Fatalidade
A fatalidade do mal é sempre uma criação devida à nós mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.
Semelhante afi rmativa dispensa qualquer discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar- lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.
Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do resgate.
Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios
e detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de enfermidade e morte.
A Disciplina do Pensamento
Precisamos escolher cuidadosamente nossas leituras, depois, amadurecê-las em nós e assimilar-lhes a quintessência. Em geral, lê-se muito, lê-se rapidamente e não se medita. Seria preferível ler menos e refletir mais sobre o que se leu. É um meio seguro de fortificar nossa inteligência, de colher os frutos de sabedoria e beleza que nossas leituras podem conter. Nisto, como em tudo, o belo atrai e gera o belo, assim como a bondade atrai a felicidade e o mal, o sofrimento.
O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes. A palavra é brilhante, mas degenera, com muita frequência, em conversações estéreis, às vezes malfazejas; desta forma, o pensamento se enfraquece e a alma se esvazia. Ao passo que, com a meditação, o espírito se concentra; dirige-se para o lado grave e solene das coisas; a luz do mundo espiritual banha-o em suas ondas. Há, em torno do pensador, grandes seres invisíveis que só querem inspirá-lo; é na penumbra das horas tranquilas, ou à luz discreta de sua luminária de trabalho, que melhor eles podem estabelecer comunicação com ele. Em toda parte e sempre, uma vida oculta mistura-se à nossa.
O Pensamento
O pensamento é criador. Assim como o pensamento eterno projeta, ininterruptamente, no Espaço, os germens dos seres e dos mundos, também o do escritor, do orador, do poeta, do artista, faz brotar um incessante
florescer de ideias, de obras, de concepções, que vão influenciar, impressionar, para o bem ou para o mal, segundo sua natureza, a imensa multidão humana.
É por isso que a missão dos operários do pensamento é, ao mesmo tempo, grande, perigosa e sagrada.
Grande e sagrada, pois o pensamento dissipa as sombras do caminho, resolve os enigmas da vida e traça a rota da Humanidade; é sua chama que aquece as almas e embeleza os desertos da existência. É, também, perigosa, porque seus efeitos são tão poderosos para a descida quanto para a ascensão.
Diante do Destino
Todos nós, quando encarnados na Terra, estamos inelutavelmente enlaçados a certas obrigações, entre o passado e o porvir.
Por isso mesmo, o presente figurar-se-nos-á por estação proveitosa à execução daquele ou desse dever, condizentes com as necessidades que nos caracterizam na marcha evolutiva quando não serefiram à nossa regeneração pura e simples.
Temos, assim, não somente os prisioneiros do cárcere que cumprem no mundo determinadas sentenças exaradas pela justiça terrestre, mas também os prisioneiros das profissões e dos institutos domésticos, das teias da consanguinidade e das representações de caráter público, tanto quanto aqueles que se demoram nas grades do obstáculo e do infortúnio, da enfermidade e da frustração.
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