No Grande Adeus

No Grande Adeus
No Grande Adeus
Cerraste os olhos dos entes amados, orvalhando-lhes o rosto inerte com as lágrimas que te corriam da ternura despedaçada, e inquiriste, sem palavras, para onde se dirigiam no grande silêncio.

Disseste adeus, procurando debalde aquecer-lhes as mãos frias, desfalecentes nas tuas, e colaste neles o ouvido atento, no peito hirto, indagando do coração prostrado a razão por que parou de bater.

Entretanto, o vaso impassível nada pode informar, quanto à destinação do perfume.

Ergue as antenas da prece, no santuário da tua alma, e perceberás o verbo inarticulado dos que partiram...

Saberás, então, que te comungam a dor, estendendo-te as mãos ansiosas.

Arrojados à vida nova, querem dizer-te que ressurgiram. Extasiados, perante o sol que a imortalidade lhes apresenta, suspiram por transfundir a saudade e o amor, no cálice da esperança, para que não desfaleças.

Libertos do cárcere em que ainda te encontras, rogam-te a paz e conformação, para que possam, enfim, demandar a renascente manhã que lhes acena dos cimos...


Não lhes craves nos ombros a cruz da aflição, nem lhes turves a mente, no nevoeiro de pranto que te verte da angústia.

Honra-lhes a memória, abraçando os deveres que te legaram, e ajudaos para que avancem com a tua bênção, de modo a te prepararem lugar, na pátria comum, em que todos nos reuniremos um dia.

São agora companheiros que te pedem fidelidade e consolo para que te confortem, à maneira da árvore que solicita a rega da fonte a fim de preservar-se contra a secura.

Ante o fel da separação, trabalha com paciência e confia neles!... E quando a agonia da suposta distância te constrinja os refolhos do espírito, deixa que eles próprios te falem ao pensamento, sob a luz da oração.


Autor: Emmanuel
Do livro: Justiça Divina

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