Na esfera do Cristo



Na esfera do Cristo
Não foi fácil a tua decisão!

No momento singular da definição, tinhas percorrido as múltiplas vias do discernimento, pautando a escolha no mais elevado critério de seleção.

Examinaste, paulatinamente, as avenidas largas do conforto, onde se exibem os modelos da ilusão, vestindo indumentárias do prazer, convidativas, agradáveis.

Perlustraste as veredas longas e ajardinadas do encantamento e te deixaste ficar um pouco à sombra do arvoredo, contemplando as águas da fonte canora que seduzem muitos, e ali, por distração, gastam tempo e oportunidade.(...) 

Não te foi fácil escolher!...



Agora que penetras na esfera do Cristo, onde solidão e renúncia são bastões de segurança, não voltes atrás para justificar nem esclarecer ou prestar contas da atitude santificante que é o começo da tua redenção.(...)

Tranquiliza-te, porém, se a fé te comove a alma e coroa teus olhos de estrelas liquefeitas, quando oras, quais rios de amor sulcando o país da alma, onde a semente de vida transformará toda uma seara inteira. Asserena-te e compreende esses amigos que não puderam seguir contigo ao se bifurcarem os caminhos e chegar a hora de escolher. Eles não te podem compreender a descida ao vale para socorrer em nome de Jesus. Do contrário viriam contigo. São cristãos que ainda estão sem Cristo, e à procura do Cristo... 

Não foi fácil à Maria, a arrependida de Magdala, trocar a vida festiva, onde vivia os prazeres, pelas praias ensolaradas e sem conforto onde mergulhou as mãos no corpo pútrido da dor que aguardava compaixão e caridade. Nem foi rápida a decisão de quantos ouviram o recado evangélico, abandonando hábitos e comodidades para seguir a trilha estreita do Pegureiro da Esperança, que calcou sob os pés acúleos e cardos até o Gólgota do testemunho sublime. 

Cheia de angústia foi a decisão de Simão, ao permutar as tarrafas móveis e frágeis que agitava com celeridade e altivez pela imensa rede em que se iria apoiar a Humanidade sofredora do futuro, que seus braços segurariam, amparados por Jesus. 

Nicodemos também escutou o chamado, mas não se pôde decidir.(...) 

E incontáveis criaturas que Lhe receberam o beneplácito das mãos, o concurso consolador da palavra, o elixir santificante da ternura, não assumiram a decisão de segui-Lo. 

Segue tu, espírito intimorato de conduta intemerata, a trilha que a consciência te aponta, fazendo-te resgatar o passado delituoso que volta, esse meirinho pontual que sabe a porta em que bater e buscar. 

Quando as tuas mãos se abrirem em rosas de chagas vivas, a saudade dos que seguiram a outra rota te alancear o imo e a lembrança das fatuidades te chegarem ao coração, não te detenhas a cismar em remorso; mergulha, precípite, na oração lenificadora e refaze o ânimo para prosseguir na esfera do Cristo até a tua plena e perfeita integração com Ele, porque, em verdade, ainda hoje, apesar de “muitos chamados, somente poucos são escolhidos”, após a difícil decisão. 



Autor: Joanna de Ângelis
Do Livro: Lampadário Espírita

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