Diferentes estados do sono

Diferentes estados do sono
Diferentes estados do sono
O estudo do sono fornece-nos, sobre a natureza da personalidade, indicações de grande importância. Em geral, não nos aprofundamos bastante a respeito do mistério do sono. O exame atento deste fenômeno, o estudo da alma e de sua forma fluídica, durante esta parte da existência que consagramos ao repouso, conduzir-nos-ão a uma compreensão mais ampla das condições do ser, na vida do Além.

O sono possui não só propriedades reparadoras, a que a Ciência ainda não deu o destaque suficiente, mas também um poder de coordenação e de centralização sobre o organismo material. Acabamos de ver que ele pode, além disso, provocar uma expansão considerável das percepções psíquicas, maior intensidade do raciocínio e da memória.

O que é, então, o sono?

É simplesmente a saída, o desprendimento da alma, com relação ao corpo. Dizem que “o sono é irmão da morte”. Estas palavras exprimem uma verdade profunda. Aprisionada à carne durante o
estado de vigília, a alma recupera, no sono, sua liberdade relativa, temporária e, simultaneamente, a utilização de seus poderes ocultos. A morte será sua libertação completa, definitiva.

Nos próprios sonhos, vemos entrarem em ação os sentidos da alma, estes sentidos psíquicos, dos quais os do corpo são a reduzida manifestação exterior. À medida que as percepções do exterior se enfraquecem e se apagam, com os olhos fechados e os ouvidos cerrados, outros meios mais poderosos despertam das profundezas do ser. Vemos, ouvimos, com o auxílio dos sentidos internos. Imagens, formas, cenas distantes desenrolam-se sucessivamente; ocorrem encontros entre personagens vivos ou mortos. Esta ação, frequentemente incoerente e confusa no sono natural, torna-se precisa e cresce com o desprendimento da alma no sono provocado, no transe sonambúlico e no êxtase.

Às vezes, a alma se afasta durante o repouso do corpo, e são as impressões de suas viagens, os resultados de suas buscas, de suas observações que se traduzem pelo sonho. Neste estado, um elo fluídico liga-o ainda a seu organismo material e por este elo sutil, espécie de fio condutor, as impressões e as vontades da alma podem transmitir-se ao cérebro. É pelo mesmo processo que, nas outras formas do sono, a alma comanda seu envoltório terrestre, controla-o, dirige-o. Esta direção que, no estado de vigília, durante a incorporação, se exercia de dentro para fora, vai ocorrer em sentido inverso, nos diversos estados de desprendimento. A alma, emancipada, continuará a influenciar o corpo, através deste elo fluídico que continuamente os liga, um à outra. Então, com sua potência psíquica reconstituída, a alma exercerá sobre seu organismo carnal um comando mais eficaz e mais seguro. O caminhar dos sonâmbulos, à noite, em lugares perigosos, com inteira segurança, é uma evidente demonstração deste fato.

Assim também ocorre com a ação terapêutica provocada pela sugestão. Esta é eficaz, principalmente, porque facilita o desprendimento da alma, garantindo-lhe seu poder de controle absoluto, a liberdade necessária para dirigir a força vital acumulada  no perispírito e, deste modo, reparar as perdas sofridas
pelo corpo físico. Constatamos este fato nos casos de dupla personalidade. A segunda personalidade, mais completa, mais íntegra que a personalidade normal, substitui-se a ela, com um objetivo curativo, por meio de uma sugestão exterior, aceita e transformada em autossugestão pelo espírito do sujet. De fato, este nunca abdica seus direitos e poderes de controle. Como disse Myers: “Não é a ordem do magnetizador, mas, antes, a faculdade do sujet que representa o nó da questão”.



Autor: Léon Denis
Do livro: O Problema do Ser e do Destino.

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