A Disciplina do Pensamento e a Reforma do Caráter

A Disciplina do Pensamento e a Reforma do Caráter
A Disciplina do Pensamento e a Reforma do Caráter
Somos o que pensamos, se pensamos com força, vontade, persistência. Mas, quase sempre, nossos pensamentos passam constantemente de um assunto a outro. Raramente pensamos por nós mesmos; refletimos os mil pensamentos incoerentes do meio em que vivemos. Poucos homens sabem viver de seu próprio pensamento, haurir nas fontes profundas, neste grande reservatório de inspirações que cada um traz em si, mas que a maioria ignora e, por isso, traz o envoltório povoado de formas disparatadas. Seu espírito é como uma casa aberta a todos os passantes. As luzes do bem e as sombras do mal ali se confundem em um perpétuo caos. É o incessante combate entre a paixão e o dever, do qual, quase sempre, a paixão sai vencedora. Antes de tudo, é necessário aprender a controlar nossos pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção precisa, um objetivo nobre e digno.

O controle dos pensamentos leva ao controle dos atos, pois, se uns são bons, os outros o serão, igualmente, e toda a nossa conduta será regulada por um encadeamento harmônico. Ao passo que, se nossos atos são bons e nossos pensamentos são maus, aí só pode haver uma falsa aparência do bem, e continuaremos a carregar em nós um foco malfazejo, cujas influências espalhar-se-ão, cedo ou tarde, em nossa vida.

Às vezes, notamos uma contradição impressionante entre os pensamentos, as produções escritas e os atos de certos homens, e somos levados, por esta contradição mesmo, a duvidar de sua boa fé, de sua sinceridade. Muitas vezes, isto é apenas uma falsa interpretação de nossa parte. Os atos desses homens resultam do impulso surdo dos pensamentos e das forças que eles acumularam em si, no passado. Suas aspirações presentes, mais elevadas, seus pensamentos, mais generosos, traduzir-se-ão em atos, no futuro. Assim, tudo se harmoniza e se explica, quando se consideram as coisas sob o amplo ponto de vista da evolução; ao passo que tudo permanece obscuro, incompreensível, contraditório, com a teoria de uma vida única para cada um de nós.



Autor: Léon Denis
Do livro: O Problema do Ser e do Destino.

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