Paciência e Bondade

Paciência e Bondade
Paciência e Bondade
Abstenhamo-nos, sobretudo, da cólera, que é o despertamento de todos os instintos selvagens, amortecidos em nós pelo progresso e a civilização, uma reminiscência de nossas vidas obscuras. Em cada homem, o animal subsiste ainda através de certos aspectos, o animal que devemos domar pela força, se não quisermos ser dominados, escravizados por ele. Na cólera, esses instintos adormecidos despertam e fazem do homem uma fera. Assim, dissipa-se toda dignidade, toda razão, todo respeito de si mesmo. A cólera cega-nos, faz-nos perder a consciência de nossos atos e, na sua fúria, pode conduzir ao crime.

É da natureza do sábio dominar-se sempre, e a cólera é o indício de um caráter atrasado. Aquele que para isso está inclinado deverá vigiar com cuidado suas impressões, abafar em si o sentimento da personalidade, nada fazer, nada dizer, enquanto se sentir sob o império dessa terrível paixão.

Esforcemo-nos para adquirir a bondade, qualidade inefável, auréola da velhice; a bondade, cuja posse vale para o seu possuidor esse culto dos sentimentos oferecido, pelos humildes e pequenos, aos seus guias e protetores.


A indulgência, a simpatia, a bondade apaziguam os homens, atraindo-os para nós, predispondo-os a prestar mais atenção nos nossos conselhos, enquanto que a severidade desagrada e os afasta. A bondade cria-nos assim, uma espécie de autoridade moral sobre as almas, fornece-nos mais oportunidades de sensibilizá-los, de reconduzi-los ao bem. Façamos, portanto, dessa virtude uma tocha, com a ajuda da qual levaremos a luz às inteligências mais obscuras, tarefa delicada, mas que um pouco de amor pelos nossos irmãos e o sentimento profundo de solidariedade tornarão fácil.



Autor:Léon Denis
Do livro: Depois da Morte

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