Platão viveu
de 429-347 a .C,
foi discípulo de Sócrates, e em forma de
diálogos, registrou os ensinos recebidos daquele mestre da filosofia, que com
seu método investigativo, promoveu o autoconhecimento.
Os filósofos
que antecederam Sócrates buscavam o princípio de tudo nos elementos da natureza,
mas para ele, conhecer era conduzir o indivíduo a conhecer-se melhor, voltando-se
para o si próprio.
O Conhecimento
para Sócrates era divino, era o seu motivo de viver. A sua missão era promover
a reflexão interior, tanto que ele
adotou o dístico que constava no frontispício do Templo de Delfos, anotado em
grego: "Gnôthi seauton", que significa: “Conhece-te a ti próprio”.
Filosoficamente,
conhecimento é a apropriação do
objeto pelo pensamento, como quer que se conceba essa apropriação: como
definição, como percepção clara, apreensão completa, análise etc.
Mais jovem do
que Sócrates 45 anos, Platão desenvolveu todas as suas ideias, baseadas nos
anos em que se relacionou com Sócrates, nas suas próprias experiências e
observações da vida em Atenas e das viagens pelo Egito, pela Itália, Sicília,
que empreendeu devido a sua tristeza pela morte do seu mestre.
Ao retornar a
Atenas, Platão funda nos jardins de Academo, em um povoado da Ática, a famosa “Academia”,
um grande centro de estudos, considerado o lugar onde o saber é produzido, não
apenas aprendido. Ele é autor de um domínio amplo acerca de Metafísica, Ética, Teoria do Conhecimento e
investigações sobre a Política, que vão favorecer inúmeros filósofos,
como Aristóteles, que ingressou na Academia, ainda jovem. As atividades desta
escola foram mantidas até a época do império de Justiniano.
É Werner
Jaeger (filólogo alemão) que na obra
Paideia destaca no capítulo, A imagem de Platão na história:
“Mais de dois
mil anos já se passaram desde o dia em que Platão ocupava o centro do universo
espiritual da Grécia e em que todos os olhares convergiam para a sua Academia,
e ainda hoje se continua a definir o
caráter de uma filosofia, seja ela qual
for, pela sua relação com aquele filósofo.”
Percebemos na
obra de Platão, a impregnação dos ensinamentos de Sócrates, de maneira que é
difícil separar o que é dele e o que é do seu mestre.
Conforme obra citada acima Jaeger assinala: “ (...) Platão assume a
herança de Sócrates e se encarrega da direção da luta crítica com as grandes
potências educadoras de seu tempo e com a tradição histórica do seu povo; com a
sofística e a retórica, o Estado e a legislação, a Matemática e a Astronomia, a
ginástica, a Medicina, a poesia e a música. Sócrates apontara a meta e
estabelecera a norma para o conhecimento do bem. Platão procura encontrar o
caminho que conduz a essa meta, ao colocar o problema da essência do saber.”
A República, um dos mais importantes escritos de Platão retrata a
investigação do conceito de justiça para uma vida harmoniosa para a cidade e os
cidadãos. Ele desenvolve a Teoria das ideias e das aparências.
No diálogo
filosófico, que se intitula “Fédon”, Platão narra os momentos que antecedem o
envenenamento por cicuta do mestre (pela sentença de morte recebida dos
juízes). Embora não tenha participado desses últimos momentos, pois se
encontrava doente, Platão recebe as informações sobre o diálogo entre
Equécrates e Fédon, quando lições sobre
a morte, o destino da alma e as virtudes que um cidadão deve buscar para si são
desenvolvidas.
Parece ser
projeto filosófico de Platão, registrado no diálogo em tela, as ideias sobre a
teoria das reminiscências (acolhidas em suas andanças pelo mundo), permeadas
pelo exemplo do mestre, Sócrates, nos derradeiros instantes, ensinando sobre a
morte quanto uma escolha, e o aprendizado do verdadeiro filósofo de libertar a alma
do corpo, que dificulta o saber pleno.
O dualismo
corpo-alma em discussão nesta obra, marca a história do pensamento ocidental.
Herculano
Pires, na obra Introdução à Filosofia Espírita, cap III assinala que:
“ (...) O
problema do conhecimento é básico em Filosofia. Pois se esta tem por objeto a
Sabedoria, o que vale dizer o nosso saber, aquilo que sabemos (...). Na
Filosofia Espírita ela assume uma importância ainda mais profunda, pois a
pergunta “Como conhecemos?” implica a relação espírito-corpo. E essa relação
exige a definição dos seus componentes, envolvendo as perguntas “ o que é
espírito” e “o que é corpo”?”
No Evangelho
segundo o Espiritismo, Introdução IV, Kardec registra a identidade da teoria de
Sócrates e Platão com a Doutrina Espírita, facilitando o nosso entendimento acerca
das questões filosóficas que faz parte do aspecto tríplice do Espiritismo.
Cito o
trecho III: “Enquanto tivermos o nosso corpo e a
alma se achar
mergulhada nessa corrupção , nunca
possuiremos o objeto dos nossos desejos :
a verdade . Com
efeito , o corpo
nos suscita mil
obstáculos (...) nos enche de desejos ,
de apetites , de temores ,
de mil quimeras
e de mil tolices ,
de maneira que ,
com ele ,
impossível se nos
torna ser ajuizados , sequer
por um
instante.”
“O
Espiritismo diz: Aqui temos o princípio das faculdades da alma, obscurecidas
por terem como intermediários os órgãos corporais, e o da expansão dessas
faculdades após a morte. (...)”
Kardec
registra no Prolegômenos de O Livro dos Espíritos, a participação desses
luminares entre outros, a fornecer orientações estimuladoras da vida prática,
que estruturam os postulados que a Doutrina Espírita nos oferece como
subsídios.
Kardec Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. RJ: Ed. CELD. 2000.
Kardec Allan. O Livro dos Espíritos. RJ: Ed. CELD. 2011.
Jaeger Werner. Paidéia. SP: Ed. Martins Fontes. 1995.
Pires J. Herculano. Introdução à Filosofia Espírita. SP: Ed. FEESP. 2000.
Platão - Coleção Os Pensadores. Ed. Nova Cultural Ltda. 1996.
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