As relações de afeto com os desencarnados



Ao rememorar minhas observações acerca das relações de afeto com nossos entes queridos, e nas meditações sobre a possibilidade de lidar com eles, após a morte, algumas perguntas me chegaram à mente:

Como posso manter a minha relação com os entes queridos que se desligaram da vida física?

Nos reencontraremos um dia? Será que me ouvem?

Kardec em O Livro dos Espíritos, na questão 289 obtém a informação dos espíritos sobre o apoio que recebemos daqueles que se foram antes de nós, ao nos desvincularmos da matéria; esclarecem ainda sobre a alegria do reencontro pelas afeições construídas no campo material, que tem ressonância noutros planos.

E assim podemos dizer, que nós, quanto seres humanos, falíveis, mas capacitados para fazermos conquistas, usando a livre vontade para agir, registramos em nossas consciências os sentimentos que nos interessam, enviando-os aos entes pelo pensamento.

Nos aponta Léon Denis, em sua obra “O Problema do Ser e do Destino, no cap. A Morte:

(...) Estão, a vosso lado, os seres pranteados, que ides buscar no cemitério. Voltam e velam por vós. (...)”

As informações que a espiritualidade traz nos postulados espíritas consolam criaturas, que em busca de um sentido para as suas vidas corporais, principalmente quando têm que lidar com a denominada “perda dos entes queridos”, se tornam sabedores de que aqueles não estão perdidos, pois Deus em sua bondade nos oferece oportunidades de os revermos na vida espiritual, já que a ideia sobre a morte ser apenas do corpo físico e o afastamento dos amores, temporário a tudo justifica. E ainda que ao revivermos nova existência no corpo físico, o reencontro seja possível.

A consolação para os que ficam e os que se vão da Terra, foi grafada em cartas, como testemunhos dos “mortos”, de que a vida continua; estão registradas pela mediunidade psicográfica de Francisco C. Xavier e organizadas em vasta literatura espírita. Habitualmente Chico atendia a uma infinidade de pessoas, trazendo a palavra fortalecedora aos corações aflitos, encarnados e desencarnados. Se muitos encarnados choram a “perda”, os desencarnados sentem as vibrações das tristezas e sofrem igualmente.

Importante convocar as criaturas ao esclarecimento sobre o tema, seja pelo estudo das obras básicas e complementares do Espiritismo, seja informando que a comunicação pelo pensamento com os nossos queridos é possível, pois fortalece os laços e aprendemos a manter o equilíbrio, o respeito e o carinho para com todos que se despediram do convívio material, mas continuam participando do desenrolar de nossas vidas. Não sabemos como será o reencontro, na vida espiritual, mas se acreditamos na magnanimidade de Deus, não ficaremos afastados de nossos afetos interminavelmente.

E enquanto encarnados, fiquemos atentos, a fim de mantermos o estreitamento de nossos laços de afeto, mantendo as boas relações, que poderão proporcionar as alegrias do reencontro pós-morte. Assim como ilustra Denis na obra acima citada:

(...) Toda morte é um parto, um renascimento. É a manifestação de uma vida até então oculta em nós, vida invisível da Terra que vai reunir-se à vida invisível do Espaço. Depois de um período de perturbação, nós nos encontramos, do outro lado do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados. (...). O túmulo apenas encerra pó. Elevemos cada vez mais nossos pensamentos e as nossas lembranças, se quisermos reencontrar o rastro das almas que nos foram caras. (...)”

Eu, quando criança acompanhava minha mãe aos féretros, e aprendi a observar a movimentação nos cemitérios, percebia que em alguns velórios, o choro das pessoas era desesperador, alguns se desequilibravam, desmaiavam, desejando partir com o morto. Hoje observo que as pessoas choram discretamente, não se exasperam diante do morrer, e oferecem preces solicitando o equilíbrio para aquele que ora se desprende do corpo. Acredito ser o resultado do aprendizado de ouvir o que está gravado em seus íntimos, de espíritos imortais!

Caros leitores e leitoras exercitemos assim, o meditar, direcionando o nosso pensamento, emitindo aos seres amados ideias consoladoras, a força do nosso carinho, a nossa gratidão pelo aprendizado e a troca de experiências vivenciadas em parceria aqui, no mundo terrestre.

Encerro com a palavra amiga e poética de nosso querido Mestre de Tours, ilustrando as reflexões aqui exaradas:

(...) Ó morte! Ó majestade serena! Tu, de quem fazem um espantalho, és, para o pensador, apenas um instante de repouso, a transição entre dois atos do destino, quando um se acaba e o outro se prepara! Quando minha pobre alma, errante pelos mundos há tantos séculos, após muitas lutas (...) for novamente repousar em teu seio (...) inebriada ela se elevará (...) através dos Espaços insondáveis, ao encontro daqueles que aqui, ela amou e que a esperam(...).




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