Pergunta-se, às vezes, se a religião é necessária. A religião, bem compreendida, deveria ser um laço unindo os homens entre si e unindo-os através de um mesmo pensamento ao princípio superior das coisas.
Há na alma um sentimento natural que a leva em direção a um ideal de perfeição no qual se identifica o Bem e a Justiça. Se ela fosse esclarecida pela Ciência, fortificada pela razão, apoiada na liberdade de consciência, esse sentimento, o mais nobre que se pode experimentar, tornar-se-ia o móvel de grandes e generosas ações; mas embaciado, falseado, materializado, tornou-se muito frequentemente um instrumento de dominação egoísta, pelos cuidados da teocracia.
A religião é necessária e indestrutível, pois ela haure sua razão de ser na própria natureza do ser humano, da qual resume e exprime as aspirações elevadas. Ela é, também, a expressão das leis eternas, e, nesse ponto de vista, deve se confundir com a Filosofia, que faz passar do domínio da teoria ao da execução, e torna-se viva e operante.
Mas, para exercer uma influência salutar, para voltar a ser um móvel de elevação e de progresso, a religião deve despojar-se dos disfarces de que se revestiu através dos séculos. O que deve desaparecer, não é o seu princípio, são, com os mitos obscuros, as formas exteriores e materiais. É preciso ter o cuidado de não confundir coisas tão dissemelhantes.
Autor: Léon Denis
Do Livro: Depois da Morte
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