Se tivermos fé
Todos nós encontramos, de quando em vez, na jornada evolutiva, calamidades e contratempos que nos afetam a vida.
Conflitos do sentimento recrudesceram, agravando-nos aflições...
Enfermidades surgiram, suscitando obstáculos...
Desarmonias repontaram na equipe doméstica...
Empreendimentos promissores entraram em fracasso...
Prejuízos nos golpearam, de chofre...
Desapareceram amigos...
Nossas palavras terão tido interpretação infeliz, granjeando- nos adversários gratuitos...
Religião
Pergunta-se, às vezes, se a religião é necessária. A religião, bem compreendida, deveria ser um laço unindo os homens entre si e unindo-os através de um mesmo pensamento ao princípio superior das coisas.
Há na alma um sentimento natural que a leva em direção a um ideal de perfeição no qual se identifica o Bem e a Justiça. Se ela fosse esclarecida pela Ciência, fortificada pela razão, apoiada na liberdade de consciência, esse sentimento, o mais nobre que se pode experimentar, tornar-se-ia o móvel de grandes e generosas ações; mas embaciado, falseado, materializado, tornou-se muito frequentemente um instrumento de dominação egoísta, pelos cuidados da teocracia.
Reencarnação
O princípio da reencarnação é uma consequência fatal da lei do progresso. Sem a reencarnação, como explicar a diferença que existe entre o estado social de hoje e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos. Acrescente-se que não há entre elas nenhuma conexão, nenhuma relação necessária, e que elas são completamente independentes umas das outras. Por que, então, as almas de hoje seriam melhor dotadas por Deus do que as suas precedentes? Por que compreendem melhor? Por que possuem instintos mais apurados, costumes mais brandos? Por que têm a intuição de certas coisas, sem que as tenham aprendido? Duvidamos que se possa sair desse raciocínio, a menos que se admita que Deus cria almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e os lugares, proposição inconciliável com a ideia de uma justiça soberana.
Papel dos Médiuns
Nada de grande se adquire sem esforço. Uma lenta e laboriosa iniciação é imposta àqueles que procuram os bens superiores. Como todas as coisas, a formação e o exercício da mediunidade encontram dificuldades já assinaladas muitas vezes; parece-nos necessário aí retornar e insistir, afim de colocar os médiuns sem guarda contra as falsas interpretações, contra as causas de erro e de desencorajamento.
Logo que as faculdades do sujet, secundadas por um trabalho preparatório, começam a dar resultados, é quase sempre por meio de relações estabelecidas com os elementos inferiores do mundo invisível.
Uma multidão de espíritos nos cerca, sempre ávidos de se comunicarem com os humanos. Essa multidão é, sobretudo, composta de almas pouco adiantadas, de espíritos levianos, às vezes maus, que a densidade de seus fluidos retém acorrentados ao nosso mundo. As inteligências elevadas, de fluidos sutis, de aspirações puras, não permanecem confinadas na nossa atmosfera após a separação carnal. Elas sobem mais alto, em direção aos meios que seu grau de adiantamento lhes assinala. Frequentemente, elas descem novamente, é verdade, para velar sobre os seres amados; misturam-se a nós, mas apenas para um fi m útil e em casos importantes.
O Universo e Deus
Na hora em que o silêncio e a noite se estendem sobre a Terra, quando tudo repousa nas moradas humanas, se dirigimos nosso olhar para o infinito dos céus, nós o veremos entremeado de luzes inumeráveis. Astros radiosos, sóis resplandecentes, seguidos pelos seus cortejos de planetas, evolvem aos milhares nas profundezas. Até as regiões mais recuadas, grupos estelares se desdobram como lenços luminosos. Em vão o telescópio sonda os céus, em parte alguma ele encontra limites para o Universo; em toda parte os mundos se sucedem aos mundos, os sóis aos sóis; em toda a parte legiões de astros se multiplicam a ponto de se confundir numa brilhante poeira nos abismos sem fim do Espaço.
O livro base
“Com muita propriedade, afirmou Allan Kardec que os espíritos elevados se ligam de preferência aos que procuram instruir-se.”
Emmanuel
O Livro dos Médiuns constitui a base do aprendizado espírita, no que toca, especificamente, ao problema mediúnico.
Evidentemente, a espiritualidade superior, com Emmanuel e André Luiz de modo especial, tem realizado, em nossos dias, notável trabalho de desenvolvimento de tudo quanto nele foi apresentado, por tratado experimental, assim como companheiros encarnados têm dado sua cota de participação em torno do palpitante tema “mediunidade”.
Todavia, a exemplo do que acontece com os demais livros da Codificação Kardequiana, especialmente os que formam o “Pentateuco-Luz”, O Livro dos Médiuns é obra indispensável nas instituições espíritas e junto aos irmãos encarregados de tarefas expositivas.
No princípio e agora também
“No princípio, como se ignorasse a causa do fenômeno, se havia indicado várias precauções, depois reconhecidas como absolutamente inúteis; tal é, por exemplo, a alternância dos sexos; tal é, ainda, o contato dos dedos mínimos das diferentes pessoas, de maneira a formar uma cadeia não interrompida.” (Cap. II – Segunda Parte – item 62.)
Não apenas no princípio, mas igualmente nos tempos atuais, a falta de esclarecimento de seus próprios seguidores tem sido o maior entrave à propagação da Doutrina.
Muitos confrades veem no Espiritismo uma doutrina de “uso” pessoal e querem tocá-la ao seu modo. Consideram-se “donos” de centros espíritas, isolam-se dos demais grupos, criticam o movimento unificador e, se médiuns, não admitem qualquer tipo de “concorrência” em seu campo de trabalho.
Lutas da fé
Nos transes inevitáveis da evolução humana, há muita gente que unicamente cultiva a posse de uma fé convencional, no encapelado oceano das provações terrestres.
Rede que balançasse o coração entre palmeiras farfalhantes...
Barco que vagasse ao sopro da brisa...
Recanto de vale verde à frente do céu azul...
Jardim cujo aroma exercesse a função de brando anestésico...
Entretanto, a construção da fé verdadeira encontra gigantescas batalhas nas províncias do coração.
Homossexualidade
Pergunta: Quando errante, que prefere o espírito: encarnar no corpo de um homem ou no de uma mulher? Resposta: Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.
Item 202, de O Livro dos Espíritos.
A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos da Ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível à luz da reencarnação.
Fenômenos
Ateus diversos pedem fenômenos que os constranjam a crer na evidência do mundo espiritual; no entanto, é forçoso convir que, se fenômenos ajudam convicções, não alteram disposições.
Nesse sentido, é justo assinalar que o espírito encarnado sobre a Terra reside transitoriamente num corpo em cuja intimidade se processam transcendentes fenômenos anímicos, que ele, de modo geral, não procura auscultar ou compreender.
Para sustentar-se, tem o coração por bomba vigorosa e infatigável, pulsando cerca de setenta a oitenta vezes por minuto, mas levanta-se e age, à custa desse apoio, sem nada perguntar a si mesmo, quanto a isso.
Fé, esperança e amor
Se tens fé, guardarás contigo a esperança e quem recolhe a esperança traz o coração a transfundir-se em amor...
Observa a fé inspirando o trabalho digno em todos os círculos da luta que te rodeia...
Confiante, o lavrador arremessa ao seio da terra a semente humilde que lhe garantirá o celeiro, mas para que a colheita lhe responda ao trabalho, conserva os dons da esperança e do amor, valendo-se do solo enlameado de chuva encharcante, da canícula abrasadora e do suor que lhe exaure as energias...
Seguro de si, o construtor planeja a construção da casa nobre, traçando-lhe as linhas essenciais, contudo, para concretizar o projeto, espera e ama, utilizando-se do martelo e da picareta, do barro e da pedra.
Fé e coragem
Proclamar as próprias convicções, notadamente diante das criaturas que se nos façam adversas, é coragem da fé, no entanto, semelhante afirmação de valor não se restringe a isso.
O assunto apresenta outra face não menos importante: o desassombro da tolerância pelo qual venhamos a aceitar os outros como os outros são sem recusar-lhes auxílio.
Cunhar pontos de vista e veiculá-los claramente é sinal de espontaneidade e franqueza, marcando alma nobre.
Encarnação dos espíritos
Quando os espíritos alcançam em um mundo a soma de progresso que o estado desse mundo comporta, eles o deixam para ir encarnar em um outro mais adiantado, onde adquirem novos conhecimentos, e assim, sucessivamente, até que, a encarnação em um corpo material não lhes sendo mais útil, passam a viver exclusivamente a vida espiritual, na qual continuam a progredir em um outro sentido e por outros meios. Quando chegam ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema felicidade; admitidos nos conselhos do Onipotente, conhecem seus pensamentos e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos no governo dos mundos, tendo sob suas ordens os espíritos em diferentes graus de adiantamento.
Alcancemos a luz
“A fé transporta montanhas” — afirmou o Divino Mestre.
Em nossa condição de emparedados no vale sombrio das próprias dívidas, à frente da Lei, não nos detenhamos na feição exterior do ensinamento e, sim, apliquemos a beleza do símbolo, ao nosso próprio mundo interno.
Antigos prisioneiros do cárcere de reiteradas defecções espirituais, sentimo-nos cercados por pesadas colunas de treva a enceguecer-nos a visão.
Montanhas empedradas de revolta e indisciplina, inclinam-nos para os despenhadeiros do sofrimento.
Montanhas espinhosas de negligência e ociosidade, ameaçam-nos com os precipícios da negação e da dúvida.
Montanhas de leviandade e insensatez, induzem-nos a cair nos desvãos do tempo perdido.
Montanhas de débitos e aflições que formamos com os resíduos dos próprios erros, no curso dos milênios incessantes, desviam-nos o espírito para a inutilidade e para a morte.
A serviço do Cristo
“Compreendemos que os espíritos superiores não se ocupam de coisas que estão abaixo deles; mas, perguntamos se, em razão de serem mais desmaterializados, teriam a força de fazê-lo, se tivessem disso vontade?
“Eles têm a força moral como os outros têm a força física; quando têm necessidade dessa força, servem-se daqueles que a possuem. Não vos foi dito que se servem dos espíritos inferiores como fazeis com os carregadores?” (Cap. IV – Segunda Parte – item 74.)
O trabalho da construção do reino divino na Terra permanece sob a orientação de Jesus Cristo, o governador espiritual do orbe que nos serve de moradia entre as múltiplas moradas da Casa do Pai.
Conforme espíritos superiores nos têm dito — também a nós, os companheiros desencarnados domiciliados nas regiões próximas ao planeta —, Jesus tomou a Terra sob a sua responsabilidade desde quando ela desprendeu-se da nebulosa solar... Foi ele que orientou e que orienta, de Mais Alto, todas as iniciativas que objetivam o progresso da Humanidade.
A redenção da criança
Quando celebrarmos o dia das crianças, levando-lhes guloseimas e brinquedos, roupas e distrações, recordemos, com fé, a necessidade de repetirmos com o Mestre, inflamados de terno amor: “Deixai vir a mim os pequeninos. Deles é o reino dos céus.”
Certamente, todos se voltam para a criança, como cidadã do futuro, amparando-lhe a saúde e encaminhando-a aos bancos escolares para que se torne criatura educada e instruída, sonho de todos os pais, sonho dos adolescentes.
Todavia, para nós outros, é preciso também guiar-lhe os passos nas sendas do amor, ofertando-lhe a verdade crística, solicitando sua atenção para as sempiternas luzes.
Hoje, regressam ao mundo espíritos que, mais evoluídos, buscam os recursos do Cristianismo Redivivo para vencerem as lutas e os débitos do passado. Evoluídos nas ciências terrestres, adaptados à instrução que se lhes apresenta em formosos programas, necessitam, porém, da Luz Divina, da ciência do espírito.
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