Papel dos Médiuns


Papel dos Médiuns
Nada de grande se adquire sem esforço. Uma lenta e laboriosa iniciação é imposta àqueles que procuram os bens superiores. Como todas as coisas, a formação e o exercício da mediunidade encontram dificuldades já assinaladas muitas vezes; parece-nos necessário aí retornar e insistir, afim de colocar os médiuns sem guarda contra as falsas interpretações, contra as causas de erro e de desencorajamento.

Logo que as faculdades do sujet, secundadas por um trabalho preparatório, começam a dar resultados, é quase sempre por meio de relações estabelecidas com os elementos inferiores do mundo invisível.

Uma multidão de espíritos nos cerca, sempre ávidos de se comunicarem com os humanos. Essa multidão é, sobretudo, composta de almas pouco adiantadas, de espíritos levianos, às vezes maus, que a densidade de seus fluidos retém acorrentados ao nosso mundo. As inteligências elevadas, de fluidos sutis, de aspirações puras, não permanecem confinadas na nossa atmosfera após a separação carnal. Elas sobem mais alto, em direção aos meios que seu grau de adiantamento lhes assinala. Frequentemente, elas descem novamente, é verdade, para velar sobre os seres amados; misturam-se a nós, mas apenas para um fi m útil e em casos importantes. 


Daí resulta que os iniciantes apenas recolhem comunicações sem valor, respostas jocosas, triviais, às vezes 
inconvenientes, que os desagradam e os desencorajam.

Em outros casos, o médium inexperiente recebe, através da mesa ou do lápis, mensagens assinadas com nomes célebres, que encerram revelações apócrifas, que captam sua confiança e o enchem de entusiasmo. O inspirador invisível, conhecendo seus lados fracos, lisonjeia seu amor- próprio e suas visões, superexcita sua vaidade cobrindo- o de elogios e prometendo-lhe maravilhas. Ele o desvia, pouco a pouco, de qualquer outra influência, de qualquer controle esclarecido, e o leva a se isolar nos seus trabalhos. É o início de uma obsessão, de um monopólio que pode conduzir o médium a resultados deploráveis.

Esses escolhos foram assinalados desde o início do Espiritismo por Allan Kardec; todavia, vemos ainda, todos os dias, médiuns se deixarem arrastar pelas sugestões dos espíritos enganadores e se tornarem vítimas de mistificações que os tornam ridículos e recaem sobre a causa que acreditam servir.

Muitas decepções e dissabores seriam evitados, se compreendêssemos que a mediunidade atravessa fases 
sucessivas e que, no seu primeiro período de desenvolvimento, o médium é sobretudo assistido por espíritos de ordem inferior, cujos fluidos, ainda impregnados de matéria, melhor se adaptam aos seus e são apropriados a esse trabalho de esboço, mais ou menos prolongado, ao qual qualquer faculdade está submetida.

Só mais tarde, quando a faculdade medianímica estiver sufi cientemente desenvolvida, flexível, o instrumento tornado maleável, é que os espíritos elevados podem intervir e utilizá-lo para um objetivo intelectual e moral. 



Autor: Léon Denis
Do Livro: No Invisível

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