Em Tours

Em Tours
Em Tours
Dessa vez a família Denis veio se fixar em Tours, definitivamente. Transferida, empurrada para cá e para lá, desde a saída de Foug, ela iria encontrar, finalmente, nessa cidade, uma estabilidade ardentemente desejada pela mãe e pelo filho. No entanto, os meios de subsistência continuavam precários.

O adolescente que, na estação de Moux, mantinha os registros com sua bela letra e manejava o telégrafo, teve, como em Bordeaux, de se dedicar a trabalhos braçais, para os quais não tinha condições físicas.

Aos 16 anos, escreveu ele, numa faïencerie de Tours, “eu carregava, às costas, os cestos com os produtos quando eram retirados do forno”.

(...) Na impossibilidade de fazer melhor, frequentava as aulas noturnas de uma escola da vila. (...)

(...) Tudo o atraía para os estudos geográficos. Sem dúvida, já sonhava com viagens e longas excursões. (...)

Foi nessa época que nosso estudante solitário alimentou um desejo que há muito tempo estava em seu coração: adquirir, com seus próprios recursos, a Geografi a Universal de Malte-Brun, que era publicada em fascículos, ilustrados por Gustave Doré.


Para tanto, sem revelar a ninguém — porque poderia ser censurado por sonhar em fazer uma tal despesa com um livro — passou a economizar as gratificações que recebia a mais, de seu pequeno salário, a fim de obter a importância necessária para a compra.

Suas economias cresciam lentamente, lentamente, até que, um dia, sua mãe descobriu o esconderijo e, sempre em dificuldades, lhes deu um destino mais imediato.

A boa mulher jamais percebeu o real desgosto e a desilusão que aquele sumário confisco havia causado a seu filho.

Entretanto, nenhuma decepção, nem mesmo a tarefa diária e os trabalhos cansativos, que sobrecarregam os músculos e esvaziam o cérebro, chegavam a desanimar o jovem em sua vontade de se instruir.(...)

Assim, desde que o jovem operário tinha um momento livre, dedicava-se a seus caros estudos, apaixonada e alegremente, completando, por seus próprios esforços, uma instrução fragmentária, cujas lacunas bem conhecia.


Autor: Gaston Luce
Do livro: Léon Denis, o Apóstolo do Espiritismo

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