Médiuns e Obsessão

Médiuns e Obsessão
Médiuns e Obsessão
Entre diversas passagens evangélicas, existem duas em “Atos dos Apóstolos” sobre as quais, de quando em vez, deveríamos meditar, vacinando-nos contra o assédio das ideias obsessivas no que tange aos nossos próprios valores diante da Vida.

A primeira está inserida no cap. 10, versículos 25 e 26, quando Pedro encontra-se com Cornélio em Cesareia: “Aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-Ihe aos
pés, o adorou.

Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem.”

A segunda passagem referida envolve Paulo e Barnabé, na cidade de Listra, conforme pode-se ler no cap. 14, versículos 11 e seguintes: “Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós.

A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra.


O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões.

Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando:

“Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos (...)”

Assim como um processo obsessivo pode terminar com o exercício consciente da mediunidade, a mediunidade exercida de forma irresponsável pode desencadear um processo obsessivo de longo curso.

No capítulo precedente, quando examinamos a questão do personalismo, deixamos implícito o alerta para os companheiros da mediunidade que não exercem sobre si mesmos a vigilância necessária.

Vejamos que a luta contra a idolatria humana vem desde os tempos apostólicos. Pedro, Paulo e Barnabé não se cansam de declarar as suas limitações, impedindo que fossem confundidos com os “deuses”... Infelizmente, muitos medianeiros, que estimam o elogio fácil, tornam-se presas da obsessão, “adoecendo” as faculdades medianímicas de que são portadores. Não raro, passam a acreditar que são superiores, inclusive, aos Benfeitores Espirituais que se comunicam por seu intermédio... Quando tal ocorre, as advertências do Mundo Espiritual lhes são endereçadas de maneira constante; entretanto eles quase nunca as tomam para si e chegam a se aborrecer com os companheiros médiuns que são utilizados para semelhante mister.

Numa outra passagem evangélica, Jesus recomenda aos apóstolos que se considerem servos imperfeitos, porque, em cumprindo o dever, nada mais fizeram do que Ihes competia fazer...

O médium, e o espírita de maneira geral, é uma pessoa como as demais; o que o diferencia, se é que algo o diferencia, é a sua maior responsabilidade pelos conhecimentos adquiridos e, consequentemente, a sua maior obrigação de servir.

É indispensável que, imitando Paulo e Barnabé, os médiuns “rasguem as vestes” do personalismo e da vaidade, impedindo que se crie deles uma falsa imagem...

Dificilmente, na Terra, o médium, seja ele qual for, escapará ao assédio das tentações... Paulo confessava trazer “um espinho” cravado na carne por constante advertência, a fim de que de nada se vangloriasse... Mas sofrer o assédio das tentações é uma coisa, ceder a ele é outra.

Escrevendo aos habitantes de Corinto, Paulo acentua no cap. 9, versículo 12, de sua primeira epístola: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia”. E como que complementando o seu pensamento, vejamos a palavra do apóstolo em sua segunda carta aos Coríntios, no cap. 12, versículo 10: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte”. (Os grifos são nossos.)

Longe da ideia de masoquismo, Paulo sabia que é a humildade que confere ao homem a verdadeira grandeza e que a consciência de suas fraquezas é o que eleva acima de si mesmo.



Autor: Odilon Fernandes
Do livro: Mediunidade e Evangelho

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