A Floresta

Tudo, na floresta, é encantamento, seja na primavera, quando as seivas poderosas enchem suas mil artérias e quando os jovens rebentos enverdecem à porfia, seja no outono, quando a decora com tintas ardentes, de cores prestigiosas, seja até mesmo quando o inverno a transforma num mágico palácio de cristal, quando as ramagens escuras vergam-se sob a neve ou se transformam em pingentes de diamantes, modificando cada pinheiro em árvores de Natal.

A floresta não é somente um maravilhoso espetáculo; é ainda um ensinamento perpétuo. Incessantemente, ela nos fala das regras fortes, dos princípios augustos que regem toda vida e presidem à renovação dos seres e das estações. Aos tumultuosos, aos agitados, ela oferece seus refúgios profundos, propícios à reflexão. Aos impacientes, ávidos de gozo, ela diz que nada é durável senão aquilo que custa trabalho e tempo para germinar, para sair da sombra e subir na direção do céu, Aos violentos, aos impulsivos, ela opõe a visão de sua lenta evolução. Derrama a calma nas almas enfebrecidas. Simpática às alegrias, compassiva com dores humanas, ela pensa os corações machucados, consola, repousa, comunica a todos as forças obscuras, as energias escondidas no seu seio. (...)

Assim, a Natureza nos mostra em tudo a beleza da vida, o preço do esforço paciente e corajoso e a imagem de nossos destinos sem fim. Ela nos diz que tudo está no seu lugar no Universo; mas, também, que tudo evolui, se transforma, almas e coisas. A morte é apenas aparente; aos mornos invernos sucedem as renovações primaveris, cheias de seivas e de promessas. A lei de nossa existência não é diferente daquela das estações. Após os dias ensolarados do verão, vem o inverno da velhice, e, com ele, a esperança dos renascimentos e de uma nova juventude. A Natureza, como nós, ama e sofre. Por toda a parte, sob a onda de amor que transborda no Universo, encontra-se a corrente da dor, mas esta é salutar, já que afinando a sensibilidade do ser, nele desperta qualidades latentes de emoção, de ternura, e lhe proporciona, assim, um acréscimo de vida.

Autor: Léon Denis
Do livro: O Grande Enigma

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