O Universo e Deus |
O espetáculo da Natureza, a visão dos céus, das montanhas, do mar apresentam ao nosso espírito a ideia de um Deus oculto no Universo.
A consciência mostra-o em nós, ou melhor, ela mostra em nós alguma coisa dele: é o sentimento do dever e do bem; é um ideal moral para o qual tendem as faculdades do espírito e os sentimentos do coração. O dever ordena imperiosamente; impõe-se; sua voz comanda todas as potências da alma. Há nele uma força que impulsiona os homens até o sacrifício. Apenas ele dá à existência sua grandeza, sua dignidade. A consciência é a manifestação em nós de uma potência superior à matéria, de uma realidade viva e agente.
A razão nos fala, igualmente, de Deus. Os sentidos fazem-nos conhecer o mundo material, o mundo dos efeitos; a razão nos revela o mundo das causas; ela é superior à experiência. Esta constata os fatos, a razão os agrupa e deles deduz as leis. Apenas ela nos demonstra que na origem do movimento e da vida encontra-se a inteligência, que o menor não pode conter o maior, nem o inconsciente produzir o consciente, o que resultaria, entretanto, da concepção de um Universo que se ignora a si mesmo. A razão descobriu as leis universais antes da experiência; esta apenas confirmou suas visões e dela forneceu a prova.
Mas há graus na razão; essa faculdade não é igualmente desenvolvida em todos os homens. Daí, a desigualdade e a variedade de suas opiniões.
Se o homem soubesse se recolher e se estudar, se afastasse da sua alma toda a sombra que aí acumulam as paixões; se, rasgando o véu espesso nos quais os preconceitos, a ignorância, os sofismas o envolveram, descesse ao fundo da sua consciência e da sua razão, ele aí encontraria o princípio de uma vida interior completamente oposta à vida exterior. Através dela, ele poderia entrar em relação com a Natureza inteira, com o Universo e Deus, e essa vida lhe daria como um antegozo daquela que lhe reservam o futuro no Além e os mundos superiores. Ali também está o livro misterioso onde todos os seus atos, bons ou maus, inscrevem-se, onde todos os fatos da sua vida se gravam em caracteres indeléveis, para reaparecer numa resplandescente claridade na hora da morte.
Autor: Léon Denis
Do Livro: Depois da Morte
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