Resignação na Adversidade

Resignação na Adversidade
Resignação na Adversidade
Eis a obra do sofrimento! Não é a maior de todas as que se realizam na Humanidade? Ela prossegue em silêncio, secretamente, mas os resultados são incalculáveis. Desligando a alma de tudo o que é baixo, transitório, ela eleva, desvia-a para o futuro, para os mundos superiores. Fala-lhe de Deus e das leis eternas. Certamente, é belo ter um fim glorioso, morrer jovem, combatendo pelo seu país. A História registra o nome dos heróis, e as gerações rendem um justo tributo de admiração à sua memória. Porém, uma longa vida de dores, de males pacientemente suportados, é ainda mais fecunda para o adiantamento do espírito. A História nada dirá, sem dúvida. Todas essas vidas obscuras e mudas, vidas de luta silenciosa e de recolhimento, caem no esquecimento, mas aqueles que as viveram encontram na luz espiritual sua recompensa. Só a dor abranda nosso coração, aviva os ardores da nossa alma. É a tesoura que lhe dá suas proporções harmônicas, afina seus contornos, fá-la resplandecer com sua mais perfeita beleza. Uma obra de sacrifício, lenta, contínua, produz maiores efeitos do que um ato sublime, mas isolado.

Consolem-se, pois, todos vocês, ignorados, que sofrem na sombra de males cruéis, e vocês que são desprezados pela sua ignorância e suas faculdades restritas. Aprendam que entre vocês, encontram-se grandes espíritos, que quiseram renascer ignorantes para humilharem-se, abandonando, por um tempo, suas faculdades brilhantes, suas atitudes, seus talentos. Muitas inteligências são veladas pela expiação; mas, com a morte, esses véus caem, e aqueles que desdenhávamos pelo seu pouco saber, eclipsarão os orgulhosos que os repudiavam. É preciso não desprezar a ninguém. Sob aparências humildes e medíocres e até entre os idiotas e os loucos, grandes espíritos ocultos na carne expiam um passado terrível.

Oh! vidas humildes e dolorosas, temperadas com lágrimas, santificadas pelo dever, vidas de lutas e de renúncia, existências de sacrifício pela família, pelos fracos, os pequenos; devotamentos desconhecidos, abnegações ignoradas, mais meritórias que os devotamentos célebres, vocês são outras tantas escadas que conduzem a alma à felicidade! É a vocês, é aos obstáculos, às humilhações das quais estão semeadas que ela deve sua pureza, sua força, sua grandeza. Com efeito, somente nas angústias de cada dia, nas imolações impostas, ensinam-lhe a paciência, a resolução, a constância, toda a sublimidade da virtude, e ela deverá a vocês a auréola esplêndida, prometida no Espaço para a fronte daqueles que sofreram, lutaram e venceram.



Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte

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