Majestade Serena

Majestade Serena
Majestade Serena
Ó morte! Ó majestade serena! Tu, de quem fazem um espantalho, és, para o pensador, apenas um instante de repouso, a transição entre dois atos do destino, quando um se acaba e o outro se prepara! Quando minha pobre alma, errante pelos mundos há tantos séculos, após muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de tantas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for novamente repousar em teu seio, será com alegria que ela saudará a aurora da vida fluídica. Inebriada, ela se elevará do ambiente do pó terrestre, através dos Espaços insondáveis, ao encontro daqueles que, aqui embaixo, ela amou e que a esperam.

Para a maioria dos homens, a morte continua sendo o grande mistério, o sombrio problema que não se ousa
olhar de frente. Para nós, é a hora bendita em que o corpo fatigado retorna à grande Natureza, para permitir a Psique, sua prisioneira, livre passagem, em direção à pátria eterna.

Essa pátria é a imensidão radiosa, pontilhada de sóis e esferas. Perto deles, como nossa pobre Terra pareceria minúscula! O Infinito a envolve completamente. Assim como não tem fim a extensão, também a duração não tem fim, quer se trate da alma ou do Universo.

Da mesma forma que cada uma de nossas existências tem seu termo e tem de findar, para dar lugar a uma
outra vida, cada um dos mundos semeados no Universo tem de morrer para dar lugar a outros mundos mais perfeitos.

Dia virá em que a vida humana se extinguirá no globo resfriado. A Terra, vasta necrópole, rodopiará, desolada, na amplidão silenciosa. Ruínas imponentes levantar-se-ão onde se erguiam Roma, Paris, Constantinopla, cadáveres de capitais, últimos vestígios de raças extintas, gigantescos livros de pedra, que nenhum olho carnal lerá mais. Mas a Humanidade só terá desaparecido da Terra, a fim de prosseguir, em esferas mais bem preparadas, outras etapas de sua ascensão. A onda do progresso terá varrido todas as almas terrestres para planetas mais propícios à vida. É provável que civilizações prodigiosas floresçam, então, em Saturno e em Júpiter; humanidades renascentes ali eclodirão, numa glória incomparável. Lá é o ambiente futuro dos humanos, seu novo campo de ação, os lugares benditos, onde ainda lhes será possível amar e trabalhar em seu aperfeiçoamento.



Autor: Léon Denis
Do Livro: O Problema do Ser e do Destino.

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