ressureição. Não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que o crucificaram oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas.

Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as esperança na Terra conquistando as do Céu.

Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos, ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.

Acaso, não encontras compreensão no lar? Os amigos e irmãos são indiferentes e rudes? Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e somente com semelhante renúncia, alcançarás a vida eterna.

Emmanuel

O homem bom

Conta-se que Jesus, após narrar a Parábola do Bom Samaritano, foi novamente interpelado pelo doutor da lei que, alegando não lhe haver compreendido integralmente a lição, perguntou, sutil:

- Mestre, que farei para ser considerado homem bom?

Evidenciando paciência admirável, o Senhor respondeu:

- Imagina-te vitimado por mudez que te iniba a manifestação do verbo escorreito e pensa quão grato te mostrarias ao companheiro que falasse por ti a palavra encarcerada na boca.

Imagina-te de olhos mortos pela enfermidade irremediável e lembra a alegria da caminhada, ante as mãos que te estendessem ao passo incerto, garantindo-te a segurança.

Imagina-te caído e desfalecente, na via pública, e preliba o teu consolo nos braços que te oferecessem amparo, sem qualquer desrespeito para com os teus sofrimentos.

Imagina-te tocado por moléstia contagiosa e reflete no contentamento que te ilumina o coração, perante a visita do amigo que te fosse levar alguns minutos de solidariedade.

Imagina-te no cárcere, padecendo a incompreensão do mundo, e recorda como te edificaria o gesto de coragem do irmão que te buscasse testemunhar entendimento.

Imagina-te sem pão no lar, arrostando amargura e escassez, e raciocina sobre a felicidade que te apareceria de súbito no amparo daqueles que te levassem leve migalha de auxílio, sem perguntar por teu modo de crer e sem te exigir exames de consciência.

Imagina-te em erro, sob o sarcasmo de muitos, e mentaliza o bálsamo com que te acalmarias, diante da indulgência dos que te desculpassem a falta, alentando-te o recomeço.

Imagina-te fatigado e intemperante e observa quão reconhecido ficarias para com todos os que te ofertassem a oração do silêncio e a frase de simpatia.

Em seguida ao intervalo espontâneo, indagou-lhe o Divino Amigo:

- Em teu parecer, quais teriam sido os homens bons nessas circunstâncias?

- Os que usassem de compreensão e misericódia para comigo - explicou o interlocutor.

- Então - repetiu Jesus com bondade -, segue adiante e faze também o mesmo.

Emmanuel

Deus na natureza

Um livro grandioso, dissemos, está aberto sob nossos olhos, e qualquer observador paciente pode nele ler a palavra do enigma, o segredo da vida eterna.

Nele se vê que uma vontade dispôs a ordem majestosa na qual se agitam todos os destinos, movem-se todas as existências, palpitam todos os espíritos e todos os corações.

Ó alma! prende, primeiramente, a suprema lição que desce dos Espaços sobre as frontes inquietas. O Sol escondeu-se no horizonte; seus últimos clarões de púrpura tingem ainda o céu; uma luz branda indica que, além, um astro velou-se aos nossos olhos. A noite estende acima de nossas cabeças sua cúpula constelada de estrelas. Nosso pensamento se recolhe e busca o segredo das coisas. Voltemo-nos para o Oriente. A Via Láctea desenrola como uma faixa imensa suas miríades de estrelas, tão comprimidas, tão longínquas que parecem formar uma massa contínua. Por toda a parte, à medida que a noite se torna mais negra, outras estrelas aparecem, outras chamas se acendem como lâmpadas suspensas no santuário divino. Através das profundezas insondáveis, esses mundos permutam seus raios prateados; eles nos impressionam à distância e nos falam uma linguagem muda.

Assim, todas as estrelas nos cantam seu poema de vida e de amor, todas nos fazem ouvir uma evocação poderosa do passado ou do porvir. Elas são as "moradas" de nosso Pai, as etapas, as soberbas balizas das estradas do infinito, e nós por aí passaremos, aí viveremos todos para, um dia, entrarmos na luz eterna e divina.

Léon Denis

Atitudes Essenciais

Neste passo do Novo Testamento, encontramos a verdadeira fórmula para o ingresso ao Sublime Discipulado.

"Qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim, não pode ser meu discípulo" - afirma-nos o Mestre.

Duas atitudes fundamentais recomenda-nos o Eterno Benfeitor se nos propomos desfrutar-lhe a intimidade - tomar a cruz redentora de nossos deveres e seguir-lhe os passos.

Muitos acreditam receber nos ombros o madeiro das próprias obrigações, mas fogem ao caminho do Cristo; e muitos pretendem perlustrar o caminho do Cristo, mas recusam o madeiro das obrigações que lhes cabem.

Os primeiro dizem aceitar o sofrimento, todavia, ainda agressivos e desditosos, espalhando desânimo e azedume por onde passam.

Os segundos creem respirar na senda do Cristo, mas abominam a responsabilidade e o serviço aos semelhantes, detendo-se no escárnio e na leviandade, embora saibam interpretar as lições do Evangelho, apregoando-as com arrazoado enternecedor.

Uns se agarram à lamentação e ao aviltamento das horas.

Outros se cristalizam na ironia e na ociosidade, menosprezando os dons da vida.

Não nos esqueçamos, assim, de que é preciso abraçar a cruz das provas indispensáveis à nossa redenção e burilamento, com amor e alegria, marchando no espaço e no tempo, com o verdadeiro espírito cristão de trabalho infatigável no bem, se aspiramos a alcançar a comunhão com o Divino Mestre.

Não vale apenas sofrer. É preciso aproveitar o sofrimento.

Nem basta somente crer e mostrar o roteiro da fé. É imprescindível viver cada dia, segundo a fé salvadora que nos orienta o caminho.

Emmanuel

Lei de Deus - Misericórdia e Justiça

Pela graça infinita de Deus, paz!

Balthazar, pela graça de Deus.

Sempre que pensarmos nas criaturas que tentam, inadivertidamente,enganar o seu próximo; todas as vezes que pensarmos em pessoas que trazem como propósito dizer ou parecer que são alguma coisa que em realidade não são, lembremos da Lei de Deus, que nos fará, a todos, itinerantes do progresso, passar por situações que nos façam penar, sofrer, exatamente como tentarmos fazer com que os outros sofram.

Nesses casos, a Lei, parece-nos, até podemos dizer assim, que se toma inflexível a quem faz sofrer, enganando outras almas com suas atitudes. Estes sofrerão um dia, certamente, a dor de ser enganado.

Aqueles que agem de propósito, com o espírito de lucro, tentando realmente usurpar de alguém os teus bens, principalmente a fé e a confiança em Deus, certamente, também passarão pela pena de dor, a pena de sofrer aquilo que fizeram sofrer um dia.

A Lei de Deus é misericordiosa, mas é justa também.

As vezes, essas almas cometem atos considerados como verdadeiramente cruéis, no campo da fé do próximo, da fé do semelhante, Agem de modo a fazer com que as pessoas percam a crença em Deus. Evidentemente, quem assim o faz age de modo premeditado, e eu repito, nesta hora, a Lei de Deus é inflexível.

Os que estão buscando na Doutrina Espírita o aprendizado para o dia-a-dia, os que estão lutando para crescer espiritualmente, peçamos sempre a Jesus que nos ajude a pensar de modo a corrigirmos ainda nesta ocasião, nesta oportunidade, a própria vida. Há momentos em que o homem deve solicitar a Deus que possa pagar os seus débitos na existência atual, porque assim se furtará, certamente, a dores bem fortes numa existência futura. O reconhecimento do erro já é o caminho para darmos força ao nosso próprio processo de elevação.

Busquemos, pois, em Jesus, busquemos em Deus, primeiramente, o nosso Pai, o equilíbrio para todos os atos de nossa vida. E vencendo, saibamos dizer a nós mesmos:

Soube vencer, soube caminhar na direção do bem. Apesar de ter estado equivocado, estou no caminho certo.

É isto que a Lei de Deus pede de todos nós: que acertemos o nosso passo, para que todas as coisas que fizermos tenham sempre a marca da sinceridade, da correção de hábitos e dos gestos puros em torno do bem.

Graças a Deus, meus irmãos!

Que Deus os leve, a todos, de volta a seus lares!

Muita paz!

Balthazar, pela graça infinita de Deus.

Balthazar

Uniões enfermas

Se te encontras nas tarefas da união conjugal, recorda que ora a execução dos encargos em dupla é a garantia de tua própria sustentação.

Dois associados no condomínio de responsabilidade na mesma construção.

Dois companheiros partilhando um só investimento.

Às vezes, depois dos votos de ternura e fidelidade, quando as promessas se encaminham para as realizações objetivas, os sócios de base da empresa familiar encontram obstáculos pela frente.

Um deles terá adoecido e falta no outro a tolerância necessária.

Surge a irritação e aparece o ressentimento.

Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um deles foge à cooperação.

Surge o cançaso e aparece o desapreço.

Hoje - queixas.

Adiante - desatenções e lágrimas.

Amanhã - rixas.

Adiante ainda - amarguras e acusações recíprocas.

Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a validade do sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto doméstico, eis a união enferma ameaçando ruptura.

Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e afinidades de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros para uniões diferente. E será indispensável muita abnegação para que os chefes da comunhão familiar não venham a desazer, de todo, a união já enferma, partindo no rumo de novos ajustes afetivos.

Entende-se claro que o divórcio é lei humana que vem unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para recomendar, além dessa. Entretanto, se te vês no problema de união enferma e, principalmente se tens crianças a proteger, tanto quanto se te faça possível, mantém o lar que edificaste com as melhores forças do espírito.

Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida Infinita. E, ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde que nos empenhemos a solvê-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do amor.

Emmanuel

Na liça

O ano de 1882 marca, em realidade, o início de seu apostolado. No decorrer desse curso doloroso que o destino lhe impôs, Denis se fecha sobre si mesmo para melhor medir suas forças, em face das duras etapas que deverá percorrer.

Assusta-se por não se sentir em boa forma para travar um tal combate.

Quantos trabalhos a cumprir e quantos obstáculos a vencer!

O materialismo invade, em fortes ondas de maré deletéria, solapando os altos cumes da inteligência. O Positivismo domina na Universidade.

O idealismo é desprezado, o Espiritismo é objeto de chacotas. Os crentes de todas as confissões estão com os ateus, a ridicularizar e, se possível, aniquilar a nova Doutrina. Todavia, Léon Denis, o bom paladino, enfrenta a borrasca. Os companheiros invisíveis estão a seu lado para encorajá-lo na luta.

"Coragem, amigo, disse-lhe Joana, estaremos sempre contigo na vida, para te sustentar e inspirar. Nunca estarás sozinho. Os meios te serão dados, a tempo, para cumprires tua obra".

É 2 de novembro, Dia dos Mortos, do mesmo ano, quando um outro acontecimento de capital importância se produziu em sua vida.

Aquele que, durante meio século, deveria ser seu guia, seu melhor amigo, mais ainda, seu pai espiritual,"Jerônimo de Praga", comunica-se, pela primeira vez, em sessão espírita, no meio de um grupo de operários, num subúrbio de Le Mans, onde Léon Denis estava de passagem.(...)

No mês de março seguinte, o ousado pioneiro espírita recebia de Jerônimo a garantia formal de uma assistência que não deveria faltar um só dia. "Vai, meu filho, no caminho aberto à tua frente; marcharei atrás de ti, para te sustentar." E, como Léon Denis ainda pergunta se seu estado de saúde lhe permitirá estar à altura da tarefa, recebe a seguinte mensagem: "Coragem, a recompensa será mais bela!"

Desde esse dia, o jovem mestre se decidiu pelo caminho de onde não se pode sair, nem retroceder sem risco de uma queda irreparável.

"Em dez anos, deverás começar a luta", lhe haviam anunciado seus guias. O tempo havia chegado.

Sua resolução, porém, está tomada; para o futuro escolheu seu lema:"Sempre mais para o alto!"

Gaston Luce

Imagem no espelho

Não permanecas à espreita, aguardando que as imperfeições alheias se manifestem, com o propósito de confirmar as tuas impressões a respeito desta ou daquela pessoa.

A rigor, tanto no bem quanto no mal, ninguém de que é capaz de fazer, revelando a sua verdadeira identidade.

Acautela-te, portanto, contra o que és, sem que tenhas plena consciência disto, evitando surpreender-te com as própria mazelas.

Por mais se cubra de terra uma semente, chegará o dia em que, vencendo a resistência do solo, ela eclodirá, mostrando a espécie à qual pertence.

Conhece-te melhor, para que as tuas fragilidades, emergindo de inesperado, ainda mais não te comprometam na caminhada.

A não ser para auxiliares, não te preocupes com os outros.

Com o tempo, o verniz sob o qual os homens reciprocamente intentam esconder a personalidade, descorando-se ao sol das lutas inevitáveis, acabará expondo a realidade de cada um.

Não postergues, assim, o confronto contigo mesmo para o Outro Lado da Vida; não aguardes que a morte venha retirar-te a máscara da face e constranger-te a contemplar, refletida no espelho da Verdade, a imagem de tuas deformidades.

Assim como mistério algum do Universo permanecerá insondável para a ciência, que aos poucos terá acesso aos mais intrigantes enigmas da existência, os teus segredos mais íntimos, aquele que encerras no porão da individualidade, transparecerão aos olhos de quem anseias ocultá-los.

Nada haverá de permanecer ignorado para sempre.

Não insistas em conhecer da vida alheia o que não desejas venha a ser conhecido da tua.

Certas pessoas existem que, se soubessem tão bem de si quanto sabem de seus semelhantes, avançariam a passos mais rápidos nas sendas do aperfeiçoamento e não se perderiam nos escuros labirintos da ilusão, pelos quais enveredam inadvertidamente.

Irmão José

Frente ao egoísmo

Enfermidade renitente, que se caracteriza pela morbosidade que produz, o egoísmo permanece no organismo da humanidade ceifando vidas e desarticulando os mais formosos planos do bem, que objetivam o progresso e a dignificação da criatura.

Dissimula-se, astutamente, assumindo posturas que variam da urdidura hiprócrita da fraternidade, ao crime consciente praticado, desde que projetes as necessidades que o estruturam.

Hábil manipulador da palavra, sabe conduzir à agressão com estratégia de lutador que busca a vitória. (...)

É rude, quando ataca, desvelando-se ao impacto das paixões selvagens que esconde.

Arrogante, mascara-se de humilde, não suportando qualquer discrepância. Compete sempre contra os outros, a princípio nas sombras, depois em campo aberto.

É cruel verdugo do homem.

Cuida-te, em relação ao egoísmo.

Analisa-te, e vigia as tuas reais intenções, a fim de não lhe seres vítima. (...)

O que realizes, faze-o bem.

Na luta inglória da competição injustificável a que outros se entregam buscando diminuir-te, não te deixes conduzir pelas suas injunções.(...)

Resguarda-te em paz, procurando entendê-los, e prossegue na ação reta, mesmo que isto pareça "não valer a pena".(...)

A luta que travas, deve ser, inicialmente, contra esse inimigo íntimo, que conheces e deves vencer, de modo a conquistares a paz pessoal.

O indômito egoísmo de Anás, Caifás e Pilatos fê-los perderem-se.

O alucinado egoísmo de Hitler responde pela hecatombe que provocou, a ele próprio consumindo.

A História está repleta de lições a tal respeito, e tu, que buscas conhecer-te, sabes que esse grande adversário, que é o egoísmo, tem que ser incessantemente transformado em amor ao próximo, a serviço do bem geral como meta que não deve ser postergada.

Joanna de Ângelis

No recesso do lar

No Recesso do Lar
Cultiva em ti a delicadeza que desfaz a irritação.

Interioriza a calma e devolve-a, na forma do sorriso brando que traduza compreensão.

Aprende a relaxar, eliminando as ansiedades e o excesso de expectativas em relação aos outros e a ti mesmo.

Aproxima-te, então, dos teus... aprende a senti-los...

Lembra-te que eles guardam e observam...


Eles sentem e se resentem com tuas explosões - essas pequenas tempestades que agridem e invadem, bruscamente, a atmosfera do teu santuário - teu Lar!

Descobre a doçura dentro de ti e deixa que ela embale os minutos de tua convivência em família.

Caminhos de libertação

Ilumina teu campo interior com luz permanente da fé e não te deixes abater pelas lutas do dia-a-dia.

Liberta-te, pois, alma irmã, de tuas inquietações e medita um pouco sobre a infantilidade de certas aspirações.

Medita ainda sobre a puerilidade dos problemas terrenos e a transitoriedade da vida física, bem como sobre a imortalidade de tua alma que tem o infinito por caminho a ser percorrido.

Se assim fizeres, sentirás que a Terra, com seus problemas e sua dores, é apenas um estágio necessário para a aquisição dos valores morais e espirituais que marcarão os degraus de tua evolução.

Passarás, então, a produzir mais para os interesses eternos e a viver menos para os transitórios, descobrindo a solução certa para as questões que hoje te atormentam encontrando, por fim, a paz que almejas.

Aprende a não valorizar tanto as pequenas discussões em torno de pontos de vistas, que, amanhã estarão mudados pelas próprias contigências da vida.

Não te intimides diante de certas agressões que são fruto de almas imaturas, indisciplinadas e infantis.

E para que conserves teu próprio equilíbrio, não te preocupes tanto com as aparências das coisas com as quais te defrontas.

Simplifica teus hábitos, simplifica tua vida em todos os setores, desde o vestuário até à alimentação, porque a libertação do supérfluo nos permite mais tempo para pensar em Deus, trabalhar no Bem e valorizar a nossa estância terrena.

Busca a simplicidade e vive com alegria.

Ouve na intimidade de teu coração a recomendação de Jesus; " Não se pertube o vosso coração! (...)"

Então, a Paz que dele se irradia seguirá contigo...

Icléia

Abençoada parceria

Já há muito, temos dito que a mente não é apenas poderosa usina de força, mas assemelha-se a um computador, registrando, em várias faixas, a "memória" de fatos, gestos, palavras, leituras ou discursos.(...)

O médium habituado a aparentar sentimentos que não possui e falar o que não sente, pode arair, também entidades mistificadoras, muitas vezes, de difícil identificação,constituindo-se em verdadeiro teste para os dirigentes de uma Reunião Mediúnica. Tais entidades usam de línguagem melíflua , apresentam-se com nomes conhecidos e respeitados, trazem graves exortações ou revelações, atraído pela vaidade do médium.

Naturalmente, estamos falando de interferências graves, mais comuns entre os que não se aplicam a estudar seriamente a Doutrina Espírita.

O desejo de saber atrair os espíritos de muito conhecimento, mas com sentimentos menos elevados. Nesses casos, é preciso que o médium direcione o seu desejo de saber para as faixas do "saber iluminado", sem o que, ele correrá o risco de se submeter à interferência de espíritos pseudo-sábios. Isso pode acontecer com os que têm a tendência para apresentar grandes revelações, tornando-se conhecidos ou endeusados. São frutos do orgulho, desastrosos para qualquer um, seja médium ou não.

A mistificação em si tem dois aspectos: a determinação do médium em enganar e a interferência de um espírito que, se fazendo passar por outro, apresenta ensinamentos que não resistem à luz da verdade.

É importante, portanto, que os médiuns de boa vontade, como os que aqui labutam, atentem para estes pontos:

- a importância de estudar para discernir;
- o cumprimento reto de todos os seus deveres no campo espiritual e material;
- atenção para o tipo de alimento espiritual que oferece à sua mente, todos os dias.

Estudai, trabalhai, servi, orai, e as interferências do plano inferior se tornarão cada vez mais raras. E, seguindo este programa, a vossa interferência, se houver, será como pingos de luz, valorizando e completando o trabalho dos espíritos bons que convosco se comunicarem, numa abençoada parceria para a conquista do bem, portanto a Mediunidade nada mais é do que um empréstimo do qual Espíritos e Médiuns se utilizam juntos, visando ao crescimento de ambos, nas tarefas do Amor e da Paz.

Yvonne

Nas trilhas da palavra

Espíritos encarnados e desencarnados, a serviço da evangelização, em nosso próprio benefício, muitas vezes somos arastados ao verbo deturpado ou violento.

Erro comum a nós todos, sempre que desprevenidos de mais ampla visão de conjunto.

Centralizamos a atenção em nódoas d defeitos, faltas e quedas, conferindo-lhes um poder que não possuem ou exagerando-lhes a feição.

E enquanto isso ocorre, perdemos tempo, retardando as edificações espirituais que nos competem, à maneira de operários que furtassem as horas do trabalho em que se engajaram para medir a lama do caminho que o sol há de secar.

Avisemo-nos, tanto quanto possível, contra semelhante impropriedade.

Conversando ou escrevendo, informando ou pregando, imunizemos a nossa área de obrigações, desterrando o mal, seja de nosso pensamento ou de nossa palavra.

Se nos constitui dever de setor identificar a presença de sombra e afstá-la, sempre que a sombra ameace a comunidade, façamos luz sem tumulto contraproducente, mas fujamos de comprometer a obra do Senhor, pisando ou repisando deficiências, chagas, mazelas e infortúnios alheios, convictos de que fomos chamados a falar o que convém, à sã doutrina.

Por Francisco Cândido Chavier

Ternamente

Teu filho é como uma avezinha ainda implume, buscando o calor do teu regaço.

Aconchega-o ternamente, e medita: um dia, no plano do espírito, ele escolheu teu coração como doce abrigo de suas esperanças.

Não lhe negues o reconforto da tua presença. Não o deixes entregue a si mesmo, para que suas esperanças não se transformem em solidão.

Se o vires chorando, recolhe-o em teus braços e indaga-lhe o motivo de seu pranto.

É possível que ele não saiba verbalizar o que sente, mas, se o afagares, pacientemente, se cantares ao seu ouvido e lhe disseres: "Filhinho, estou aqui...", decerto ele se sentirá seguro e confiante.

Muitas vezes, ele só sente medo... Medo do que ainda não conhece, medo de ficar só...

Desde cedo, ensina-lhe o valor da oração. Fala-lhe de Jesus que é a nossa segurança!

Compartilha com ele as horas de alegria, sorrindo, brincando, curtindo ao seu lado esses momentos de felicidade, para que, desde cedo, ele saiba que esses momentos existem e que é bom vivê-los ao lado daqueles que nos amam!

Um dia, também buscaste em regaço...

Se o encontraste acolhedor e um amigo, transfere para teu filho o quinhão de paz que já desfrutaste.

Se ele te foi adverso, recorda o sofrimento que a rejeição te causou, e não a transfiras para teu filho, porque só conseguiremos apagar a nossa dor, quando deixarmos que a água-viva do Amor se esparza através de nossas mãos, suavizando a dor que viceja em torno de nós.

E, debruçando-te, docemente, sobre essa flor de ti nasceu, dize-lhe baixinho:

- Meu filhinho, Deus te abençoe!

Icléia

Ler e Estudar

Ler, sim, e ler sempre, mas saber o que lemos.

Isso é o mesmo que reconhecer o impositivo da alimentação física, na qual, todas as criaturas de bom senso, atendam à seleção necessária.

Ninguém adquire gêneros deteriorados para a formação dos pratos que consome.

Pessoa alguma compra pastéis de lodo para serviço à mesa.

Estudar, sim, e estudar sempre, mas saber o que estudamos.

Isso é o mesmo que reconhecer o impositivo da instrução, na qual todas as criaturas de bom senso atendem ao critério preciso.

Ninguém adquire páginas dissolutas para fortalecer o caráter.

Pessoa alguma compra gravuras pornográficas para conhecer o alfabeto.

O homem filtra a água, efetua os prodígios da assepsia, imuniza produtos do mercado popular e vacina-se contra moléstias contagiosas, no entanto, por mais levante os princípios de controle da imprensa, encontra, a cada passo, reportagens sanguinolentas e livros enfermiços, nos quais o vício e a criminalidade, frequentemente, comparecem disfarçados em belas, semelhando cristais de alto preço, carreando veneno.

Assevera o apóstolo Paulo, em, sua primeira carta aos Tessalonicenses:"examinai tudo e retende o bem."

A sábia sentença, decerto, menciona tudo o que pode e deve ser geralmente anotado, de vez que o meio microbiano, para efeitos científicos, se reserva ao exame de técnicos que, aliás, o fazem, munidos de luva conveniente.

Leiamos e estudemos, sim, quanto nos seja possível, honrando o trabalho dos escritores de pensamento limpo e nobre que nos restaurem forças e nos amparem a vida, mas evitemos as páginas em que a loucura e a delinqüência se estampam, muitas vezes, através de alucinações fraseológicas de superfície deleitosa e brilhante, porquanto, buscar-lhes o convívio equivale a pagar corrosivo mental ou perder tempo.

Emmanuel

Caridade para com os adversários

No fundo, o adversário gratuito, que se converte em perseguidor contumaz e sistemático, amargando tuas horas e anatematizando teus esforços dirigidos para o bem, não deve receber tua reação negativa.

Justo te precatares contra a irritação e a cólera, em relação a ele.

Não poucas vezes sentirás a presença da revolta e dos nervos em desalinho, face a constrição que te é infligida, convertendo-se em duro acicate ao ódio ou pelo menos ao revide. Apesar disso, arma-te de paciência e age com prudência.
O vendaval enrija as fibras do arvoredo, o fogo purifica os metais, a drenagem liberta o lodo, o cinzel aprimora a pedra e a dor acrisola o espírito.

Observado pela má vontade e contundido pela impulsividade dos perseguidores serás convidado, ao exercício da abnegação e da humildade, preciosas virtudes mediante as quais resgatarás dívidas de outra procedência, enquanto eles, a seu turno, despertarão para a responsabilidade depois.

Porque te persigam, não é lícito te convertas em sicário também.

Todos nós encontramos na Terra em exercício de sublimação espiritual.

Embora te sintas arder nas provocações e sofrer pelas injustiças impostas não te cumpre qualquer revide infeliz.

Apazigua as paisagens íntimas e prossegue dedicado aos misteres abraçados.

Enquanto te fiscalizem, acusem, duvidem de ti, utilizarás mais a prudência e a temperança auferindo maior soma de benefícios.

No fragor da perseguição, oferta a tua prece de gratidão em favor dos que se converteram em inimigos gratuitos da tua paz, reservando-te caridade para com eles.

Se insistires desculpando-os, constarás que, não obstante, desconheçam, fazem-se teus mestres ignorados, graças a cuja permanente antipatia ascenderás na direção do Grande Incompreendido da humanidade que prossegue até hoje esperando por todos nós.

Joanna de Ângelis

Vigiai no Senhor

Filhos, ninguém sobre a Terra nunca se vigiará o bastante, nos arrastamentos a que o mal o conclame a cada instante.

Quando o homem se julga fortalecido o suficiente e dispensado de se manter alerta contra as tentações, é que, para ele, há perigo de queda.

Quem se reconhece fragilizado e não descura da vigilância sobre si dificilmente cai.

Os que se consideram auto-suficientes, desprezando os pontos de apoio que lhes garantiu o equilíbrio até onde chegaram, estão na eminência de se precipitarem no abismo de mais amargas desventuras.

O exercício da humildade, com o reconhecimento sincero da própria insignificância, impede que o homem se entregue ao fascínio de si mesmo e se imunize do assédio da obsessão.

Paulo, o Apóstolo dos Gentios, escreveu inspiradamente em uma de suas cartas que, quando se supunha forte, é que verdadeiramente se revelava frágil...

O mal possui raízes profundas na alma dos homens, difíceis de serem extirpadas de modo a que não mais se vitalizem.

Qualquer inclinação infeliz carece de ser vigiada, como o cancerologista vigia o tumor em sua metástases.

Ninguém deve permitir-se oportunidades para que a sua tendência negativa se manifeste; ninguém faça incursões sobre o terreno que, no mundo de si mesmo, não conheça palmo a palmo.

O trabalhjo, sem dúvida, é o mais seguro abrigo para quem esteja com o propósito de refugiar-se, temendo mais a si que aos outros.

Filhos, a vitória definitiva sobre os vossos vícios e costumes degradantes não será alcançada, sem que vos disponhais a derramar muitas lágrimas na residência pacífica e voluntária ao mal em vós mesmos.

A semente não medra em gleba que não lhe seja propícia.

Vigiai os vossos pensamentos, os vossos olhos, os vossos ouvidos, as vossas mãos...

Vigiai no Senhor para que o Senhor vos vigie!

Bezerra de Menezes

Inimizades e a Doutrina Espírita

Quando vemos o homem que se diz crente em Deus não ser capaz de se libertar das amarras do passado, por não conseguir perdoar seus irmãos pelas lutas vivenciadas no mundo físico, percebemos que nele há, ainda, traços de inferioridade, os quais terá que expurgar, cedo ou tarde, pelas próprias atitudes e, principalmente, pelo sentimento de amor, que terá de conquistar e renovar todos os dias.

O homem inferior, por si mesmo, está iludido em suas emoções, direcionando-se para uma vida de paixões, em cujas consequências estará envolto, pelo próprio grau de inferioridade de que é portador, sendo então compreensível que a lei de Deus o coloque, pouco a pouco na posição que lhe é preciso estar. Contudo, o indivíduo que se diz superior, que se mostra aos homens de forma superior, e que tem as possibilidades de ser superior, este, sim, terá cobranças maiores de Deus, pois está amplamente iludido e carreando aos outros, em muitas oasiões e situações, por seus atos e palavras escritas e faladas, o que em seu coração não se passa de verddeiro.

Oh! ilusão humana! Acordai, homens de Deus! Acreditai que em vossas palavras, ditas e escritas, e em vossos, atos, carreais vossos sentimentos para o próximo! Percebei as consequências das atitudes impensadas! Colocai na mente a dignidade e a razão dos justos, de quem cumpre a Lei de Deus!

Assim, quando combatermos os inimigos, que são considerados aqueles que se dizem porta-vozes da verdade, que constroem sentimentos de ódio ou maledicência nos corações dos homens, que criam ou instigam o sentimento de discórdia nas massas humanas, lembremo-nos do quanto já conseguimos conquistar, dentro de nós mesmos, da verdadeira capacidade de enfrentar a realidade prevista e aconselhada nos Evangelhos: a do sentimento do Amor em sua excelência.

Quando buscarmos propagar a palavra cristã, lembremo-nos de nos libertar destes sentimentos milenares do homem, que são a sede de vingança, a maledicência e o rancor, para que possamos, enfim, dizer, intimamente, para Deus, acima de tudo:

Eis me aqui, servo fiel, que solicita tuas bençãos e teu amparo, para a jornada que me aguarda, para que eu possa ser o construtor do meu próprio destino, contudo contigo como o grande Diretor Construtor e Criador do meu espírito imortal!

Que possa eu compreender sempre isso e, acima de tudo,amar como nunca amei; construir como nunca construi; aprender como nunca aprendi! Sendo seu servo, meu senhor, estou aqui para servir por todos os tempos.

Nesse momento, em que nos postamos em humildade a Deus, nos transformaremos em foco divino que irradiará luz e bondade, paz e misericórdia, justiça e amor. Assim, portanto, ensinou-nos Jesus.

Hemann

Ainda o dinheiro

Nunca demais esclarecer esse ou aquele ponto obscuro, em torno do dinheiro.

Moeda é sempre parcela de esforço ou do suor de alguém. Cansaço que se mentalizou para auxiliar ou inquietação que se fez crédito, em louvor do bem coletivo.

Cada pequeno ou grande desgaste da criatura em ação ter-se-á transformado em recurso capaz de colaborar na garantia do corpo social.

Não existe dinheiro desprezível.

Venha de onde vier, pode ser notícia de alguém que tombou na doença ou na morte, a fim de conquistá-lo; sacrifício de irmãos fatigados que obtiveram à custa da fadiga e de lágrimas; fruto de renúncia e pranto de irmãos em desespero ou idéia materializada de amigos que esfoguearam a própria cabeça, buscando atraí-lo para ganhar o pão.

Dinheiro é trabalho concretizado a dissolver-se em aquisições e realizações, apoio humano, prestação de serviço, auxílio e dádiva.

Moeda pode converter-se em prato que alimenta, remédio que alivia, livro que instrui, teto que protege e força que recompõe.

Dinheiro é sangue do organismo social que não se deve afastar da circulação, sob pena de gerar a anemia do progresso e a penúria comunitária.

Por isso mesmo, cabe-nos manejá-lo, quando na Terra, com reverência e altruísmo, sem abusar dele para qualquer atividade deprimente que resgataremos, em qualquer tempo, na lei de causa e efeito, porque o dinheiro em si é suor da criatura humana e bênção de Deus.

Emmanuel

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