Conhecimento do futuro


Conhecimento do futuro
Em todos os tempos os homens quiseram conhecer o futuro, e faríamos vários volumes sobre os meios inventados pela superstição para levantar o véu que cobre nosso destino. Escondendo-o de nós, a Natureza 
foi muito sábia; cada um de nós tem sua missão providencial na grande colmeia humana, e concorre para a obra comum na sua esfera de atividade. Se soubéssemos, com antecedência, o  final de cada coisa, não se duvida de que a harmonia geral com isso não sofreria. Um futuro feliz, seguro, tiraria do homem qualquer atividade, já que não teria necessidade de esforço algum para chegar ao objetivo a que ele se propõe: seu bem-estar. Todas as forças físicas e morais estariam paralisadas, e a marcha progressiva da Humanidade teria parado. A certeza da infelicidade teria as mesmas consequências, por efeito do desencorajamento; cada um renunciaria a lutar contra a perda definitiva do destino. O conhecimento absoluto do futuro seria, portanto, um presente
funesto que nos conduziria ao dogma da fatalidade, o mais perigoso de todos, o mais antipático ao desenvolvimento das ideias. É a incerteza do momento do nosso fim, neste mundo, que nos faz trabalhar até o último batimento do coração. O viajante arrastado por um veículo, abandona-se ao movimento que deve levá-lo ao objetivo, sem pensar em fazê-lo desviar, porque sabe de sua impotência; tal seria o homem que conhecesse seu destino irrevogável. Se os videntes pudessem infringir esta lei da Providência, seriam iguais à Divindade; também, essa não é sua missão. 


Autor: Allan Kardec
Do Livro: Obras Póstumas

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