A Alma e os Diferentes Estados do Sono

A Alma e os Diferentes Estados do Sono
A Alma e os Diferentes Estados do Sono
Às vezes, a alma se afasta, durante o repouso do corpo, e são as impressões de suas viagens, os resultados de suas buscas, de suas observações, que se traduzem pelo sonho. Neste estado, um elo fluídico liga-o ainda a seu organismo material e por este elo sutil, espécie de fio condutor, as impressões e as vontades da alma podem transmitir-se ao cérebro. É pelo mesmo processo que, nas outras formas do sono, a alma comanda seu envoltório terrestre, controla-o, dirige-o. Esta direção que, no estado de vigília, durante a incorporação, se exercia de dentro para fora, vai ocorrer em sentido inverso, nos diversos estados de desprendimento. A alma, emancipada, continuará a influenciar o corpo, através deste elo fluídico que continuamente os liga, um à outra. Então, com sua potência psíquica reconstituída, a alma exercerá sobre seu organismo carnal um comando mais eficaz e mais seguro. O caminhar dos sonâmbulos, à noite, em lugares perigosos, com inteira segurança, é uma evidente demonstração deste fato.

Assim também ocorre com a ação terapêutica provocada pela sugestão. Esta é eficaz, principalmente, porque facilita o desprendimento da alma, garantindo-lhe seu poder de controle absoluto, a liberdade necessária para dirigir a força vital acumulada no peris pírito e, deste modo, reparar as perdas sofridas pelo corpo físico. Constatamos este fato nos casos de dupla personalidade. A segunda personalidade, mais completa, mais íntegra que a personalidade normal, substitui-se a ela, com um objetivo curativo, por meio de uma sugestão exterior, aceita e transformada em autossugestão pelo espírito do sujet. De fato, este nunca abdica seus direitos e poderes de controle. Como disse Myers: “Não é a ordem do magnetizador, mas, antes, a faculdade do sujet que representa o nó da questão. O sábio professor de Cambridge diz, ainda: “O objetivo final de todos os processos hipnógenos é energizar a vida; é atingir, mais rápida e completamente, resultados que a vida, entregue a si mesma, só realiza lentamente e de maneira incompleta”.


Em outras palavras, o hipnotismo é a postura em ação, em um grau mais intenso, das energias reparadoras que fazem parte do sono natural. A sugestão terapêutica é a arte de liberar o espírito do corpo, abrir-lhe um caminho, pelo sono, e permitir-lhe exercer, em sua plenitude, seus poderes sobre o corpo doente. As pessoas sugestionáveis são aquelas cujas almas, preguiçosas ou pouco evoluídas, não têm habilidade para desprender-se por si mesmas e agir utilmente, no sono comum, para reparar as perdas orgânicas. Portanto, a sugestão é, em princípio, somente um pensamento, um ato da vontade, diferindo apenas da vontade comum por sua concentração e sua intensidade. Em geral, nossos pensamentos são múltiplos e ondulantes; nascem e passam, ou, então, quando subsistem em nós, chocam-se e se misturam. Na sugestão, o pensamento e a vontade fixam-se em um ponto único. Ganham em potência o que perdem em extensão. Por sua ação, tornada mais penetrante, mais incisiva, provocam no sujet o despertar das faculdades não utilizadas no estado normal. A sugestão torna-se, então, uma espécie de propulsor, de alavanca, que mobiliza a força vital, dirigindo-a para o ponto em que deve agir.


Autor: Léon Denis
Do livro: O Problema do Ser e do Destino

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