Para apreciar os bens e os males da existência, para saber o que são a felicidade e a infelicidade verdadeiras, é preciso elevar-se acima do círculo estreito da vida terrestre. O conhecimento da vida futura, da sorte que aí nos espera, permite-nos medir as consequências dos nossos atos e sua influência sobre nosso futuro.
Encarada sob esse ponto de vista, a infelicidade para o ser humano não será mais o sofrimento, a perda dos seus, as privações, a miséria; não, será tudo o que o enlameia, amesquinha-o ou causa obstáculo ao seu adiantamento. A infelicidade, para aquele que considera apenas o presente, pode ser a pobreza, as enfermidades, a doença. Para o espírito que plana nas alturas, será a paixão pelo prazer, o orgulho, a vida inútil e culpada. Não se pode julgar uma coisa sem ver tudo o que daí decorre, e é por isso que ninguém compreenderá a vida, se não lhe conhecer nem o objetivo nem as leis.