Dupla Vida

Dupla Vida
Dupla Vida
Há em nós uma dupla vida, graças à qual fazemos parte de dois mundos, simultaneamente, em dois planos de existência. Uma tem relação com o tempo e o espaço, tal como os concebemos em nosso meio planetário, pelos sentidos do corpo; é a vida material; a outra, pelos sentidos profundos e as faculdades da alma, liga-nos ao universo espiritual e aos mundos infinitos. No curso de nossa existência terrestre, é sobretudo no estado de sono que estas faculdades podem exercer-se e as potências da alma entrar em vibração. Esta retoma, então, o contato com esse universo invisível, que é sua pátria, da qual a carne a separava; retempera-se no seio das energias eternas, para recomeçar, ao despertar, sua tarefa penosa e obscura.

Durante o sono, a alma pode, conforme as necessidades do momento ou aplicar-se a reparar as perdas vitais, causadas pelo labor cotidiano, e a regenerar o organismo adormecido, infundindo-lhe forças hauridas no mundo cósmico, ou, então, quando esta ação reparadora está concluída, retomar o curso de sua vida superior, planar acima da Natureza, exercer suas faculdades de visão a distância e de penetração das
coisas. Neste estado de atividade independente, ela já vive, por antecipação, a vida livre do espírito, pois esta vida, continuação natural da existência planetária, que a espera após a morte, ela deve prepará-la, não só por suas obras terrestres, mas também por suas ocupações, no estado de desprendimento, durante o sono. E é graças aos reflexos da luz do Alto, estendendo-se sobre nossos sonhos e clareando todo o lado oculto do destino, que podemos entrever as condições do ser, no Além.

Se nos fosse possível divisar, com uma olhada, toda a extensão de nossa existência, reconheceríamos que o
estado de vigília está longe de constituir-lhe a fase essencial, o elemento mais importante. As almas que velam por nós aproveitam nosso sono para exercitar-nos na vida fluídica e no desenvolvimento de nossos sentidos de intuição. Realiza-se, então, todo um trabalho de iniciação para os humanos ávidos de se elevar, trabalho cuja marca se imprime em seus sonhos. Assim, quando voamos, quando deslizamos rapidamente acima do solo, trata-se da sensação do corpo fluídico, exercitando-se para a vida superior.



Autor: Léon Denis
Do Livro: O Problema do Ser e do Destino

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