Sem Retenção Egoística |
Proscreve da lavoura dos teus sentimentos o egoístico ignóbil, a fim de poupar-te aflições que podes dispensar.
Mascarando-se, multiface, ele surge e resurge na gleba das tuas aspirações, dominando as tuas paisagens íntimas, produzindo mal-estar e incessante inquietação.
Ama, mas não retenhas, a quem te afeiçoas, nas tenazes fortes dos teus caprichos.
Ninguém pertence a ninguém.
Objetos, valores e posses transitam pelo mundo sob mordomias passageiras, mudando de mãos sob o implacável suceder dos minutos no relógio do tempo.
O egoísmo urdirá manobras hábeis aferrando-te à ganância e à subtração dominadora das coisas, deixando-te iludir na presunção de que és detentor.
Nada obstante, a incoercível lei da evolução impõe câmbios e transformações a que ninguém se pode furtar no estreito e breve caminho a percorrer, do berço ao túmulo.
Exercita, desse modo, o desprendimento para que não padeças difíceis injunções de desespero quando passem pelas tuas mãos os tesouros que seguem adiante...
Dá início a uma disciplina mental em torno do uso sem o tormento da propriedade, assim familiarizando-te com os impositivos da própria vida física, ilusória e sem qualquer garantia.
Não te enganes no egoísmo da posse, mesmo que ele se te insinui pernicioso na casa mental.
Autora: Joanna de Ângelis
Do livro: Oferenda.
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