O Espiritismo e a Ciência |
Como todas as grandes descobertas, o Espiritismo devia receber o batismo das humilhações e da prova. Quase todas as ideias novas, particularmente mais fecundas, foram escarnecidas, conspurcadas
na sua aparição, rejeitadas como utopias. Durante muito tempo qualificou-se de mentiras e quimeras as invenções do vapor e da eletricidade e, até, o estabelecimento das estradas de ferro. A Academia de Medicina rejeitava, a princípio, a teoria da circulação do sangue, de Harvey, como rejeitaria mais tarde o magnetismo. E enquanto a Academia de Paris declarava que ele não existia, viu-se a Academia de Viena proscrever-lhe o uso como perigoso. Com que ironia os sábios não saudaram, em época recente, as descobertas de Boucher de Perthes, o criador da Antropologia Pré-histórica, Ciência hoje consagrada e que lança luzes tão vivas sobre a origem das sociedades humanas?
Todos aqueles que quiseram libertar a Humanidade da sua ignorância, revelar-lhe o segredo das forças naturais ou das leis morais, todos aqueles viram elevar-se diante de si um calvário e foram embebidos em fel e ultrajes. Galileu foi aprisionado, Giordano Bruno queimado, Watt, Fulton, Papin achincalhados, Salomão de Caus aprisionado entre loucos. Hoje, não se aprisiona e não se queima mais por crime de opinião; mas o sarcasmo e o escárnio são ainda formas de opressão. Para algumas ideias virem à luz, foi necessária uma vitalidade inaudita, apesar da coligação dos corpos sacerdotais e sábios. Mas as ideias, como os homens, crescem na dor. Cedo ou tarde, a verdade triunfa das infalibilidades conjuradas.
Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte
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