Trabalhadores de cura

Trabalhadores de cura
Trabalhadores de cura
Os chamados trabalhos de cura são dos que mais devem ser levados a sério numa casa espírita. Infelizmente, este tipo de atividade dá margem à infiltração dos espíritos perturbadores, que acabam, por vezes, comprometendo toda a estrutura espiritual da casa, fazendo com que as suas demais tarefas sejam relegadas a plano secundário.

A rigor, não é missão do Espiritismo a cura de corpos perecíveis: a Doutrina está voltada para a cura da alma — sem dúvida, a origem de todos males, físicos e morais, que afligem o homem na Terra.

Se o médium de cura não possuir discernimento, terminará no profissionalismo religioso e, se não contar com uma equipe idônea que o assessore, cometerá despautérios em nome da fé. Incensado pelos mais desavisados, consentirá que a vaidade o domine e, sem que perceba, em pouco tempo estará a seu próprio
serviço e não da Causa que, inicialmente, se propunha a defender.

Toda atividade séria no templo espírita é, essencialmente, um trabalho de cura. Não há tarefa de cura mais
legítima que a da transmissão do passe, pura e simplesmente! Jesus curava pela imposição das mãos.

A mediunidade de cura genuína não carece de recorrer a certos expedientes, como sejam: instrumentos cortantes, aplicação indiscriminada de agulhas hipodérmicas, total ausência de assepsia no suposto ato cirúrgico; tampouco o medianeiro necessita paramentar-se como se fosse um cirurgião, fugindo à simplicidade que caracteriza as atividades doutrinárias sérias... Uma reunião de estudos evangélicos que concite os seus frequentadores à renovação íntima, é um trabalho de cura; o serviço assistencial em que se consagre o tempo disponível às obras de caridade é uma atividade de cura... Muitas moratórias no corpo somático têm sido conseguidas por aqueles que se devotam ao bem dos semelhantes!

Sem rodeios, diríamos que a grande maioria dos trabalhos de cura oferece campo de atuação para os espíritos infelizes que, lentamente, dominam os médiuns e os induzem a se afastarem do “dai de graça o que de graça recebestes”... Sob o pretexto de fazer face a certas despesas da instituição que acolhe inúmeras pessoas, os médiuns e seus dirigentes fixam taxas de atendimento ou, então, sugerem que doações espontâneas sejam endereçadas aos cofres da casa que, a cada reunião, se locupletam.

A verdadeira caridade não cria ônus para quem quer que seja. A venda de desconhecidas fórmulas de medicamentos e unguentos, atribuídas aos espíritos, é, sem dúvida, uma exploração da fé e não se justifica em hipótese alguma.

Os dirigentes de uma casa espírita nunca devem se permitir diminutas concessões no campo doutrinário; das consideradas insignificantes concessões, aparecem as maiores e o mercantilismo se instala, fomentado pela ambição de encarnados e desencarnados. Se a casa espírita conta com uma atividade específica de cura, ela não deve ser priorizada em detrimento das demais tarefas da instituição, igualmente relevantes para a Doutrina.

Médiuns de cura monopolizadores que, inclusive, querem a cabina de passes só para si, desmerecendo os esforços dos demais companheiros de mediunidade, necessitam ser alertados para o perigo espiritual da obsessão; muitos deles terminam em dolorosos processos de fascinação, anulando a si mesmos na abençoada possibilidade de servir com desinteresse!...



Autor: Odilon Fernandes
Do Livro: Conversando com os Médiuns

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