Infortúnio Real |
Exagera-se muito a respeito do infortúnio, quando algo de desagradável acontece perturbando o ritmo normal da vida de alguém.
A maioria das criaturas, em razão do enfoque equivocado a respeito da felicidade, sente-se desventurada, afirmando que a sua existência corporal deveria transcorrer tranquila, sem acidente de natureza alguma, de modo a ser considerada venturosa.
Quaisquer transtornos financeiros ou sociais, as dificuldades de relacionamento ou desequilíbrios orgânicos, a solidão ou os sofrimentos num dos seus variados matizes, logo são levados a conta de infortúnio, de desgraça.
Sem resistências morais para enfrentar as vicissitudes naturais do processo evolutivo, tais pessoas deixam-se consumir pela revolta ou sucumbem sob o peso da depressão e da amargura.
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Quantas alegrias malsãs transformam-se, com o tempo, em desar e problema?
Quantas conquistas logradas agora, a alto preço, serão tormento constante amanhã?
Quantos sorrisos no começo terminam em lágrimas?
As consequências dos atos dão-lhes a dimensão, o valor legítimo do seu significado.
Quando nobremente realizados, resultam positivos, mesmo que, de início, constituam sacrifício e abnegação.
Aqueles, no entanto, que acarretam padecimentos para o próximo, embora proporcionem momentâneo bem-estar ao seu usuário, sim, são as verdadeiras matrizes do infortúnio real, porque retornarão à origem, carregados de desdita, impondo retificação (...)
Não são os fatores externos os responsáveis pelo sucesso ou fracasso; mas a atitude íntima do homem, face aos acontecimentos que o envolvem.
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Muitas vezes, o infortúnio está na riqueza, em razão da forma como é aplicada, gerando miséria e dor em derredor, ao mesmo tempo embriagando de orgulho o seu detentor temporal.
O mesmo se dá com a pobreza, que recebida com resignação, converte-se em tesouro de incalculáveis bens para quem a experimenta.
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Aqueles que hoje choram, confiantes no amanhã e em paz, sorrirão mais tarde.
Aqueloutros que sorriem agora, tripudiando sobre os padecentes, virão a chorar, pois que são, em verdade, as vítimas do infortúnio real, que não souberam ou não quiseram superar.
Autora: Joanna de Ângelis
Do Livro: Luz da Esperança.
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