A Idéia de Deus e a Experimentação Psíquica

A Idéia de Deus e a Experimentação Psíquica
A Idéia de Deus e a Experimentação Psíquica
Chegamos, agora, a um ponto particularmente delicado da questão. Censura-se, às vezes, aos espíritas de não viverem sempre em harmonia com seus princípios; fazem-lhes observar que neles o sensualismo, os apetites materiais, o amor pelo lucro ocupam um lugar frequentemente considerável. Censuram-nos, sobretudo, as divisões intestinas, as rivalidades de grupos e de pessoas, que são um obstáculo tão grande à organização das forças espíritas e à sua marcha adiante.

Não nos convém insistir nesses propósitos; não queremos pronunciar aqui nenhum julgamento desfavorável a ninguém. Que nos permitam apenas observar que não seria reduzindo o Espiritismo ao papel de simples ciência de observação que se conseguiria compensar, atenuar essas fraquezas. Ao contrário, só se faria agravá-las. O Espiritismo exclusivamente experimental não teria a autoridade nem o poder moral necessários para religar as almas. Alguns creem ver no esquecimento da ideia de Deus uma medida proveitosa para o Espiritismo. Diremos que é a insuficiência atual dessa noção e, ao mesmo tempo, a insuficiência dos nobres sentimentos e das elevadas aspirações que ocasionam a falta de coesão e criam as dificuldades de organização do Espiritismo. Com efeito, é preciso observar
uma coisa: quando a ideia de Deus se enfraquece numa alma, a noção do “eu”, quer dizer, da personalidade, logo aumenta; ela cresce ao ponto de se tornar tirânica e absorvente. Uma dessas noções só aumenta e se fortifica em detrimento da outra. Quem não adora a Deus, disse um pensador, adora-se a si mesmo!


O que é bom para os meios de experimentação espírita, é bom para a sociedade inteira. A ideia de Deus — nós a demonstramos — liga-se estreitamente à ideia de lei como a de dever e de sacrifício. A ideia de Deus liga-se a todas as noções indispensáveis à ordem, à harmonia, à elevação dos seres e das sociedades. É por isso que, quando a ideia de Deus declina, todas essas outras noções se enfraquecem; elas se dissipam pouco a pouco, para dar lugar ao personalismo, à presunção, ao ódio a qualquer autoridade, a qualquer direção, a qualquer lei superior.(...)

É verdade que nos falam muito de altruísmo, que se chama também amor da Humanidade, e pretende-se que esse sentimento deva ser suficiente. Mas como faremos do amor pela Humanidade uma coisa vivida, realizada, quando não se chega nem mesmo, não direi a se amar, mas apenas a se suportar uns aos outros? Para agruparem os sentimentos e as aspirações, é preciso um ideal poderoso. Pois bem! Esse ideal, vocês não o encontrarão no ser humano, terminado, limitado; vocês não o encontrarão nas coisas desse mundo, todas passageiras e transitórias. Ele só existe no Ser infinito, eterno. Só ele é bastante vasto para recolher, absorver todos os impulsos, todas as forças, todas as aspirações da alma humana, para aquecê-los e fecundá-los. Esse ideal é Deus!

Mas, o que é o ideal? É a perfeição. Sendo Deus a perfeição realizada é, ao mesmo tempo, o ideal real, o ideal vivo!



Autor: Léon Denis
Do livro: O Grande Enigma

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