A sobriedade e a continência

A sobriedade e a continência
A sobriedade e a continência
A sobriedade e a continência caminham juntas. Os prazeres da carne enfraquecem-nos, enervam-nos, desviam-nos do caminho da sabedoria. A volúpia é como um mar onde o homem vê soçobrar todas as suas qualidades morais. Desde que a deixamos penetrar em nós, é uma onda que nos invade, nos absorve, e que apaga tudo o que há de luzes, de generosas chamas no nosso ser. Longe de satisfazer-nos, ela apenas atiça nossos desejos. Modesta visitante no início, termina por dominar-nos, por possuir-nos completamente. 

Evitem os prazeres corruptores, onde a juventude estiola-se, onde a vida se desseca e se altera. Escolham cedo uma companheira e sejam-lhe fiel. Constituam uma família. É o quadro natural de uma existência honesta e regular. O amor da esposa, a afeição dos filhos, a atmosfera sã do lar são preservativos soberanos contra as paixões. No meio desses seres que nos são caros, que veem em nós seu único apoio, o sentimento de nossa responsabilidade cresce. Nossa dignidade, nossa circunspecção aumentam; compreendemos melhor nossos
deveres e, nas alegrias que essa vida nos proporciona, haurimos forças que tornam seu cumprimento fácil. Como ousar cometer atos dos quais nos envergonharíamos sob olhar de nossa esposa e de nossos filhos? Aprender a dirigir os outros, é aprender a dirigir-se a si próprio, a tornar- se prudente e sábio, a afastar tudo o que pode manchar nossa existência.

É condenável viver só. Dar, porém, sua vida aos outros, ver-se reviver nos filhos dos quais soubemos fazer homens úteis, servidores zelosos da causa do bem, morrer, depois de lhes ter inculcado um sentimento profundo do dever, um conhecimento amplo dos seus destinos, aí está uma nobre tarefa.



Autor: Léon Denis
Do Livro: Depois da Morte.

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