Resignação na adversidade |
Como é grande, o espetáculo oferecido pela alma resignada, aprontando-se para deixar a Terra após uma vida dolorosa!
Lança um último olhar sobre seu passado; revê, numa espécie de penumbra, os desprezos sofridos, as lágrimas reprimidas, os gemidos abafados, os sofrimentos bravamente suportados. Suavemente, sente desligar-se dos entraves que a acorrentam a esse mundo. Vai abandonar seu corpo de lama, deixar bem distante de si todas as servidões materiais. O que poderia temer? Não provou a abnegação, sacrificou seus interesses à verdade, ao dever? Não sorveu até a última gota o cálice purificador?
Vê também o que a aguarda. As imagens fluídicas de seus atos de sacrifício e de renúncia, seus pensamentos generosos precederam-na, balizas brilhantes que marcam o caminho de sua ascensão. São os tesouros de sua
nova vida.
Distingue tudo isso e seu olhar eleva-se ainda mais alto, lá onde só se chega com a luz na fronte, o amor e a fé no coração.
Nesse espetáculo, uma alegria celeste penetra-a; lamenta não ter sofrido bastante. Uma última prece, como um grito de contentamento escapa das profundezas de seu ser e sobe na direção de seu Pai, na direção de seu Mestre bem-amado. Os ecos do Espaço repetem esse grito de libertação, ao qual se associam as vozes dos espíritos felizes que se apressam, em multidão, para recebê-la.
Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte
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