O Papel dos Espíritos

O Papel dos Espíritos
O Papel dos Espíritos
“O papel dos Espíritos não é o de vos esclarecer sobre as coisas desse mundo, mas o de vos guiar com segurança no que vos pode ser útil para o outro. Quando vos falam das coisas desse mundo é porque julgam necessário, mas não a vosso pedido. Se vedes nos Espíritos os substitutos dos adivinhadores e dos feiticeiros, então é certo que sereis enganados.” (O Livro dos Médiuns, Segunda Parte, cap. XXVII.)

Quando Moisés, o grande legislador hebreu, proibiu a evocação dos mortos, conforme pode-se ler no livro Deuteronômio, objetivava impedir que se vulgarizasse a comunicação entre os dois planos da vida.

Os judeus, no exercício da mediunidade, entravam em contato com os espíritos com tal facilidade que passaram a consultá-los sobre os mais comezinhos acontecimentos do cotidiano, eximindo-se de toda e qualquer responsabilidade em suas ações.

A maioria dos medianeiros daquela época, entretanto, cobravam pelos seus ofícios, estabelecendo um verdadeiro “comércio” entre os vivos e os “mortos”, atraindo quase que somente espíritos que nada poderiam acrescentar à moral de seu povo.


Moisés teve razões de sobra para fazer o que fez.

Os sensitivos judeus, já naquele tempo, simulavam comunicações aos seus consulentes, quando não lhes era possível obtê-las de maneira espontânea.

A situação que esboçamos acima não se alterou muito nos dias de hoje.

Médiuns que se dizem espíritas, valendo-se do prestígio conquistado pela Doutrina, à custa do sacrifício de seus verdadeiros adeptos, enxameiam em toda parte...

Distribuem panfletos pelas ruas das grandes cidades, dizendo-se clarividentes e curadores, capazes de solucionar os mais intrincados problemas de ordem afetiva...

Fixam preços para consultas como se fossem respeitáveis profissionais que pudessem cobrar pelos seus serviços...

Edificam templos e colocam o nome de “espírita” na fachada...

O pior é que as pessoas, sempre correndo atrás do imediatismo terrestre, atraídas pelo maravilhoso e pelo sobrenatural, desejosas de se relacionarem com o desconhecido, deixam-se enganar, porque é sempre mais fácil estender a mão para uma leitura de “buena dicha”, do que estendê-la no cumprimento do dever com o qual carecemos estar em dia.

Os médiuns espíritas devem se abster de comparecer a essas reuniões de caráter particular, onde os espíritos que se manifestam são questionados da forma mais absurda, obrigando-se a detalhar a vida de cada um dos participantes com estranhas e surpreendentes revelações.

Os espíritos esclarecidos não se comunicam com esta finalidade. A sua missão é a de orientar os homens para o bem, auxiliando-os em seu crescimento interior. E se consideram mesmo contrariados quando lhe são dirigidas perguntas de ordem material, retirando-se discretamente e deixando que outros espíritos, tomando o seu lugar, as respondam como entenderem.

Os espíritos que se prestam a essas sessões de frivolidade são frívolos quanto os médiuns de que se servem.

Aqui necessitamos fazer pequena ressalva. Uma vez ou outra, espíritos, prevalecendo-se do instante de recolhimento e do ambiente de preces de uma família, sentindo que existe a necessidade de sua palavra de encorajamento, principalmente quando esta família esteja atravessando uma provação difícil, podem envolver um médium presente e, por seu intermédio, transmitir a mensagem que julgam oportuna.

Os cristãos primitivos, nas catacumbas em que se reuniam, ou nos cultos que realizavam em suas comunidades, recebiam comunicados espirituais que os incentivavam no serviço da Boa Nova; dentro das próprias prisões, antes que fossem para a arena testemunhar com a vida a sua fé no Evangelho, diversos médiuns ficavam sintonizados com os espíritos dos companheiros que os haviam antecedido no sacrifício, encorajando-os ao testemunho extremo.

Não é por falta de médiuns e nem por falta de espíritos que os homens estarão privados de comunicação com o além-túmulo... Mas para que uma comunicação seja, de fato, considerada útil, é preciso que um espírito sério se una a um médium cônscio de suas responsabilidades. E isto, infelizmente, não acontece com tanta frequência.



Autor: Odilon Fernandes
Do livro: Mediunidade e Caminho

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