As guerras

As guerras
As guerras
Dentre todas as calamidades que periodicamente assolam a Humanidade, a guerra é a mais hedionda pelas altas cargas de barbárie que revela. Remanescente do primarismo do homem na luta pela sobrevivência, impõe-se o instinto que busca segurança submetendo os mais fracos, exaurindo-lhes os recursos, enquanto
se locupleta sobre os despojos que aniquila.

Estimulado pela ganância da propriedade, arbitrariamente, o homem crê-se com permissão de vencer o próximo dando expansão à agressividade, quando se deveria impor a disciplina da superação dos males que nele mesmo residem, vitória que se torna imperiosa, para atribuir-se os requisitos de homem integral.

Confiando mais no seu “direito da força” do que no valor moral de que se deve investir, quando alcança conquistas técnicas logo lhe acorrem a aplicação da capacidade para desencadear conflitos externos, exteriorização natural dos múltiplos conflitos que lhe espocam nas torpes paisagens interiores(...)

A guerra, conforme demonstra a História, não tem ensinado as lições que seriam de esperar-se, exceto a
demonstração imediata da transitoriedade dos triunfos e das desgraças terrenos...(...)

A guerra, não obstante açodar os mais vis sentimentos de selvageria nos grandes grupos, inspira ao sacrifício da vida os que amam, proporcionando a manifestação nobilitante dos heróis da renúncia e da abnegação, que mergulham nos laboratórios de pesquisas e experiências a fim de encontrarem soluções para os problemas afligentes, produzindo revoluções novas na tecnologia em tempo recorde, considerando o estímulo para apressar o fim das animosidades e socorrer as vítimas inermes colhidas no fragor das batalhas ferozes...(...)

Embora necessário como aguilhão do homem, o mal é herança que um dia desaparecerá da Terra sob a inspiração e superior comando do bem.

Nessa ocasião, a Humanidade, da guerra somente conhecerá os informes dos museus, os documentários, que farão as gerações futuras lamentar os métodos da áspera escalada por onde transitaram seus pés nestes dias, fixando os estímulos para mais avançar, envergonhadas deste hoje que lhes será o passado truanesco...(...)

Nesses dias porvindouros terão, também, batido em retirada as calamidades morais — que são as basilares —, porquanto, de procedência da alma infeliz, atrasada, dão origem a todas as outras misérias, as que teimam no mundo em duelo incessante...

No amor e no conhecimento das “leis de causa e efeito”, haurirá o homem do porvir desde hoje a força moral e espiritual para a sua elevação, e, consequentemente, para a instalação do primado da paz, que se alongará pelos tempos sem fim.



Autora: Joanna de Ângelis
Do Livro: Após a Tempestade.

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