Paciência Sempre

Habitualmente, paciência é um artigo que aspiramos a adquirir de exportação alheia, na loja da vida.

Para pesquisar, entretanto, a existência desse talento em nós, urge observar as nossas reações no cotidiano.

Para isso, não é a manifestação menos desejável do próximo que nos favorecerá o estudo preciso e sim o próprio comportamento analisado por nós mesmos.

O chefe que se desmandou em gritaria terá encontrado motivos para agir assim, em vista das aflitivas questões que lhe esfogueiam o pensamento.

O subordinado que aderiu à rebeldia, entrou, possivelmente, em pertubação, induzido pelas constrangedoras necessidades materiais que lhe corroem o mundo íntimo.

O amigo que se aborreceu indebitamente conosco decerto abraçou semelhante procedimento, impulsionado por lamentáveis equívocos.

O adversário que se faz mais azedo, atirando pesadas injúrias, terá descido a crises mortais de ódio, reclamando, por isso, mais ampla dose de compaixão.

O companheiro que nos espanca mentalmente com o relho da cólera se jaz, sem dúvida, ameaçado de colapso nervoso, exigindo o socorro do silêncio e da oração, a fim de não cair em moléstia mais grave. O irmão que abraçou aventuras menos felizes, provavelmente haverá resvalado na sombra de perigosa ação obsessiva, cujos meandros de treva não somos ainda capazes de perceber.

Paciência é tesouro que acumulamos, migalha a migalha de amor e entendimento, perante os outros; para conquistá-lo, no entanto, é forçoso saibamos justificar com sinceridade a irritação e a hostilidade, sempre que surjam naqueles que nos rodeiam.

Em sínttese, se desejamos a própria integração com os ensinamentos do Cristo, é imperioso compreender que todos os irmãos destrambelhados em fadiga ou desfalecentes na prova, ainda incientes quanto às próprias responsabilidades, têm talvez razão de perder o próprio equilíbrio, menos nós.


Autor: Emmanuel
Do livro: Mãos Unidas

Vida, Força, Luz

Sabemos que tudo vibra e irradia no Universo, pois tudo é vida, força, luz. Uma energia infinita, fonte de todos os fenômenos, penetra a Natureza, nos seus menores átomos. Assim também, cada espírito, livre ou encarnado, tem, conforme seu estado de adiantamento e de pureza, uma irradiação cada vez mais intensa, rápida, luminosa.

A lei das atrações e das correspondências rege todas as coisas; as vibrações, atraindo vibrações similares, reaproximam e unem corações, os pensamentos, as almas.

Nossas cobiças, nossos maus desejos, criam em torno de nós uma atmosfera fluídica malsã, favorável à ação das influências de mesma ordem, enquanto que as elevadas aspirações atraem as vibrações podeosas, as irradiações das esferas superiores.

Tal é o princípio da evolução; ele reside no poder do ser de assimilar as forças misteriosas da Natureza, para se elevar, com seu auxílio, e ascender, de degrau em degrau, na direção da causa das causas, na direção da fonte inesgotável de onde provém toda a vida.

A escala ascencional comporta planos sucessivos e superpostos; em cada um deles os seres são dotados do mesmo estado vibratório, de meios de percepção análogos que lhe permitem reconhecerem-se uns aos outros, enquanto permanecem invisíveis, e frequentemente até desconhecidos para eles, os seres dos planos superiores, em consequência de seu estado vibratótio mais rápido e de suas condições de vida mais sutis e mais perfeitas.

É o que acontece com os espíritos, entre si, segundo seus diferentes graus de depuração e com nós mesmos, em relação a eles. Porém, assim como se pode ampliar o campo da visão humana, com o auxílio dos instrumentos de óptica, também se pode aumentar ou diminuir a soma das vibrações, de modo a atingir um estado intermediário onde os modos de existência de dois planos distintos se combinam e entram em relação.


Autor: Léon Denis
Do livro: No Invisível

A Prática do Bem

No campo da caridade, procuremos constantemente fazer o donativo do coração.

Quantas vezes nos esquecemos do sentimento na hora de doar!

Entre os espíritas, é comum o movimento inicial de convivência com valores do Evangelho. E nesta convivência, procuramos fazer tudo de modo correto, com a alegria própria de quem dá sem esperar retorno e também procuramos fazer, através do desenvolvimento das próprias forças, o que existe de melhor para aqueles que consideramos como necessitados.

Decorrido algum tempo, envolvemo-nos com múltiplas tarefas e parece que nosso coração se estiola. Depois disso, também é comum fazermos as tarefas com um tanto de automatismo, de modo que começamos a trabalhar sem o carinho, sem o carisma, sem a vontade de servir, exatamente como Jesus não nos ensinou(...)

A que devemos isso? Ao cansaço? À falta contínua de recursos, que torna, às vezes, prisioneiros de uma série de comportamentos, para angariarmos novas fontes de renda? Será que nós mesmos não nos deixamos envolver pela ausência de sentimentos?

Somos de opinião que a criatura humana precisa continuamente desenvolver os melhores recursos para ajudar o próximo. Nosso sentimento se altera; se transforma às vezes, fica cansado, dorido, também. O que o homem precisa fazer é motivar o próprio sentimento, de modo que a alegria de servir seja contínua, perene.

Quando nós aprendemos a desenvolver os valores, quando, pelo esforço maior, fazemos uma tarefa voltada para servir ao próximo, realmente vamos aprendendo a mergulhar primeiramente na nossa mente, depois no nosso serviço e culminando com a tarefa de ajudar.

Assim, melhorar a mente, aprimorar os serviços e a tarefa de ajudar representam esforços contínuos que nos fazem corrigir a própria maneira de ser, o hábito de ajudar o próximo.

Que Deus nos ajude!

Que Deus nos ensine a caminhar dentro do bem, e que nós, os grandes interessados em acompanhar o progresso dos seres, aprendamos a lição de cada dia, com o esforço para servir de modo melhor e nunca desencontrarmos com aquilo que se chama a prática do bem!

Que essa prática no bem possa sustentar nosso espírito nas tarefas que temos por realizar!

Que Deus nos ajude, a todos nós proteja, ampare e conduza!


Autor: Balthazar
Do livro: Pela Graça Infinita de Deus, vol. 1

A Floresta

Tudo, na floresta, é encantamento, seja na primavera, quando as seivas poderosas enchem suas mil artérias e quando os jovens rebentos enverdecem à porfia, seja no outono, quando a decora com tintas ardentes, de cores prestigiosas, seja até mesmo quando o inverno a transforma num mágico palácio de cristal, quando as ramagens escuras vergam-se sob a neve ou se transformam em pingentes de diamantes, modificando cada pinheiro em árvores de Natal.

A floresta não é somente um maravilhoso espetáculo; é ainda um ensinamento perpétuo. Incessantemente, ela nos fala das regras fortes, dos princípios augustos que regem toda vida e presidem à renovação dos seres e das estações. Aos tumultuosos, aos agitados, ela oferece seus refúgios profundos, propícios à reflexão. Aos impacientes, ávidos de gozo, ela diz que nada é durável senão aquilo que custa trabalho e tempo para germinar, para sair da sombra e subir na direção do céu, Aos violentos, aos impulsivos, ela opõe a visão de sua lenta evolução. Derrama a calma nas almas enfebrecidas. Simpática às alegrias, compassiva com dores humanas, ela pensa os corações machucados, consola, repousa, comunica a todos as forças obscuras, as energias escondidas no seu seio. (...)

Assim, a Natureza nos mostra em tudo a beleza da vida, o preço do esforço paciente e corajoso e a imagem de nossos destinos sem fim. Ela nos diz que tudo está no seu lugar no Universo; mas, também, que tudo evolui, se transforma, almas e coisas. A morte é apenas aparente; aos mornos invernos sucedem as renovações primaveris, cheias de seivas e de promessas. A lei de nossa existência não é diferente daquela das estações. Após os dias ensolarados do verão, vem o inverno da velhice, e, com ele, a esperança dos renascimentos e de uma nova juventude. A Natureza, como nós, ama e sofre. Por toda a parte, sob a onda de amor que transborda no Universo, encontra-se a corrente da dor, mas esta é salutar, já que afinando a sensibilidade do ser, nele desperta qualidades latentes de emoção, de ternura, e lhe proporciona, assim, um acréscimo de vida.

Autor: Léon Denis
Do livro: O Grande Enigma

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