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O egoísmo |
O egoísmo traz em si seu próprio castigo. O egoísta não vê senão a sua pessoa no mundo. Assim, suas horas estão semeadas de tédio. Encontra o vazio por toda a parte, na existência terrestre como depois da morte, pois, homens ou espíritos, todos lhe fogem.
Aquele que, ao contrário, coopera na medida de suas forças na obra social, que vive em comunhão com seus semelhantes, fazendo-os compartilhar de suas faculdades e seus bens, como ele compartilha dos seus, espalhando ao seu redor o que há de bom em si, este se sente mais feliz. Tem consciência de obedecer à lei, de ser um membro útil da sociedade. Tudo o que se realiza nesse mundo o interessa; tudo o que é grande e belo, sensibiliza-o e o comove; sua alma vibra em uníssono com todas as almas esclarecidas e generosas e o tédio, o desencanto não têm poder sobre ele.
Nosso papel não é, portanto, o de abster-nos, mas de combater sem descanso pelo bem e a verdade. Não é sentado ou deitado que nos cumpre contemplar o espetáculo da vida humana nessas perpétuas renovações; é de pé, como pioneiro, como soldado pronto para participar de todas as grandes tarefas, a traçar novos caminhos, a fecundar o patrimônio comum da Humanidade. Embora se encontre em todas as camadas da sociedade, esse vício é muito mais o apanágio do rico do que do pobre. Com muita frequência a prosperidade torna insensível o coração, enquanto que o infortúnio, fazendo-nos conhecer o peso da dor, ensina-nos a nos compadecermos dos males alheios. O rico sabe ao menos ao preço de que penas, de que duros labores criam-se mil coisas com as quais se compõe seu luxo?
Autor: Léon Denis
Do Livro: Depois da Morte
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