O Estudo |
A maioria dos homens diz amar o estudo e objeta que lhe falta tempo para a isso se dedicar. Entretanto, muitos dentre eles, consagram noites inteiras ao jogo, às conversações ociosas. Replica-se, também, que os livros custam caro e, entretanto, despende-se em prazeres fúteis e de mau gosto mais dinheiro do que seria necessário para se compor uma rica coleção de obras. E, além disso, o estudo da Natureza, o mais eficaz, o mais reconfortante de todos, não custa nada.
A ciência humana é falível e variável. A Natureza, não. Ela não se desmente nunca. Nas horas de incerteza e de desencorajamento, voltemo-nos para ela. Como uma mãe, acolher-nos-á, sorrirá para nós, embalar-nos-á em seu seio. Ela nos falará numa linguagem simples e terna, da qual a verdade surgirá sem-disfarce, sem-afetações; mas essa linguagem pacífica, bem poucos sabem ouvi-la, compreendê-la. O homem traz consigo, no mais íntimo do seu ser, suas paixões, suas agitações internas, cujos ruídos abafam o ensino íntimo da Natureza. Para discernir a revelação imanente no seio das coisas, é preciso impor silêncio às quimeras do mundo, a essas opiniões turbulentas que perturbam nossas sociedades; é preciso recolher-se, fazer a paz em si e em torno de si. Então, todos os ecos da vida pública se calam; a alma volta para si mesma, retoma o sentimento da Natureza, das leis eternas, e comunica-se com a Razão suprema.
Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte.
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