A Lei dos Destinos |
A lei de repercussão dos atos tem, portanto, algo de mecânico, de aparentemente automático. Entretanto, uma vez que ela acarreta duras expia ções, reparações dolorosas, espíritos elevados intervêm, para pautarlhe a execução e acelerar a marcha das almas, no processo evolutivo. A influência deles se faz sentir, sobretudo, na hora da reencarnação, a fim de guiar estas almas em suas escolhas, determinando as condições e os meios favoráveis à cura de suas doenças morais e ao resgate das faltas anteriores.
Sabemos que não há educação completa, sem a dor. Adotando este ponto de vista, devemos evitar ver, nas provas e nos males da Humanidade, a consequência exclusiva dos erros passados. Nem todos os que sofrem são, necessariamente, culpados em processo de expiação. Muitos são simplesmente espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e laboriosas para colher o benefício moral correspondente a toda pena suportada.
No entanto, em tese geral, é do choque com a lei de harmonia, é do conflito do ser inferior que ainda se ignora, que nasce o mal, o sofrimento. É pelo retorno gradual e voluntário do mesmo ser à harmonia que se restabelece o bem, isto é, o equilíbrio moral. Em todo pensamento, em toda obra, há ação e reação, e esta é sempre proporcional em intensidade à ação realizada. Por isso, podemos dizer: o ser colhe exatamente o que semeou.
E ele o colhe mesmo, já que, com sua ação continuada, modifica sua própria natureza, purifica ou materializa seu envoltório fluídico, o veículo da alma, o instrumento que serve para todas as suas manifestações e no qual se modela o corpo físico, em cada renascimento.
Vimos, precedentemente, que nossa situação no Além resulta das ações repetidas que nossos pensamentos e nossa vontade exercem constantemente sobre o perispírito. Segundo sua natureza e seu objetivo, eles o transformam, pouco a pouco, em um organismo sutil e radiante, aberto às mais altas percepções, às sensações mais delicadas da vida do Espaço, capaz de vibrar harmonicamente com os espíritos elevados e de participar das alegrias e impressões do Infinito. No sentido inverso, eles farão do perispírito uma forma opaca, grosseira, agrilhoada à Terra por sua própria materialidade e condenada a ficar confinada nas baixas regiões.
Esta ação contínua do pensamento e da vontade, exercida, ao longo dos séculos e das existências, sobre o perispírito, faz-nos compreender como se criam e se desenvolvem nossas aptidões físicas, assim como nossas faculdades intelectuais e nossas qualidades morais.
Autor: Léon Denis
Do livro: O Problema do Ser e do Destino
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