Aparições


Aparições
Aparições
O perispírito é invisível para nós no seu estado normal, mas, como é formado de matéria etérea, o espírito pode, em certos casos, por um ato da sua vontade, fazê-lo sofrer uma modificação molecular que o torne momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, que, como os outros fenômenos, não estão fora das leis da Natureza. Esse fenômeno não é mais extraordinário que o que ocorre com o vapor, que é invisível quando está muito rarefeito e torna-se visível quando está condensado.

Conforme o grau de condensação do fluido perispiritual, a aparição, às vezes, é vaga e vaporosa; outras vezes é mais nitidamente definida; outras, enfim, têm todas as aparências da matéria tangível. Pode, mesmo, chegar até à tangibilidade real, a ponto de o observador se enganar sobre a natureza do ser que tem diante de si.


As aparições vaporosas são frequentes, sendo a forma pela qual muitos indivíduos se apresentam às pessoas que têm afeição, depois de terem morrido. As aparições tangíveis são mais raras, embora existam numerosíssimos casos perfeitamente autênticos. Se o espírito deseja ser reconhecido, ele dá ao seu envoltório todas as características que possuía quando estava vivo.

Deve-se observar que as aparições tangíveis só têm as aparências da matéria carnal, não podendo ter as suas qualidades. Em virtude da sua natureza fluídica, não podem ter a coesão da matéria, porque, na realidade, elas não são de carne. Formam-se instantaneamente e desaparecem da mesma forma, ou se evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas. Os seres que se apresentam nessas condições não nascem nem morrem como os outros homens. São vistos e deixam de ser vistos, sem que se saiba de onde vêm, como vieram e nem para onde vão. Ninguém poderia matá-los, nem prendê-los, nem encarcerá-los, uma vez que não possuem um corpo carnal. Os golpes que fossem desferidos contra eles atingiriam o ar.

Essa é a característica dos agêneres, com os quais se pode conversar sem se suspeitar o que são, mas que não ficam muito tempo entre os humanos, e não podem se tornar os comensais habituais de uma casa, nem figurar entre os membros de uma família.

Aliás, há em toda a sua pessoa, no seu modo de proceder, algo de estranho e insólito, que resulta ao mesmo 
tempo da materialidade e da espiritualidade; seu olhar, vaporoso e ao mesmo tempo penetrante, não tem a nitidez do olhar pelos olhos carnais. Sua linguagem, breve e quase sempre sentenciosa, não tem nada do brilho e da volubilidade da fala humana. A sua aproximação causa uma sensação singular e indefinível de surpresa que inspira uma espécie de temor, e, embora tomados como indivíduos comuns, diz-se involuntariamente: “Eis aí uma criatura singular”! 


Autor: Allan Kardec
Do livro: A Gênese

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