"Todas as virtudes e todos
os vícios são inerentes ao espírito, sem isso onde estaria o mérito e a
responsabilidade?” E.S.E – cap. IX, item 10 (Hahnemann, em Paris, 1863).
“Christian Friedrich Samuel
Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755, em Meissen, na Alemanha. Seus pais lhe
deram o nome de Christian, seguidor de Cristo.
Seu pai era pintor de porcelana e
ele mesmo foi preparado para seguir a carreira paterna. Desta forma, aprendeu
na Escola várias línguas estrangeiras: inglês, francês, espanhol, latim, árabe,
grego, hebreu e caldeu, além da língua nacional. O objetivo era poder, no
futuro, comercializar em outros países a porcelana.
Mas, o seu destino seria outro. Foi
estudar Medicina em Leipzig e Viena. Por ser pobre, sustentava-se fazendo
traduções, e assim entrando em contato com obras sobre doutrinas existenciais.
Em 1812, era docente da Universidade
de Leipzig. Contudo, na carreira médica se mostrava inquieto por não conseguir
bons resultados na cura dos enfermos que tratava.
Finalmente, aos 36 anos, após a
morte de um amigo que cuidava clinicamente, resolve abandonar a
medicina.
Adentra o seu consultório e avisa a seus pacientes que não mais os atenderá. Se
os não pode curar, de que vale a sua ciência! E despede a todos.
Está profundamente desanimado. Para
sobreviver e sustentar a família trabalha em traduções, mais especialmente na
área da química e da farmacologia.
Fazendo a tradução de uma obra de um
médico escocês William Cullen, no ano de 1790, surpreende-se com a descrição
das propriedades do quinino. Chama-lhe a atenção, em especial, o fato de que a
intoxicação pelo quinino tinha sintomas semelhantes aos da enfermidade natural
da febre intermitente.
Ele próprio passou a ingerir doses
de quinino, comprovando que os resultados eram semelhantes à febre combatida
por aquele produto.
Repetiu a experiência com outras
drogas, como o mercúrio, a beladona, a digital, sempre no homem sadio,
concluindo por elaborar a doutrina homeopática, resumida na expressão
"similia similibus curantur", ou seja, sintomas semelhantes são
curados por remédios semelhantes.
Já no ano de 1796, suas observações
foram divulgadas. Observações que passariam a compor sua mais importante obra:
O Organon, publicado em 1810, onde explica seu sistema e cria a Homeopatia.
Depois, publicaria Ciência Médica Pura e Teoria e tratamento homeopático das
doenças crônicas.
Nos princípios homeopáticos
estabelece-se que toda substância que, em dose ponderável, é capaz de provocar
no indivíduo são um quadro sintomático, também tem capacidade de o fazer
desaparecer, com administração em pequenas doses. Também que a preparação dos
medicamentos requer diluições infinitesimais, pois que elas teriam a capacidade
de desenvolver as virtudes medicinais dinâmicas das substâncias grosseiras.
Desde os primeiros momentos,
Hahnemann sofreu acirrada campanha contrária ao que expunha, em especial dos
farmacêuticos, pelo que muito padeceu.
Somente em 1835, já com seus 80
anos, viúvo, foi procurado por uma jovem que o buscou em sua cidade como último
recurso médico e foi por ele curada. Eles se consorciam e ela o leva para
Paris, onde finalmente obtém geral reconhecimento.
Foi em Paris que ele desencarnou a 2
de julho do ano de 1843. (1)
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap 9 que trata da bem
aventurança aos mansos e pacíficos, vamos encontrar sua orientação, entre
outras de membros da equipe espiritual que apóiam Kardec na organização e
difusão da Doutrina Espírita. No item 10, que fala da cólera, ele destaca o poder da vontade, que favorece “transformações verdadeiramente miraculosas”
no espírito, apesar dos vícios que carrega em seu íntimo. Ele aponta ainda:
“(...) o homem permanece vicioso porque
quer ficar vicioso; mas aquele que deseja se corrigir sempre pode fazê-lo
(...).”(2)
Santo Agostinho
disserta sobre o magnetismo, na Revista Espírita de 1863: “A homeopatia, provando a força da matéria
espiritualizada, se liga ao papel importante que o perispírito desempenha em
certas afecções; ela ataca o mal em sua própria fonte que está fora do
organismo, do qual a alteração não é senão consecutiva”.
O
Espírito Hahnemann, na revista citada acima, esclarece a ciência daquela época: “(...) Se falasse num centro prático, onde
os conselhos pudessem ser ouvidos com fruto, levantar-me-ia a contra a
negligência de meus colegas terrestres, que desconhecem as leis primordiais do Organon, exagerando as doses, e
sobretudo não trazendo à trituração tão importante dos medicamentos os cuidados
que indiquei.(...) ” (3)
Em 1842 foi
criado o Instituto Homeopático do Brasil, por iniciativa de Bento Mure (França
1809-1858), um seu seguidor.
Atualmente a
homeopatia é amplamente utilizada, e existem muitas farmácias e profissionais à
disposição da população, inclusive na rede pública de saúde.
Como referência
de pesquisa e ensino nesta cidade há o Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB),
fundado em 1859, instalado à Rua Frei Caneca, 94. Centro, que abriga a
Farmácia-Escola, o Ambulatório-Escola e cursos de graduação e especialização em
homeopatia. O ensino está a cargo da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (UNIRIO), sob os auspícios do IHB. (4)
Autora: Magdala Monteiro
Bibliografia:
(2)
O Evangelho Segundo o Espiritismo. 5ª ed. Ed. CELD. RJ:2010.
(3) Kardec,
Allan. Revista Espírita, julho de
1863. Trad. Ed. FEB. 2006.
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