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A Hora Derradeira |
A entrada na outra vida causa
impressões tão variadas quanto
à situação moral dos espíritos.
Aqueles — e o número é grande
— cuja existência se desenvolve
indecisa, sem faltas graves nem
méritos notáveis, encontram-se
mergulhados, primeiro, num estado
de torpor, num abatimento
profundo; depois um choque
vem sacudir seu ser. O espírito
sai lentamente do seu invólucro:
recupera sua liberdade, mas hesitando,
tímido, não ousa usá-la
ainda e permanece preso pelo
temor e o hábito aos lugares
onde viveu. Continua a sofrer e
a chorar com aqueles que partilharam
da sua vida. O tempo
corre para ele sem que o perceba;
com o tempo, outros espíritos
o assistem com seus conselhos,
ajudam-no a dissipar sua perturbação,
a libertar-se das últimas
correntes terrestres e a elevar-se
para meios menos obscuros.
Em geral, o desprendimento da alma é menos penoso
em consequência de uma longa doença, tendo esta
por efeito desatar, pouco a pouco, os laços carnais. As
mortes súbitas, violentas, que sobrevêm quando a
vida
orgânica está na sua plenitude, produzem uma dilaceração
dolorosa sobre a alma, lançando-a numa perturbação
prolongada. Os suicidas são presas dessas sensações
horríveis. Eles experimentam, durante anos, as angústias
da hora derradeira e reconhecem, com pavor, que apenas
trocaram seus sofrimentos terrestres por outros mais vivos
ainda.
O conhecimento do futuro espiritual, o estudo das
leis que presidem à desencarnação são de grande importância
para a preparação para a morte. Eles podem
atenuar nossos derradeiros instantes e tornar nosso
desprendimento fácil, permitindo-nos reconhecer-nos
mais rápido no mundo novo que nos é franqueado.
Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte
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