Dar Sem Esperar Retribuição

Dar sem esperar retribuição
Dar sem esperar retribuição
Aos que se atêm à leira das Escrituras, esquecidos de que as palavras do mestre são espírito e vida, pode parecer que, neste lanço, esteja ele a menosprezar as relações de família e de amizade.

O verdadeiro sentido de sua lição, entretanto, é bem outro: é a exaltação do altruísmo, do desprendimento e da fraternidade universal.

Lamentavelmente, quase todos nos encontramos ainda numa fase de evolução em que o egoísmo e a vaidade se constituem o móvel da maioria de nossas ações.

Quase tudo o que empreendemos, ou obedece a um calculado interesse ou visa à exaltação de nossa personalidade.

Assim, quando promovemos uma festividade, colocamos entre os primeiros convidados aqueles que, por sua posição na paisagem social, nos possam favorecer em algum propósito ou então nos honrem a casa com seu comparecimento, servindo para que os outros vejam como somos bem relacionados, seguindo-se a parentela e os amigos de cuja reciprocidade estamos seguros, aos quais tratamos com toda a deferência, com o melhor sorriso nos lábios, enquanto evitamos receber ou mal suportamos os de condição humilde que, de modo nenhum, poderão valer-nos ou recompensar-nos.


Nesses regozijos, fazemos questão de oferecer aos nossos convivas os melhores comes-e-bebes, despendendo, não raro, pequenas fortunas que dariam para atender às necessidades de inúmeros desgraçados: os pobres, estropiados, coxos e cegos, lembrados pelo Evangelho.

Para esses, porém, nosso coração e nossa bolsa se mantêm fechados, e quando, vez por outra, lhe atiramos uma esmola, acreditamos ter feito muito.

Por saber-nos assim tão insensíveis ao sofrimento alheio é que Jesus nos exorta, procurando despertar-nos o sentimento de solidariedade humana.

Em sua linguagem figurada, insistimos, não pretende ele que substituamos à nossa mesa os amigos e parentes por aleijados e mendigos, samas que estendamos a estes a participação na prosperidade que desfrutamos, que lhes amenizemos um pouquinho a dura e penosa existência.

Aos que lhe ouvirem o apelo sublime, assegura o Cristo que “serão retribuídos na ressurreição dos justos”.

Quer isso dizer que o bem que façamos aqui na Terra, sem esperar retribuição, pelo só prazer de o praticar, terá sua recompensa no outro lado da vida, onde as virtudes cristãs que tenhamos desenvolvido nos situarão entre aqueles que, em paz com a própria consciência, gozam a ventura de... serem bons!



Autor: Rodolfo Calligaris
Do livro: Páginas de Espiritismo Cristão

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