A Meméria

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Os mínimos detalhes de nossa vida gravam-se em nós e nos deixam marcas indeléveis. Pensamentos, desejos, paixões, atos bons ou maus, tudo se fixa, tudo fica gravado. Durante o curso da vida normal, as lembranças se acumulam em camadas sucessivas e as mais recentes acabam, aparentemente, apagando as mais antigas.

Parece que esquecemos aqueles mil detalhes de nossa existência finda. Entretanto, nas experiências hipnóticas, basta evocar o tempo passado e recolocar o “sujet”, pela vontade, em uma etapa anterior de sua vida, em sua juventude, ou até mesmo na infância, para que aquelas lembranças reapareçam em massa. O “sujet” revive seu passado, não apenas com o estado de alma e a associação de ideias que lhe eram peculiares à época — ideias às vezes bem diferentes das que ele professa atualmente — com seus gostos, seus hábitos, sua linguagem, mas também reconstituindo automaticamente todo o conjunto dos fenômenos físicos contemporâneos daquela época.

Isto nos leva a reconhecer que há uma correlação estreita entre a individualidade psíquica e o estado orgânico.

Cada estado mental está associado a um estado fisiológico; a evocação de um, na memória dos “sujets”, logo provoca o aparecimento do outro.

Como ocorrem as flutuações constantes e a renovação integral do organismo físico em alguns anos, este fenômeno seria incompreensível sem o papel do perispírito, que guarda em si, gravadas em sua substância, todas as impressões de outrora. É ele quem fornece à alma o total de seus atos conscientes, mesmo após a destruição da memória cerebral.


Os espíritos o demonstram, por suas comunicações, pois conservam, no Espaço, as mínimas lembranças de sua existência terrestre.

Este registro automático parece efetuar-se sob a forma de grupamentos ou de zonas, dentro de nós, zonas que correspondem aos períodos específicos de nossa vida. De modo que, se a vontade, por meio da autossugestão, ou da sugestão exercida por outrem — o que é idêntico, já que, como vimos, a sugestão, para ser efi caz, tem de ser aceita pelo “sujet” e transformar-se em autossugestão — se a vontade, digamos, fizer reviver uma lembrança pertencente a um determinado período de nossa existência, todos os fatos de consciência que se ligam a este mesmo período logo se desenrolam, num encadea mento metódico. O Sr. Gabriel Delanne comparou estes estados vibratórios às camadas concêntricas observadas quando se corta uma árvore, as quais permitem calcular a idade dela.

Isto tornaria compreensíveis as variações de personalidade de que falamos.

Para observadores superficiais, estes fenômenos se explicam pela dissociação da consciência; estudados a fundo e analisados, eles representam, ao contrário, aspectos de uma consciência única, correspondentes a diversas fases de uma mesma existência. Estes aspectos se revelam, desde que o sono seja bastante profundo e o desdobramento perispiritual seja sufi ciente. Se tem sido possível acreditar nas mudanças de personalidade, é porque faltam ou se apagam os estados transitórios, intermediários.



Autor: Léon Denis
Do livro: O Problema do Ser e do Destino

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