O Pensamento

O Pensamento
O Pensamento
É na comunhão frequente e consciente com o mundo dos espíritos que os gênios do futuro haurirão os elementos de suas obras. Desde já, a penetração nos segredos de sua dupla vida vem oferecer ao homem os auxílios e os esclarecimentos que as religiões decadentes não lhe poderiam proporcionar. Em todos os domínios, a ideia espírita vai fecundar o pensamento atuante.

A Ciência ficará devendo a ela uma renovação completa de suas teorias e de seus métodos. Ficar-lhe-á devendo a descoberta de forças incalculáveis e a conquista do universo oculto. Com ela, a Filosofia adquirirá um conhecimento mais extenso e mais preciso da personalidade humana. Esta, no transe e na exteriorização, é como uma cripta que se abre, repleta de coisas estranhas, e onde se esconde a chave do mistério do ser.

As religiões do futuro encontrarão, no Espiritismo, as provas da sobrevivência e as regras da vida no Além, ao mesmo tempo que o princípio de uma união estreita das duas humanidades, visível e invisível, em sua ascensão para o Pai comum. A arte, sob todas as suas formas, nele descobrirá fontes
inesgotáveis de inspiração e de emoção.


O homem do povo, nas horas de cansaço, nele encontrará a coragem moral. Compreenderá que a alma pode crescer, tanto pelo labor humilde, quanto pela obra altiva, e que nenhum dever é desprezível; que a inveja é irmã do ódio e que, com frequência, somos menos felizes no luxo do que na mediocridade. Nele, o poderoso aprenderá bondade, com o sentimento desta solidariedade que nos liga a todos, através de nossas vidas, e pode constranger-nos a voltar pequenos, para adquirir as virtudes modestas.

O cético nele encontrará a fé; o desencorajado, as grandes esperanças e as resoluções enérgicas. Todos os que sofrem encontrarão a ideia profunda de que uma lei de justiça preside a todas as coisas; de que, no que quer que seja, não há efeito sem causa, parto sem dor, vitória sem combate, triunfo sem rudes esforços, mas que, acima de tudo, reina uma perfeita e majestosa sanção, e de que nenhum ser é abandonado por Deus, sendo dele uma parcela.

Assim, lentamente, operar-se-á a renovação da Humanidade, ainda tão jovem, tão desconhecedora de si mesma, mas, cujo desejo se orienta, pouco a pouco, na direção da compreensão de sua tarefa e de seu objetivo, ao mesmo tempo que se amplia seu campo de exploração e a perspectiva de um porvir infinito. E, em breve, ei-la que avança, mais consciente de si mesma e de sua força, consciente de sua magnífica destinação. A cada etapa vencida, vendo e querendo mais, sentindo brilhar e avivar-se o foco que traz em si, vê, também, recuarem as trevas, os sombrios enigmas do mundo se desmantelarem e serem resolvidos e o caminho ser iluminado por um poderoso raio de luz. Com as sombras, pouco a pouco, vão-se desfazendo os preconceitos, os temores infundados; as contradições aparentes do Universo se dissipam e, em tudo, se faz a harmonia. Então, a confiança e o entusiasmo penetram nessas almas; o homem sente que seu pensamento e seu coração se expandem. E, novamente, ele avança, na estrada dos tempos, em direção ao termo de sua obra; sua obra, porém, não tem fim. Cada vez que a Humanidade se empenha por um novo ideal, acredita ter atingido o ideal supremo, embora, na realidade, só tenha conquistado a crença ou o sistema correspondente a seu grau de evolução. Mas, também, cada vez que, de seus avanços e de seus sucessos, decorrem-lhe prazeres e forças novas e ela encontra a recompensa de seus labores e de suas angústias no próprio trabalho, na alegria de viver e progredir, que é a lei dos seres, em uma comunhão mais íntima com o Universo, na conquista, um pouco mais completa, do Bem e do Belo.



Autor: Léon Denis
Do livro: O Problema do Ser e do Destino

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