O Egoísmo

O Egoísmo
O Egoísmo
O egoísmo é irmão do orgulho e procede das mesmas causas.

É uma das mais terríveis doenças da alma, o maior obstáculo aos aperfeiçoamentos sociais. Por si só neutraliza, torna estéreis quase todos os esforços do homem para o bem. Assim, o combate deve ser a preocupação constante de todos os amigos do progresso, de todos os servidores da justiça.

O egoísmo é a persistência desse individualismo feroz que caracteriza o animal, como um vestígio desse estado de inferioridade que já experimentamos. Mas o homem é, antes de tudo, um ser social; destinado a viver com seus semelhantes e nada pode sem eles. Abandonado a si mesmo, seria impotente para satisfazer suas necessidades, desenvolver suas qualidades.

Depois de Deus, é à sociedade que deve todos os benefícios da existência, todas as vantagens da civilização. Dela desfruta; mas, precisamente esse gozo, essa participação nos frutos da obra comum, impõem-lhe o dever de cooperar na própria obra. Uma estreita solidariedade liga-o a essa sociedade; deve a ela, como ela lhe deve. Permanecer inativo, improdutivo, inútil, no meio do trabalho de todos, seria um ultraje à moral, quase um roubo; seria aproveitar-se dos labores de outrem, aceitar um em préstimo que se recusa a restituir.


Somos parte integrante da sociedade e tudo o que a atinge, atinge-nos. É nessa compreensão do laço social, da lei de Solidariedade, que se mede a dose de egoísmo que está em nós. Aquele que sabe viver nos seus semelhantes e pelos semelhantes não tem que temer os golpes desse flagelo. Possui um critério infalível para julgar sua conduta. Nada faz sem pesquisar, se aquilo que produz é bom ou mau para aqueles que o cercam, sem se perguntar se seus atos são nocivos ou proveitosos para essa sociedade da qual é membro. Se parecem vantajosos apenas para si e prejudiciais aos outros, sabe que, na realidade, eles são maus para todos e deles se abstém, escrupulosamente.

A avareza é uma das formas mais repugnantes do egoísmo. Mostra a baixeza da alma que, açambarcando riquezas utilizáveis para o bem comum, não sabe nem mesmo aproveitá-las. O avarento, na sua paixão pelo ouro, no seu desejo ardente de adquirir, empobrece seus semelhantes e torna-se, ele próprio, indigente, pois é novamente a pobreza, essa prosperidade aparente que acumula sem proveito para pessoa alguma: uma pobreza relativa, mas tão lastimável quanto a dos desgraçados e merece a reprovação de todos.



Autor: Léon Denis
Do livro: Depois da Morte

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