Médiuns doentes


Ao orientar alguém para o desenvolvimento mediúnico, é necessário 
ter-se muito cuidado, porque nem todas as pessoas encontram-se em condições de lidar com as suas faculdades psíquicas.

Às vezes, recomendar que determinada pessoa procure desenvolver-se mediunicamente é empurrá-la para maior desequilíbrio, visto que, do ponto de vista do equilíbrio emocional, ela pode não estar preparada.

Como sempre, Kardec foi muito feliz ao escrever o texto que encima as nossas reflexões neste capítulo.

Como alguém com certa tendência esquizofrênica poderia se ocupar da mediunidade, sem alterar ainda mais o seu psiquismo?!

Quase todos os nossos irmãos mentalmente alterados, revelam certa disposição para o que consideram “sobrenatural”... Vivendo já, psiquicamente, entre os dois mundos, com suas visões e vozes, esses companheiros devem canalizar seus recursos mediúnicos para alguma tarefa assistencial onde, através do tempo, encontrem o equilíbrio que procuram.

Colocar na cabeça de alguém com “sintomas de excentricidade nas ideias” que ele é médium é mais prejudicar do que auxiliá-lo, de vez que isto poderá causar-lhe imensos transtornos mentais, afastando-o da terapia ocupacional da caridade que, na realidade, seria o único recurso capaz de favorecê-lo.

É comum que os centros espíritas sejam frequentados por companheiros com certos distúrbios psicológicos... Procuremos socorrê-los através do passe, dando-lhes pequenas tarefas a serem executadas, como, por exemplo, a distribuição de mensagens à porta da instituição.

Compreendemos que, não raro, os amigos que orientam à mediunidade os companheiros com predisposição ao desequilíbrio agem com a melhor das intenções, porque, de fato, é melhor que eles se acreditem médiuns do que socialmente marginalizados pelos seus distúrbios psicológicos; mas, embora potencialmente todos sejamos médiuns, não podemos ignorar que entre ser-se médium e estar-se preparado para o exercício da mediunidade a distância é muito grande.

Os médiuns doentes primeiro carecem de tratamento – tratamento médico especializado e tratamento espiritual, a fim de que, futuramente, quem sabe até numa próxima encarnação, tornem-se aptos ao exercício propriamente dito de suas faculdades mediúnicas.

Esses médiuns doentes, aqui chamados assim por nós, para maior clareza de entendimento, alcançando significativa melhora em seu estado geral, poderão até cooperar na transmissão de passes no centro espírita; todavia de forma alguma seria aconselhável que, mediunicamente, excedessem este mister. E, mesmo cooperando na transmissão dos passes, devem fazê-lo em reunião menos concorrida, onde não haja tanta aglomeração de pessoas.

A pretexto de caridade, os responsáveis pelas atividades do grupo espírita nunca deverão permitir que esses nossos irmãos médiuns em processo de reequilíbrio mediúnico excedam-se nas atribuições que lhes são confiadas.

Sabemos da delicadeza do assunto que abordamos, mas o fazemos com o máximo respeito e o desejo sincero de cooperar com os médiuns que renasceram em dolorosos processos de resgate. Efetivamente, muitos deles foram médiuns que, em existência pregressa, abusaram das próprias faculdades ou, então, companheiros que induziram os outros à loucura e, agora, trazem enquistado no próprio ser o germe da perturbação.

Vejamos, pois, a responsabilidade que assumem os que, indiscriminadamente, orientam as pessoas para o desenvolvimento mediúnico, sem uma noção mais exata de seu estado psicológico; a sua responsabilidade é tão grande quanto a daqueles que rotulam os outros de doentes mentais, colocando-lhes sobre os ombros a pesada cruz da marginalização social.

A caridade não deve desprezar o bom-senso, para que o bem que desejamos fazer, e nos seja feito, alcance toda a sua extensão.

Não nos esqueçamos de que a nossa fé é raciocinada e, por isto, coração e razão precisam se entender, falando a mesma linguagem.

Nem sempre o que se deixa levar apenas pelo coração está agindo corretamente.

O Amor de Deus pelas criaturas não é cego


Do livro: Somos todos médiuns
Psicografia: Carlos A. Baccelli

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