Nas lides provacionais

Nas lides provacionais
Nas lides provacionais
Aguardas a felicidade que parece tardar.

Anseias pela tranquilidade integral.

Desejas a harmonia em redor dos passos.

Suspiras, inutilmente, por entendimento fraterno.

Rogas, ansiosamente, socorro na tarefa.

No entanto, por mais áspera seja a luta, espera com fé robusta.

*

No passado semeaste aflições nas almas alheias.

No presente colhes os espinhos que aparecem ameaçadores.

Ontem asfixiaste as esperanças dos outros no lodo da vindita, em rios de sangue e lágrimas.


Hoje é necessário emergir com a consciência purificada.

No passado acumulaste o produto de muitos em arcas da usura, através de expedientes da ilicitude ambiciosa.

No presente faz-se indispensável restituir em árduas operações de esforço e dificuldade, com os pesados juros que são cobrados.

Ontem estimulaste o ódio e erigiste monumentos ao orgulho e à insensatez.

Hoje é natural que te encontres a sós, cercado pela aversão de muitos.

No passado ombreaste com a criminalidade aliciada ao poder, acreditando na preservação ilusória da vida física.

No presente sofres injustiça e perseguição por onde passas.

Antes esqueceste os mínimos deveres.

Agora tens de exercitar-te nas obrigações valiosas.

*

É da Lei que ninguém auferirá paz, com tesouros vazios de serviço nobre.

Nenhuma cabeça ostentará o louro da vitória sobre uma consciência poluída.

Toda ascensão exige retorno ao ponto em que se fracassou.

Ninguém chegará ao Céu sem o resgate abençoado com a Terra.

A aflição imposta ao próximo é aflição a demorar-se na própria alma.

Crime praticado é sombra no caminho, aguardando a luz da reabilitação.

Irresponsabilidade consagrada pelo triunfo humano é débito ativo na contabilidade divina.

Quem guarda compromisso com a retaguarda é escravo do passado, sem possibilidade de avançar.

*

Se almejas a liberdade em plena luta, sofre pacientemente.

Arranca o espinho que cravaste no coração do próximo ao preço do próprio sacrifício.

Fascinado pelas promessas do futuro, embora amargurado, não receies voltar atrás para sanar os males, suportando heroicamente as injunções do resgate em inesperados assaltos à paz, agressões à honra, dificuldades no êxito, angústia nas relações de amizade ou enfermidades pertinazes no corpo dorido.

Não te detenhas, transferindo oportunidades longamente esperadas.

Outros companheiros atados a dívidas mais graves suspiram pelos ensejos que sorriem no teu caminho.

Dominados por expectativas mais sérias, ofereceriam as moedas de toda felicidade para que experimentem a grande dor que se faz mensageira da reabilitação.

Dessa forma, por mais sombrios sejam os teus dias, persevera confiante à espera do sol bendito da liberdade. Busca o Senhor através da oração e recolherás forças para prosseguir. Mantém a serenidade no íntimo e roga as dádivas da paz, no futuro; mas suplica, sobretudo, coragem e humildade no resgate, abraçado ao amor puro e simples que te alçará, de alma feliz, ao serviço livre em favor de todos os companheiros a quem deves.



Autora: Joanna de Ângelis
Do livro: Messe de Amor

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