A verdadeira religião

A verdadeira religião
A verdadeira religião
A verdadeira religião não é uma manifestação exterior, é um  sentimento, e é no coração humano que está o verdadeiro templo do Eterno. A verdadeira religião não poderia ser limitada a regras, nem ritos acanhados. Não tem necessidade nem de fórmulas, nem de imagens; ela pouco se importa com os simulacros e formas de adoração, e só julga os dogmas pela sua influência sobre o aperfeiçoamento das sociedades. A verdadeira religião abrange todos os cultos, todos os sacerdócios, eleva-se acima deles e lhes diz: A verdade é mais alta!

Deve-se compreender, entretanto, que todos os homens não estão no estado de atingir esses cumes intelectuais. É por isso que a tolerância e a benevolência se impõem. Se o dever nos convida a desligar os bons espíritos dos aspectos vulgares da religião, é preciso abster-nos de lançar pedras às almas sofredoras,
banhadas em lágrimas, incapazes de assimilar noções abstratas, e que encontram na sua fé inocente sustento e reconforto.


Todavia, pode-se constatar que o número dos crentes sinceros diminui dia a dia. A ideia de Deus, antes simples e grande nas almas, foi desnaturada pelo medo do inferno; perdeu seu poder. Na impossibilidade de elevar-se até o absoluto, certos homens acreditaram ser necessário adaptar à sua forma e à sua medida tudo o que queriam conceber. É assim que rebaixaram Deus ao seu próprio nível, emprestando-lhe suas paixões e suas fraquezas, diminuindo a Natureza e o Universo, e, sob o prisma de sua ignorância, decompondo em cores diversas o puro raio da verdade.

As claras noções da religião natural foram obscurecidas pelo prazer. A ficção e a fantasia engendraram o erro, e este, congelado no dogma, levantou-se como um obstáculo no caminho dos povos. A luz foi velada por aqueles que se acreditavam os depositários, e as trevas em que queriam envolver os outros, fi zeram-se neles e em torno deles. Os dogmas perverteram o sentido religioso, e o interesse de casta falseou o senso moral. Daí, um amontoado de superstições, de abusos, de práticas idólatras, cujo espetáculo projetou tantos homens na negação.

Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte

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