Conquista

Conquista
Conquista
A alma deve conquistar, um a um, todos os elementos, todos os atributos de sua grandeza, de seu poder, de sua felicidade. E, para isto, necessita do obstáculo, da Natureza inóspita, hostil mesmo, da matéria adversa, cujas exigências e rudes lições provocam seus esforços e formam sua experiência. Por isso, também, a necessidade das provas e da dor, nas etapas inferiores, a fi m de que sua sensibilidade desperte e que, ao mesmo tempo, exerça sua livre escolha e cresçam-lhe a vontade e a consciência. A luta é necessária, para tornar possível o triunfo e fazer surgir o herói. Sem a iniquidade, sem a arbitrariedade, sem a traição, poder-se-ia sofrer e morrer pela Justiça?

É preciso que haja o sofrimento físico e a angústia moral, para que o espírito se purifique, se desembarace de suas partículas grosseiras, para que a fraca centelha que se mantém, nas profundezas da consciência, desate em pura e ardente chama, em uma consciência resplandecente, centro de vontade, de energia e de virtude.


Só se conhecem, se saboreiam e se apreciam, de verdade, os bens conquistados por si mesmo, lenta e penosamente. Fosse a alma criada perfeita, como o querem certos pensadores, ela seria incapaz de apreciar e até de compreender sua perfeição, sua felicidade. Sem termos de comparação, sem trocas possíveis com seus semelhantes, perfeitos como ela, sem ter objetivo para sua atividade, estaria condenada à inação, à inércia, o que seria o pior dos estados. Pois viver, para o espírito, é agir, é crescer, é conquistar sempre novos títulos, novos méritos, um lugar cada vez mais alto na hierarquia luminosa e infinita. E, para merecer, é necessário ter mourejado, lutado, sofrido. Para saborear a abundância, é preciso ter conhecido a privação. Para apreciar a claridade dos dias, é necessário ter atravessado a escuridão das noites. A dor é a condição da alegria e o preço da virtude, e a virtude é o bem mais precioso que possa existir no Universo.

Construir seu eu, sua individualidade, através de milhares e milhares de vidas, levadas a efeito em centenas de mundos, sob a direção de nossos irmãos mais velhos, de nossos amigos do Espaço, escalar os caminhos do céu, projetar-se cada vez mais alto, criar-se um campo de ação cada vez mais amplo, proporcional à obra concluída ou desejada, tornar-se um dos atores do drama divino, um dos agentes de Deus, na Obra Eterna; trabalhar pelo Universo, como o Universo trabalha por nós, eis o segredo do destino!



Autor: Léon Denis
Do Livro: O Problema do Ser e do Destino.

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